Veto na Saúde Mental Infantil em Taubaté

Rejeição do Veto na Saúde Mental Infantil em Taubaté: Um Projeto Promissor, Mas Que Precisa de Maior Clareza

No último dia 14, a Câmara Municipal de Taubaté rejeitou o veto do prefeito Sérgio Victor (Novo) ao projeto de lei nº 27/2025, de autoria do vereador Neneca Luiz Henrique (PDT), que determina a implantação do atendimento contra a depressão infantil e na adolescência em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. A medida, embora socialmente importante, suscita algumas críticas quanto à sua implementação.

Financiamento: Emendas Impositivas como Fonte Possível

Um ponto crucial pouco explorado no texto do projeto é o financiamento da política pública.

Em seus artigos, o projeto prevê que “as despesas decorrerão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário”, mas não detalha fontes específicas de recurso.

É necessário que haja clareza sobre a destinação de verbas para cumprir essa legislação.

Os vereadores que derrubaram o veto têm a possibilidade de destinar parte das emendas impositivas do orçamento municipal para financiar o serviço, uma ferramenta hoje disponível em Taubaté em valores de até R$ 1,5 milhão por parlamentar para investimentos e custeio.

A inclusão explícita no projeto de um compromisso formal para destinar parte dessas emendas garantiria maior segurança orçamentária e operacional ao programa.

Levantamento Técnico: Custos Reais e Número de Atendidos

A implantação do atendimento especializado, envolvendo psicoterapeutas e psiquiatras nas UBS, demandaria contratação de equipes multidisciplinares, capacitação, estrutura física adaptada e materiais de suporte.

O custo estimado para a contratação mínima de um psicólogo por UBS (cerca de 30 unidades) está na faixa entre R$ 2,5 e R$ 3,6 milhões anuais, sem considerar despesas adicionais.

Psicólogos e psiquiatras também precisam atuar em redes de referência para casos complexos, ampliando a estrutura necessária.

Ademais, estima-se que, considerando as demandas atuais, milhares de crianças e adolescentes poderiam necessitar do atendimento, o que implica planejamento rigoroso para evitar sobrecarga, garantir qualidade e evitar desigualdades no serviço.

Modos Operandi: Definição Ausente no Projeto

O projeto carece de detalhamento claro sobre como será operacionalizado o atendimento, quais protocolos serão seguidos, mecanismos de avaliação dos resultados e fluxos para casos que demandem atenção especializada.

A ausência desses elementos dificulta sua efetiva implementação e pode gerar dúvidas sobre sua eficácia.

O projeto é um avanço importante no reconhecimento da saúde mental infantil como prioridade da agenda pública em Taubaté.

Contudo, para que a iniciativa não fique apenas no papel, é fundamental a inclusão no texto legal de garantias de financiamento, preferencialmente via emendas impositivas dos vereadores envolvidos, e o desenvolvimento de um plano operacional detalhado.

Esclarecer esses pontos é necessário para que a população compreenda as reais possibilidades e desafios, e para que o município possa executar com sucesso uma política pública tão necessária.

A omissão desses detalhes pode comprometer tanto os resultados quanto a credibilidade dos próprios vereadores que defendem a causa.

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