Feira online tem 7 mil vagas de emprego para pessoas com deficiência

O mês de setembro, quando é lembrado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21), começa com uma feira online que vai oferecer 7 mil vagas de emprego para pessoas com deficiência (PCD). Participam do mutirão virtual empresas como Ambev, CSN, Grupo Boticário, L’Oréal, Mercedes Benz do Brasil, Stone, SulAmérica e Vivo. A feira Inclui PcD, além de permitir oportunidades de emprego, disponibiliza uma série de palestras e painéis sobre diversidade e inclusão, nos dias 2 e 3 de setembro. O uso da plataforma é gratuito, bastando se inscrever no site. A iniciativa de aproximar companhias e pessoas com deficiência interessadas em vagas de emprego é da Egalite, empresa especializada em inclusão de PCDs no mercado de trabalho. As vagas são em diversas áreas e regiões. Os níveis e cargos também são distintos. Ao fazer a inscrição no site, a pessoa pode se cadastrar dentro das seguintes categorias: deficiência auditiva deficiência física deficiência intelectual deficiência psicossocial deficiência visual transtorno do espectro autista reabilitado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Mais de 14 milhões de PCDs O Brasil tem cerca de 14,4 milhões de pessoas com deficiência, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representa 7,3% da população do país com 2 anos ou mais de idade. O censo também mostrou que 2,4 milhões de pessoas declararam ter recebido diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA). O número corresponde a 1,2% da população brasileira. A Lei 8.213/91 reserva vaga para PCD em empresas com pelo menos 100 funcionários. Outra pesquisa do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2022, apontou que o nível de ocupação – percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar – foi de 26,6% para as pessoas com deficiência, patamar bem abaixo do das pessoas sem deficiência (60,7%). O levantamento revelou também que, das pessoas com deficiência que trabalhavam, 55% estavam na informalidade, isto é, sem direitos trabalhistas. Entre as pessoas sem deficiência, o percentual era 38,7%. Na sua sexta edição anual, a Inclui PcD espera contribuir para diminuir essas desvantagens de PCD no mercado de trabalho exposta pelas pesquisas. Nas cinco feiras anteriores, foram oferecidas 35 mil vagas de emprego. O diretor executivo da Egalite, Guilherme Braga, disse à Agência Brasil que a inclusão de PCDs nos quadros traz benefícios para empresas. “Tem uma questão muito forte de inovação, quando a gente fala de uma equipe mais diversa, porque tem diferentes pontos de vistas”, afirmou. “Ter uma força de trabalho que reflete melhor a sociedade vai fazer com que essa empresa pense em como solucionar os problemas, como atender os seus clientes de uma forma mais criativa, mais inovadora e atendendo a maiores públicos”, completou o diretor. Economia Gov BR

Deficiência visual e dança: “Nos palcos, sinto que posso voar”

Aos 46 anos, Gisele Camillo realiza um sonho de infância: ser bailarina. O desejo de dançar sempre esteve presente. Mas a baixa visão, diagnosticada logo que nasceu, dificultou um pouco as coisas. “Tentei dançar quando criança em algumas escolas, quando eu ainda tinha baixa visão. Mas eu tinha que fingir que enxergava. Se eu falasse, ninguém me aceitava. Tinha que ficar perto do professor. E assim eu seguia a vida”.  Aos 38 anos, por conta de um quadro de glaucoma, Gisele perdeu praticamente toda a visão. Hoje, eventualmente, enxerga vultos e formas. Mas esses detalhes, segundo ela, pouco importam quando sobe ao palco. “Quando estou com as meninas no palco, nem lembro da visão. A gente se ajuda muito, a gente conversa. A gente aprendeu mesmo a lidar com a falta da visão no palco. Hoje em dia, não faz mais muita diferença não.” Enquanto Gisele dança, o cão-guia Faísca, labrador caramelo que acompanha a bailarina há cerca de dois meses, aguarda pacientemente. Até então, ela usava uma bengala para guiar seus movimentos. Recentemente, tomou coragem e passou a confiar boa parte de sua independência ao companheiro de quatro patas.  Faísca, cão-guia de Gisele Camillo, que participa de apresentação da Cia de Ballet de Cegos. Foto: Paula Laboissière/Agência Brasil “Na segunda semana de treinamento, conversei com o instrutor e contei que achava que não daria conta. Mas ele disse que eu estava indo bem, só estava ficando nervosa demais. É uma adaptação completamente diferente, mas estou muito feliz com ele. É um parceirão. É liberdade. Cão-guia é você sair voando”, conta, enquanto Faísca acompanha os ensaios.  O projeto  Gisele faz parte da Cia de Ballet de Cegos, projeto criado em 1995 pela bailarina Fernanda Bianchini, que desenvolveu o primeiro método de ensino de balé clássico para pessoas com deficiência visual. Atualmente, a companhia de dança conta com cerca de 200 alunos, sendo 60% deles com algum tipo de deficiência visual.  “Me sinto muito feliz e realizada. Sempre tive o sonho de ser dançarina, bailarina. Quando estou no palco, me sinto livre. Sinto que eu posso voar. A gente sempre ouviu muitos nãos. Mas, quando todo o público aplaude, é aquele ‘Sim, você é capaz. Sim, você pode’. Toda vez que estou no palco, me sinto muito realizada por estar dançando como eu sempre quis.” A gerente da Associação Fernanda Bianchini, Damaris Ferreira, conta que, no começo, a proposta de ensinar balé para pessoas com deficiência não recebeu muita credibilidade da maioria das pessoas. “Elas diziam ‘Imagina. Ensina qualquer coisa’. Hoje, a gente vê meninas dançando com sapatilha de ponta e sem visão”.  “Antes, a pessoa com deficiência sempre foi uma pessoa deixada de lado, escondida nas famílias. Hoje, a pessoa com deficiência tem muitos direitos, é incentivada a muitas coisas”, destaca, ao citar que a companhia de balé já dançou com nomes como o cantor Stevie Wonder e o coreógrafo Mikhail Baryshnikov.  Apresentação da Cia de Ballet de Cegos. Foto: Paula Laboissière/Agência Brasil Durante o 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, encerrado no sábado (30) em Curitiba, o grupo de Gisele apresentou duas coreografias. “Como o evento tem essa característica de falar sobre a reabilitação ocular e tem um olhar social para a pessoa com deficiência visual, a gente veio para celebrar e dizer que a pessoa com deficiência pode sim estar e fazer o que quiser. Não há limites”, concluiu Damaris.  *A repórter viajou a convite do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) Politica

Artista com baixa visão fala da potência de pessoas com deficiência

Artista com baixa visão fala da potência de pessoas com deficiência

Aos 42 anos, o artista plástico Daniel Freitas expõe seu trabalho com xilogravuras no 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Curitiba. As peças, produzidas desde 2004 como parte da série Cordel Urbano, retratam transeuntes, pessoas invisibilizadas e povos originários nas grandes metrópoles brasileiras e suas periferias. Com poucas cores, a arte de Daniel prioriza o amarelo, simbolizando sua condição de fotobia.  “O amarelo é também a cor luz do arco-íris. É a cor que está no meio-dia do círculo cromático. Enquanto artista, me encontrei nessa poética. Por ser albino também e ter os cabelos amarelos claros. Estou trazendo a minha vida, a minha história pra poética do meu trabalho.” Diagnosticado com baixa visão desde o nascimento, ele tem hoje cerca de 20% de capacidade visual em ambos os olhos. “Não tenho ideia do que seja enxergar mais do que enxergo hoje. Tive um pouco de perda visual atualmente em decorrência da idade, natural, algo que, pra mim, tem pesado um pouco”, contou.  Daniel também foi diagnosticado com nistagmo, condição oftalmológica que causa movimentos rápidos, repetitivos e involuntários dos olhos. “Ainda bem que meu cérebro corrige. Não vejo as coisas balançando. Não me incomoda, não atrapalha. O cérebro é incrível. Ele corrige e se adapta a esse tipo de situação”. Obra do artista plástico Daniel Freitas – Foto Paula Laboissière/Agência Brasil Oficinas e aceitação  A trajetória de Daniel também passa por centros de reabilitação para pessoas com deficiência visual. O trabalho começou em 2009, por meio da Associação de Assistência ao Deficiente Visual Laramara, em São Paulo.  “Tive um projeto aprovado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e a contrapartida era dar oficinas de artes. Resolvi dar a oficina para pessoas que enxergam pouco ou nada. Muito pra poder trabalhar a minha própria aceitação enquanto pessoa com deficiência”, afirmou.  “Tive a sorte de nascer em um ateliê de escultura. Lá, minha baixa visão nunca foi uma barreira. Nunca houve nenhum limite posto. Eu não me via como uma pessoa com deficiência visual. Havia uma negação da minha própria parte. Estando com outras pessoas com deficiência visual e compreendendo um pouco esse universo, me aceito mais, me compreendo mais dentro das minhas limitações e reconheço a minha potência.” Material reciclável Em suas xilogravuras, Daniel não utiliza madeiras nobres, mas restos de cenário que encontra em caçambas pelas ruas e pedaços de MDF que os amigos guardam porque sabem que servem de matéria-prima expressiva para o artista. “Reutilizo esse material, que normalmente vai pro lixo. Trabalho com ele de novo, ressignificando e dando um novo lugar a ele, que é o espaço da arte”. Entre os instrumentos utilizados para auxiliar com a baixa visão estão lupas e óculos especificamente projetados para que ourives possam trabalhar em joias. “Uso para trabalhar pequenos detalhes da minha gravura. Sem eles, eu apenas trabalharia contato. Com esse auxílio óptico, consigo ter um resultado e também uma compreensão do que estou gravando ali de forma minuciosa”.  Artista plástico Daniel Freitas expõe seu trabalho com xilogravuras no 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Curitiba – Foto Paula Laboissière/Agência Brasil Congresso de Oftalmologia  “Em um lugar repleto de médicos, que estão lidando sempre com diagnósticos muito fechados, muitas vezes, não se tem a compreensão da potência de uma pessoa com deficiência visual. O que ela pode, de fato, atingir ou alcançar dentro de um fazer artístico que é extremamente visual, como o meu trabalho”, destacou Daniel.  *A repórter viajou a convite do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).   “Entendo que a minha forma de me expressar pode, de alguma forma, sensibilizar também os médicos em relação a como eles dão esses diagnósticos, o encaminhamento aos centros de reabilitação, que são pouco conhecidos no Brasil – e os poucos que temos fecham por se acreditar que não há demanda”, concluiu.  Fonte

IV Jornada da Pessoa com Deficiência abre programação com protagonismo e inclusão – Prefeitura Municipal de Ubatuba

A manhã da última quarta-feira, 27, foi marcada por temas como protagonismo e inclusão: a Secretaria de Saúde realizou o primeiro dia de programação da IV Jornada da Rede da Pessoa com Deficiência no Teatro Municipal Pedro Paulo Teixeira Pinto. Cerca de 200 pessoas acompanharam a abertura do evento, cujo propósito principal é promover reflexão, aprendizado e fortalecimento das políticas públicas de inclusão, tendo como centro do debate o protagonismo das próprias pessoas com deficiência – tema das atividades desenvolvidas no primeiro dia. Logo na abertura, a mesa de autoridades destacou a relevância do encontro, que tem se consolidado como espaço de diálogo entre profissionais, gestores, familiares e a comunidade. “Este é um espaço para que possamos aprender diretamente com as pessoas com deficiência, que compartilham suas vivências, suas conquistas e desafios. O protagonismo está em cada fala, em cada apresentação, em cada gesto de inclusão”, destacou a fisioterapeuta da Unir, Leovigilda César. O dia transcorreu com palestras de profissionais da Saúde e da Educação, além da participação de representantes de municípios vizinhos, Caraguatatuba, Caçapava e São Sebastião, que compartilharam experiências e projetos voltados ao fortalecimento da rede de cuidados. Cotidiano das pessoas com deficiência Um dos pontos altos da jornada foi a presença de atletas com deficiência praticantes de luta e tiro com arco, que falaram sobre suas trajetórias no esporte e como ele funciona como ferramenta de inclusão. “Esse é o objetivo: fortalecer de dentro para fora, para que nenhuma dificuldade física, mental, visual ou auditiva atrapalhe a evolução da pessoa”, destacou o paratleta e Equipe do Ratos de Tamame, Fernando Ferreira. Uma das palestras foi a do professor e atleta paralímpico, Juan Ricardo Feindt Urrejola, cuja trajetória no paradesporto militar começou em 2015, quando integrou a primeira equipe de militares com deficiência do Brasil nos Jogos Mundiais Militares na Coreia do Sul, na modalidade tiro com arco. Desde então, passou a representar o país em diversas competições internacionais. Além do vôlei sentado, ele segue ativo na modalidade tiro com arco, incluindo os jogos mundiais militares. “No Comitê Paralímpico, usamos o iceberg para explicar a trajetória de um paraatleta: a base é a reabilitação feita por vocês [profissionais da reabilitação/ fisioterapeutas], que atendem tanto atletas olímpicos lesionados quanto paraatletas em início de carreira; a partir daí, o caminho passa pelo turismo esportivo, pela conquista da independência no cuidado com o próprio corpo e equipamentos, até chegar ao nível paralímpico”, compartilhou Urrejola. O evento contou, ainda, com apresentações culturais, como grupos de dança inclusiva, mini show de um rapper com necessidades especiais e capoeira adaptada. Nesta quinta-feira, 28, a iniciativa teve continuidade com o 1º Fórum de Reabilitação de Ubatuba na Câmara Municipal, reunindo gestores e profissionais para discutir avanços, desafios e estratégias de fortalecimento da rede municipal de cuidado à pessoa com deficiência. Prefeitura de Ubatuba

Erros de refração são principal causa de deficiência visual infantil

Erros de refração são principal causa de deficiência visual infantil

Erros de refração não corrigidos figuram como a principal causa de deficiência visual entre crianças brasileiras. Por afetarem diretamente o rendimento escolar e a socialização, eles geram grande impacto econômico e social. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).  Segundo a entidade, um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o percentual estimado de pessoas com deficiência visual por erros de refração não corrigidos na América do Sul, na faixa etária de 5 a 15 anos (0,7%), estima que existam 23 milhões de crianças e adolescentes em idade escolar com problemas de refração. Entenda As chamadas ametropias ou erros refrativos decorrentes de condições em que os raios de luz não são focados corretamente na retina, resultando em visão desfocada, englobam desde a miopia e a hipermetropia até o astigmatismo. “Todas corrigíveis com óculos, lentes de contato ou cirurgia”, destacou o CBO.  O tratamento precoce, segundo o conselho, ajuda ainda a reduzir a incidência de ambliopia, popularmente conhecida como olho preguiçoso. “A triagem oftalmológica é considerada fundamental do ponto de vista de saúde pública por permitir a detecção precoce de doenças e prevenir a cegueira infantil”.  De acordo com a entidade, a idade ideal para realizar a triagem oftalmológica é entre os primeiros meses e os 6 anos de vida, período em que ocorre o desenvolvimento da visão. Prioridade O CBO defende que a saúde ocular de crianças seja tratada como prioridade por famílias e órgãos públicos, já que problemas de visão não diagnosticados e não tratados podem comprometer o processo de aprendizagem e a socialização. “Estimativas da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira indicam que o Brasil pode ter cerca de 27 mil crianças cegas, muitas delas em decorrência de doenças que poderiam ter sido prevenidas ou tratadas precocemente. A diversidade regional e as desigualdades socioeconômicas sugerem uma prevalência média de cegueira infantil entre 0,5 e 0,6 por mil crianças”, destacou o conselho.  Cartilha  Em julho, o CBO e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (Sbop) lançaram a cartilha Saúde Ocular na Infância, que reúne orientações práticas, cuidados essenciais e sinais de alerta para preservar a visão em crianças.  O material inclui temas como cuidados com a conjuntivite e o terçol, uso correto de óculos e maquiagem infantil. A cartilha conta com seis seções que abordam desde o desenvolvimento visual do bebê e da criança até orientações sobre exames oftalmológicos. *A repórter viajou a convite do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Fonte