Operação investiga empresas para rastrear uso de metanol em bebidas

Uma operação deflagrada nesta quinta-feira (16) em cinco estados brasileiros fiscaliza 24 empresas atuantes no setor sucroalcooleiro para tentar rastrear o uso de metanol em bebidas alcoólicas. Chamada de Operação Alquimia, a ação é realizada por uma força-tarefa que reúne agentes da Polícia Federal, da Receita Federal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Além das empresas do setor sucroalcooleiro, a operação teve como alvos importadores e distribuidores de metanol, nos estados de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A ação é um desdobramento das operações Boyle, que apurou possíveis casos de adulteração de combustíveis por meio da utilização de metanol, e Carbono Oculto, que revelou um esquema que consistia na compra de metanol importado por empresas químicas regulares, que o repassavam a empresas de fachada. As duas operações revelaram a participação de organizações criminosas em um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Operação Alquimia fiscaliza empresas atuantes no setor sucroalcooleiro – Foto: PF/Divulgação De acordo com a Receita Federal, há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, podendo oferecer um alto risco à saúde pública. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Segundo a Polícia Federal, o objetivo da ação é coletar e analisar amostras dos produtos fabricados nessas unidades e atestar a regularidade de suas composições químicas. “Todo resultado servirá de subsídio para a instrução de investigações conduzidas pela Polícia Federal a respeito dos eventos de desvio e contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, desde o início de setembro deste ano”, disse o órgão. A Receita Federal informou que as empresas selecionadas para a coleta de elementos e amostras foram escolhidas “com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular”. Entre os alvos da operação estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas. Ao todo, 80 policiais e 70 servidores dos demais órgãos participaram das ações, nas seguintes cidades: Mato Grosso: Várzea Grande Mato Grosso do Sul: Caarapó, Campo Grande e Dourados Paraná: Araucária, Colombo e Paranaguá Santa Catarina: Cocal do Sul São Paulo: Araçariguama, Arujá, Avaré, Cerqueira César, Cotia, Guarulhos, Jandira, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital, Sumaré e Suzano Riscos do metanol e impacto econômico De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em bebidas alcoólicas, o metanol deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Por ser uma substância altamente tóxica, mesmo o percentual máximo de 0,5% permitido em combustíveis já seria suficiente para causar graves danos à saúde. Por esse motivo, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas. Segundo o Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), os prejuízos do setor de bebidas alcoólicas e a sonegação de tributos decorrentes de práticas de adulteração, falsificação, produção e contrabando de bebidas chegam a R$ 85,2 bilhões. Fonte
Bares e fabricantes treinam empresas para identificar bebidas falsas

Associações representativas de bares, restaurantes, de fabricantes e importadores de bebidas destiladas estão treinando gratuitamente donos e funcionários dos estabelecimentos oferecendo orientações sobre como identificar bebidas falsificadas ou adulteradas. Ministrados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), os cursos detalham como identificar sinais de falsificação em garrafas, tampas, rótulos e líquidos. Segundo as entidades, a análise deve começar pela tampa, considerada o principal ponto de segurança dos produtos: tampas originais apresentam acabamento preciso, sem amassamentos ou espaçamentos e com arte impressa de alta qualidade. A presença de lacres plásticos sobrepostos a tampas decoradas é um forte indicativo de adulteração, segundo as associações. Outro ponto de atenção é o selo fiscal, obrigatório em bebidas destiladas importadas. Produzido pela Casa da Moeda do Brasil, o selo autêntico possui holografia que revela apenas uma letra por vez – R, F ou B. Se todas as letras forem visíveis simultaneamente, há a possibilidade de o selo ser falsificado. Segundo as associações, garrafas da mesma marca devem ter o mesmo nível de enchimento e líquidos translúcidos, sem impurezas. Diferenças de coloração entre as unidades podem indicar falsificação. As entidades ressaltam que produtos legítimos apresentam impressão de alta qualidade, com informações obrigatórias em português, como ingredientes, origem e número de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Erros de grafia são considerados sinais claros de falsificação. Cuidados “O treinamento alerta para os riscos legais e sociais do mercado ilegal. Estabelecimentos que compram de canais informais ou deixam de exercer cautela na aquisição de bebidas podem ser responsabilizados criminalmente”, dizem as associações, em nota. O curso orienta ainda sobre o descarte correto das garrafas vazias. Para as entidades, 100% das bebidas falsificadas identificadas em operações policiais foram envasadas em garrafas originais reutilizadas. “A expansão desse mercado [informal] no Brasil não apenas coloca em risco a saúde da população. Um produto ilegal é vendido, em média, 35% mais barato do que o original. A diferença pode chegar a até 48%, resultado da alta carga tributária do setor e da impunidade, que estão entre os principais fatores que estimulam o comércio ilícito”, disse o presidente da ABBD, Eduardo Cidade. Segundo levantamento, feito em abril, pelo Núcleo de Pesquisas e Estatísticas da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP), 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas. “Orientamos as empresas a redobrar a atenção nas compras: verificar sempre a procedência dos produtos, adquirir apenas de fornecedores conhecidos e exigir a nota fiscal. Sempre que possível, recomenda-se checar a autenticidade da nota junto à Receita Federal para evitar o risco de utilização de notas frias”, disse a federação, em nota. A entidade ressaltou que o cuidado deve ser intensificado em festas realizadas fora dos ambientes controlados, em locais sem alvará e sem fiscalização. “Nesses locais, a presença de bebidas falsificadas e perigosas é ainda mais recorrente, colocando a saúde dos consumidores em risco extremo”. Medo altera hábitos Os casos de contaminação de bebidas alcoólicas com metanol no estado de São Paulo têm alterado os encontros sociais na capital paulista. O garçom Marcílio Eduardo Ferreira da Silva Júnior disse que poderá ter de suspender a festa de aniversário, que realizaria um bar no centro da capital paulista. “Sábado agora é meu aniversário e eu iria fazer [a comemoração] aqui no bar. Mas diante dessas coisas que estão acontecendo, de bebidas adulteradas, estou pensando em não fazer. É triste, estou com medo, gosto de beber gin, gosto de beber whisky, mas acho que não vai ter”, assegura. Rafael Douglas Martins, funcionário de um bar em Santa Cecília, bairro da zona Oeste de São Paulo, conta que caiu o consumo de bebidas destiladas durante a semana. E a partir desta quinta-feira (2), o próprio bar decidiu parar de vendê-las por precaução. O retorno das vendas ocorrerá apenas depois que a situação se normalizar. “Hoje a gente suspendeu as vendas por uma questão mais de segurança, tanto do cliente como nossa também. Não estamos vendendo destilados, que é o whisky, o gin, e até mesmo caipirinha e vodca”, disse. Martins ressalta que a decisão de parar de vender ocorreu mesmo tendo fornecedores confiáveis. “São confiáveis, temos nota, tudo certinho. É sempre o mesmo fornecedor desde sempre”, finaliza. *Colaborou a TV Brasil Economia Gov BR
Número de empresas industriais que usam IA cresce 163% em dois anos

Em dois anos, o número de empresas com atuação na área industrial que utilizam a tecnologia de inteligência artificial (IA) mais que dobrou e apresentou um salto de 163%. A quantidade passou de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024. No primeiro semestre do ano passado, 41,9% das empresas industriais pesquisadas faziam uso da IA, enquanto essa marca era de 16,9% dois anos antes. A constatação está na Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), divulgada nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento foi feito com uma amostra de 1.731 empresas da área industrial, em um universo de 10.167 companhias com 100 ou mais empregados. O levantamento foi financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), uma organização brasileira sem fins lucrativos. O estudo teve apoio técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio José Marques Peixoto, associa o avanço da IA ao maior uso das chamadas IAs generativas. “Aquelas que criam conteúdos, texto, imagens”, diz. Ele contextualiza que, entre as duas pesquisas, houve o lançamento, em novembro de 2022, e a difusão, em 2023, do ChatGPT, software de IA que simula conversas e cria conteúdos. “Eu diria que está relacionado com esse aumento maior, dessa disponibilidade”, assinala. Flávio Peixoto lista uma série de outras formas de inteligência artificial que ganharam espaço nas empresas industriais, como mineração de dados, reconhecimento de fala, reconhecimento de processo de imagem, geração de linguagem natural (GLN), o aprendizado de máquina (machine learning), a automatização de processos e fluxos de trabalho. “Uma que é particularmente interessante na indústria é a manutenção preditiva, uso de IA dentro do sistema de produção, na movimentação física de máquinas, tomada de decisões, meio que de forma autônoma”, descreve. Perfil das empresas O IBGE identificou que o uso da IA se torna mais comum à medida que aumenta o tamanho da empresa. Nos negócios com 500 ou mais empregados, 57,5% das empresas utilizam IA, superando a marca das companhias de 250 a 499 funcionários (42,5%) e das com 100 até 249 trabalhadores (36,1%). Dentro das empresas, as áreas que mais utilizavam IA eram administração (87,9%) e comercialização (75,2%). O IBGE mapeou as áreas de atividades nas quais a IA é mais presente. No topo do ranking figuram: Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: 72,3% usam Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 59,3% Produtos químicos: 58% Dos 25 ramos pesquisados, os três com menos uso de IA são: Fumo: 22,9% das empresas utilizam Couro: 20,7% Manutenção, reparação e instalação de mecanismos e equipamentos: 19,2% Tecnologias digitais avançadas O estudo revela que 89% das empresas industriais (9.054) utilizam alguma tecnologia digital avançada. Além da IA, o IBGE levantou a aderência das empresas a cinco outras tecnologias avançadas. Todas tiveram penetração maior que a IA e apenas duas são utilizadas por mais da metade das empresas: Computação em nuvem (serviço pago): 77,2% Internet das coisas: 50,3% Robótica: 30,5% Análise de big data (software para coletar, processar e analisar megadados): 27,8% manufatura aditiva (impressora 3D): 20,3% IA: 41,9% Os setores com maior e menor uso de tecnologia digital foram: 1º) Outros equipamentos de transporte: 98,3%2º) Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 97%3º) Impressão e reprodução de gravações: 96%23º) Fumo: 77,8%24º) Madeira: 76,2%25º) Celulose, papel e produtos de papel: 73,5%Total da Indústria: 89,1% Os pesquisadores conseguiram mapear que 20,8% das empresas faziam uso de apenas uma tecnologia digital avançada, enquanto 27,3% usavam duas. Apenas 5% das companhias conjugavam as seis tecnologias. A mais utilizada pelos negócios que usavam apenas uma tecnologia era a computação em nuvem, com 64,5% das companhias. Benefícios atingidos A Pintec buscou saber dos empresários quais foram os benefícios atingidos com o uso de tecnologias digitais. Nove em cada dez empresas citaram aumento de eficiência, e menos da metade listou entrada em novo mercado. Aumento da eficiência: 90,3% Maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais: 89,5% Melhoria no relacionamento com clientes e/ou fornecedores: 85,6% Maior eficácia no atendimento ao mercado: 82,9% Maior capacidade de desenvolvimento de produtos ou serviços novos: 74,7% Redução do impacto ambiental: 74,1% Entrada em novos mercados: 43,8% Outros: 1,5% Motivação Ao investigar o que motivou as empresas a aderir às tecnologias, o IBGE notou que 88,6% delas responderam ser decisão estratégica autônoma. Para 62,6%, o motivo foi influência de fornecedores e/ou clientes. Praticamente a metade delas (51,9%) listou influência da concorrência, enquanto 28% apontaram a atratividade de programas de apoio, sejam públicos ou privados. Apesar do aumento da atratividade de programas de incentivo (em 2022, era resposta de 26%), “poucas empresas (9,1%) se beneficiaram de programas de apoio público”, frisou o IBGE. Questão de sobrevivência Para o analista Flávio Peixoto, o resultado é um indicativo que, mais do que ganhar novos mercados, a aderência das empresas às tecnologias digitais avançadas é uma necessidade de sobrevivência no ambiente onde já atuam. “Quando se tem, muitas vezes, essa própria demanda dos fornecedores e dos clientes para você migrar, passar a utilizar certos tipos de tecnologias que se integrem, principalmente na logística, no processo de suprimento dessa cadeia, ou a empresa faz esse movimento ou vai ser excluída, não vai fazer parte mais dessa cadeia”, avalia. O pesquisador cita o exemplo da indústria automobilística. “O cliente faz um pedido na ponta, isso reflete em toda cadeia, mas isso só acontece se as tecnologias realmente estão sendo utilizadas de forma mais integrada”, diz. Custo e mão de obra No universo das empresas industriais que utilizam tecnologias digitais avançadas, 78,6% delas informaram aos pesquisadores que os altos custos das soluções tecnológicas dificultaram a adoção. Já a falta de pessoal qualificado foi informada por 54,2%. Entre as empresas que não utilizam as tecnologias, o principal fator impeditivo foram também os altos custos, apontado por 74,3% das companhias. A falta de pessoal qualificado foi também a segunda justificativa mais apontada (60,6%). Menos teletrabalho Os pesquisadores do IBGE identificaram que, em dois anos, caiu o percentual de empresas ligadas a atividades industriais que adotavam o teletrabalho. Em 2022, 47,8% das companhias tinham o regime de
BNDES aprova R$ 1,2 bi para empresas afetadas pelo tarifaço

Em dois dias após a abertura para pedidos, o plano Brasil Soberano aprovou R$ 1,2 bilhão em financiamento para empresas afetadas pelo tarifaço americano. O plano de socorro a empresas exportadoras prevê um total de R$ 40 bilhões em crédito para negócios afetados pela barreira comercial que aplica taxas de até 50% às exportações brasileiras. O balanço de pedido e aprovação foi divulgado na noite de sexta-feira (19) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), banco de fomento do governo federal. No período, o total de pedidos de 533 empresas chegou a R$ 3,1 bilhão. Ou seja, 1,9 bilhão anda estão em análise. O total de R$ 40 bilhões do Brasil Soberano inclui R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões de recursos do próprio BNDES. Os recursos são emprestados a juros subsidiados, ou seja, mais baixo do que cobram os demais bancos. Uma das contrapartidas das empresas que se habilitam a receber os empréstimos é não realizar demissões. Os financiamentos são para linhas de capital de giro (contas do dia a dia, como salário e pagamento de fornecedores), investimentos em adaptação da atividade produtiva, compra de máquinas e equipamentos e busca de novos mercados. Quem pediu empréstimo Na quinta e na sexta-feira, foram realizadas 75 operações de crédito, todas na linha destinada a capital de giro. Nos primeiros dias de aprovação, 84,1% dos recursos aprovados foram empresas da indústria de transformação (seguimento que transforma matéria-prima em um produto final ou intermediário, que vai ser novamente modificado por outra indústria). Em seguida aparecem agropecuária (6,1%), comércio e serviços (5,7%) e indústria extrativa (4,2%). Quase um terço do valor total aprovado (30%) foi solicitado por pequenas e médias empresas. Ao todal, 2.236 empresas acessaram o sistema do BNDES para fazer consultas no Brasil Soberano, sendo 533 elegíveis, isto é, com pelo menos 5% do faturamento bruto total, no período de julho de 2024 a julho de 2025, composto por produto na lista de tarifação. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, aponta agilidade na aprovação de recursos e atribui isso ao compromisso do banco e 50 instituições financeiras parceiras. “Nosso objetivo é proteger os empregos e fortalecer as empresas e a economia, inclusive estimulando a participação em novos mercados”, diz. Dos valores ainda em análise, R$ 1,7 bilhão são referentes à linha destinada à busca de novos mercados. Como acessar O primeiro passo para acessar os recursos é consultar se a empresa é elegível para o plano de socorro. A consulta pode ser feita no site do BNDES. Os interessados precisarão se autenticar utilizando a plataforma GOV.BR, exclusivamente por meio do certificado digital da empresa. Caso o sistema indique que a empresa é apta ao crédito, a recomendação é entrar em contato com o banco com o qual já tem relacionamento. Grandes empresas podem procurar diretamente o BNDES. Efeitos do tarifaço Um levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), entidade sem fins lucrativos que representa empresas que atuam no comércio entre os dois países, estima que as exportações de produtos afetados pelo tarifaço americano caíram 22,4% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o tarifaço de 50% incide em cerca de um terço (35,9%) das exportações brasileiras para os Estados Unidos. O governo de Donald Trump assinou uma ordem executiva que estipulou a cobrança de taxas de até 50% a partir de 6 de agosto, mas deixou cerca de 700 produtos em uma lista de exceções. Entre eles estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo motores, peças e componentes. Também ficaram de fora produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos. >> Confira a lista de quase 700 produtos que não serão taxados pelos EUA Trump alega que os americanos têm déficit comercial (compram mais do que vendem) com o Brasil – o que é desmentido por números oficiais de ambos os países. O presidente americano usou como justificativa o tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que considera ser perseguido. Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, em julgamento que terminou na semana passada. Economia Gov BR
Empresas afetadas por tarifaço podem pedir crédito do Brasil Soberano

Empresas exportadoras afetadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já podem se habilitar a receber recursos do plano Brasil Soberano, que chegam a R$ 40 bilhões. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (18) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), banco de fomento ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Ao todo, exportadoras que sofrem com a barreira comercial imposta pelos Estados Unidos terão acesso a R$ 40 bilhões com juros subsidiados: R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) R$ 10 bilhões de recursos do próprio BNDES. Os recursos são para financiamentos de capital de giro (contas do dia a dia, como salário e pagamento de fornecedores), investimentos em adaptação da atividade produtiva, compra de máquinas e equipamentos e busca de novos mercados. Ajuda a exportadores O plano Brasil Soberano foi lançado em 13 de agosto e consiste em ajuda do governo, com empréstimos para empresas que exportam para os Estados Unidos produtos que entraram na lista de taxação de até 50%. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, frisa que a concessão do crédito é condicionada à manutenção de empregos por parte dos empresários. “O BNDES vai socorrer todas as empresas, e a contrapartida é manter os empregos para a economia continuar crescendo, e o país não ser prejudicado por essas medidas autoritárias, unilaterais e injustificadas.” O movimento de ajuda é semelhante ao que o banco de fomento operou em 2024, após os temporais que alagaram grande parte do Rio Grande do Sul. Na ocasião, o banco contribuiu com R$ 29 bilhões. Quem pode acessar Poderão acessar a parte dos R$ 30 bilhões empresas de todos os portes e com pelo menos 5% do faturamento bruto total, no período de julho de 2024 a julho de 2025, composto por produto na lista de tarifação. Já os R$ 10 bilhões em recursos do BNDES podem ser acessados por empresas com qualquer nível de impacto no faturamento bruto. Como acessar O primeiro passo para acessar os recursos é consultar se a empresa é elegível para o plano de socorro. A consulta pode ser feita no site do BNDES. Os interessados precisarão se autenticar utilizando a plataforma GOV.BR, exclusivamente por meio do certificado digital da empresa. Caso o sistema indique que a empresa é apta ao crédito, a recomendação é entrar em contato com o banco com o qual já tem relacionamento. Grandes empresas podem procurar diretamente o BNDES. Efeitos do tarifaço Um levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), entidade sem fins lucrativos que representa empresas que atuam no comércio entre os dois países, estima que as exportações de produtos afetados pelo tarifaço americano caíram 22,4% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o tarifaço de 50% incide em cerca de um terço (35,9%) das exportações brasileiras para os Estados Unidos. O governo de Donald Trump assinou uma ordem executiva que estipulou a cobrança de taxas de até 50% a partir de 6 de agosto, mas deixou cerca de 700 produtos em uma lista de exceções. Entre eles estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo motores, peças e componentes. Também ficaram de fora produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos. >> Confira a lista de quase 700 produtos que não serão taxados pelos EUA Trump alega que os americanos têm déficit comercial (compram mais do que vendem) com o Brasil – o que é desmentido por números oficiais de ambos os países. O presidente americano usou como justificativa o tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que considera ser perseguido. Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, em julgamento que terminou na semana passada. Economia Gov BR
Maior adesão de empresas é desafio para expansão do open finance

Pagar um café por Pix sem a necessidade de abrir o aplicativo do banco, aproximando o celular da maquininha. A operação hoje pode parecer corriqueira, mas o Pix por aproximação, lançado em fevereiro, exigiu não apenas o desenvolvimento de tecnologias. A associação da conta do Pix à carteira virtual do celular envolveu troca confiável de informações entre comércio, bancos e a administradora da máquina. O compartilhamento de dados entre instituições financeiras de todos os tipos é o conceito central por trás do open finance, que completou cinco anos na semana passada. Em todos os casos, cabe ao usuário autorizar a utilização das informações pessoais por terceiros, podendo cancelá-la quando quiser. Tudo regulado pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O open finance está mais presentes na vida do correntista do que aparenta. O sistema foi essencial para o desenvolvimento do Pix automático, lançado em junho, modalidade que substituirá o boleto bancário. Para autorizar a cobrança periódica por empresas, basta o correntista entrar no aplicativo do banco uma única vez e consentir o acesso a seus dados financeiros. O mesmo ocorre com a consulta dos saldos de contas em diversas instituições numa mesma tela. Ou com a oferta de operações de crédito com juros mais baixos a bons pagadores, com o open finance aumentando a taxa de aprovação dos tomadores de crédito em até 30%. Desde abril de 2023, as instituições podem compartilhar dados sobre investimentos, câmbio, seguros, previdência privada, capitalização e credenciamento. Obstáculos Segundo a Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init), a expansão do open finance enfrenta dois principais gargalos. O primeiro é o aumento no sucesso da taxa de conversão dos pagamentos. Atualmente, segundo a entidade, de 50% a 60% das operações feitas pelo open finance não apresentam erros. “O desafio é elevar essa taxa para 99,5%, como ocorre com os cartões de crédito e débito”, diz Gustavo Lino, diretor executivo da Init. Apesar dos problemas de erro ou de transações que não conseguem ser completadas, Lino diz que o open finance tem se revelado mais seguro que as transações com cartões bancários. “A segurança das transações no open finance é excelente. Os casos de fraude e golpes são ínfimos”, ressalta. Lino cita o Pix por aproximação, em que o cliente pode conferir, na tela do celular, o valor digitado pelo comerciante antes de aproximar o aparelho. Nos cartões de crédito e débito por aproximação, o valor precisa ser conferido na máquina do estabelecimento. As iniciadoras de pagamentos são empresas autorizadas pelo BC a iniciar transações sem deter recursos das contas envolvidas. Elas facilitam a comunicação entre instituições financeiras e possibilitam aos usuários realizar pagamentos e transferências sem acessar diretamente o aplicativo da instituição financeira. Pessoas jurídicas Outro gargalo está na adesão das empresas ao compartilhamento de dados. Segundo a Associação Open Finance Brasil (AOF), entidade privada que reúne os tipos de empresas do setor e participa das discussões com o BC, houve, em 2024, 40,8 milhões de consentimentos de pessoas físicas como receptores e 37,6 milhões como transmissores de dados. Cada indivíduo pode fazer mais de um consentimento. Entre as pessoas jurídicas, o número é bem menor: 403,2 mil consentimentos de empresas como receptoras de dados e 406,7 mil como transmissoras. Segundo o diretor-presidente da Init, Jonatas Giovinazzo, os entraves para a adesão das empresas ao open finance são burocráticos e tecnológicos. “Há empresas com mais de 200 contas bancárias e com duas ou três maquininhas em cada filial. Os pagamentos precisam vir identificados pelo open finance da mesma forma que no internet banking [site do banco] para serem lançados na contabilidade. Também existe uma discussão sobre qual dia devem ser lançadas no extrato as transações em fins de semana e se o consentimento deve ser dado por funcionários ou por sócios da empresa”, explica Giovinazzo. Pix em lotes Na semana passada, a Init participou da reunião da Associação Open Finance, no Banco Central, que celebrou os cinco anos do compartilhamento de dados e discutiu melhoras no sistema. Uma das discussões é o processamento dos Pix das empresas em lotes que agreguem várias contas bancárias, para facilitar a adesão de médias e grandes empresas. “Por uma questão de segurança, as instituições financeiras travam o Pix quando há várias transações por segundo, como ocorre com grandes empresas. O processamento em lotes ajudaria a superar esse gargalo”, diz Giovinazzo. Apesar dos obstáculos, Gustavo Lino destaca as vantagens da adesão das empresas ao open finance. “Para a pequena e a média empresa, esse sistema vem em boa hora. Porque elas ganham poder de barganha para crédito com bancos e diminuem as dificuldades de oferecer garantias. No futuro, a maior parte do volume financeiro do open finance virá de pessoas jurídicas, que movimentam mais recursos que as pessoas físicas”, avalia. Novidades Em fevereiro de 2026, o Banco Central pretende dar um passo além e lançar a portabilidade de crédito por meio do open finance, com o correntista usando o compartilhamento de dados para poder transferir operações de crédito entre bancos. Caso não haja atrasos, a portabilidade será estendida ao crédito consignado. Atualmente, a portabilidade desse tipo de crédito só é possível no caso de trabalhadores da iniciativa privada por meio do aplicativo do próprio banco e, até novembro, estará disponível no aplicativo Carteira de Trabalho Digital. Com o open finance, o processo pode ser feito fora da plataforma Crédito do Trabalhador. Economia Gov BR
CMN ajusta regulamentação de crédito a empresas afetadas por tarifaço

O Conselho Monetário Nacional (CMN) ajustou uma resolução editada na última sexta-feira (22) para esclarecer a regulamentação das linhas de crédito a empresas afetadas pelo tarifaço do governo dos Estados Unidos. As mudanças de redação, informou o Ministério da Fazenda, em Brasília, pretendem diminuir dúvidas jurídicas e aumentar a precisão do texto. “As mudanças aprovadas têm caráter redacional e buscam conferir maior clareza normativa e segurança jurídica às regras trazidas pela Resolução nº 5.242, sem alterar o mérito da política pública”, informou o ministério, em nota. A primeira mudança, no segundo artigo, troca a expressão “Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM)”, tipo de código tarifário, por “produtos”. Segundo a Fazenda, a nova redação permitirá identificar com mais precisão as empresas efetivamente afetadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, igualando a redação à portaria conjunta editada pelos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços na sexta-feira (22). Punições A segunda mudança deixa explícitas, no terceiro artigo, as punições no eventual descumprimento de obrigações dos tomadores de crédito, que incluem a manutenção de empregos. O texto esclarece que as penalidades incidem de forma adicional aos encargos financeiros, não em substituição a eles. “Com esses aperfeiçoamentos, o CMN reforça a efetividade da norma e assegura que as linhas emergenciais cumpram seu objetivo: prover liquidez e garantir a continuidade das atividades das empresas brasileiras expostas ao choque tarifário externo, preservando empregos e a capacidade produtiva nacional”, informou o Ministério da Fazenda. Presidido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o CMN também é composto pelo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Economia Gov BR
Tarifaço: BNDES vai “entrar forte” no apoio a empresas, diz Mercadante

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira (21) que o banco está pronto para oferecer crédito de forma rápida e eficiente às empresas atingidas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Nós estamos concluindo o programa de crédito emergencial para socorro às empresas que foram impactadas” disse, ao acrescentar: “Em breve nós vamos entrar muito forte no apoio às empresas”. A oferta faz parte do Plano Brasil Soberano, que prevê um conjunto de medidas para socorrer empresas prejudicadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, que podem chegar a 50%. O plano de apoio prevê R$ 30 bilhões em crédito que será oferecido pelo Fundo de Garantia à Exportação. O crédito será ofertado pelo BNDES e por instituições financeiras habilitadas. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp O plano foi anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 13. De acordo com Mercadante, o governo está fazendo os ajustes finais para o anúncio oficial das linhas de crédito. “Acho que nós estamos já com o processo bem maduro para ser anunciado. Faltam pequenos detalhes”, diz. O objetivo do plano, explica Mercadante, é manter o nível de emprego e ajudar as empresas a superarem essa adversidade. Segundo ele, o BNDES deverá operar tendo como modelo o socorro prestado ao Rio Grande do Sul, quando foi fortemente impactado por chuvas e enchentes históricas, em 2024. “Assim que o presidente Lula bater o martelo de como será, o BNDES está pronto para acelerar e fazer da forma mais rápida, mais eficiente, a exemplo que nós já fizemos no Rio Grande do Sul. Eu quero lembrar que no Rio Grande do Sul, no crédito direto do BNDES, nós aumentamos seis vezes a velocidade de aprovação”, ressalta. No último dia 6, entrou em vigor a tarifa de 50% imposta sobre parte das exportações brasileiras para o país norte-americano. A medida, assinada em 30 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afeta 35,9% das mercadorias enviadas aos Estados Unidos, o que representa 4% das exportações brasileiras. Economia Gov BR
Estado de SP cria mais de 500 mil empresas em um ano

O Estado de São Paulo registrou a abertura de 516.767 empresas no acumulado dos últimos 12 meses. Estudo da Fundação Seade, com base nos dados do CNPJ, da Receita Federal, aponta que, de abril de 2024 a março de 2025, o estado de São Paulo registrou a abertura de 516.767 empresas no acumulado dos últimos 12 meses. O setor de serviços liderou, com 358.548 novos empreendimentos, correspondendo a 69,4% do total. O comércio ocupou a segunda posição, com 105.518 empresas. Em seguida aparecem indústria (23.643), construção (26.639) e agropecuária (2.419). Por regiões, quem liderou a criação de empresas no acumulado dos últimos 12 meses foi a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com 307.356, representando 59,5% do total do estado. Na sequência, aparecem em destaque as regiões administrativas de Campinas (67.873), Sorocaba (23.261) e São José dos Campos (22.927). Outras regiões em evidência são Santos (16.242), Ribeirão Preto (14.651), São José do Rio Preto (14.302) e Bauru (8.641). Já em março de 2025, foi registrada a criação de 35.151 empresas no estado de São Paulo. Na comparação com o mês imediatamente anterior, houve retração de 13,3%, quando o total de empreendimentos alcançou 40.521 novos negócios. Entre fevereiro e março, todos os setores apresentaram queda no desempenho. O setor de serviços recuou 14,6%, passando de 28.980 para 24.745 novas empresas, seguido pela indústria (-13,9%), construção (-13,1%), comércio (-8,2%) e agropecuária (-6,5%). Microempreendedores Individuais (MEIs) Em março de 2025, o Estado de São Paulo registrou 85.268 novos MEIs, representando uma leve retração de 0,8% em relação a fevereiro (85.972). O setor de serviços foi responsável por 57.097 novos MEIs em março de 2025, seguido por comércio (14.695), construção (5.956), indústria (7.142) e agropecuária (378). No acumulado dos últimos 12 meses, de abril de 2024 a março de 2025, o estado de São Paulo registrou 841.300 novos MEIs. O setor de serviços concentrou a maior parte, com 554.720 MEIs, correspondendo a 65,9% do total. Na sequência, aparecem comércio (154.338), indústria (69.050), construção (59.434) e agropecuária (3.758). No período de abril de 2024 a março de 2025, o maior número de novos MEIs ficou concentrado na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com 417.124 registros, representando 49,6% do total estadual. Em seguida, aparecem as RAs de Campinas (131.589), São José dos Campos (47.039), Sorocaba (46.832) e Santos (45.181). Entre outras regiões que figuram em destaque aparecem São José do Rio Preto (26.560), Ribeirão Preto (25.660) e Bauru (18.597).
Estado de São Paulo Registra Crescimento de 16% no Setor de Serviços em 2024

O estado de São Paulo registrou a abertura de mais de 197 mil novas empresas no setor de Serviços entre janeiro e agosto de 2024