Uma luz contra a Doença de Alzheimer

Um marco promissor na luta contra a Doença de Alzheimer pode estar prestes a transformar o diagnóstico precoce da enfermidade.

O cientista brasileiro Gustavo Alves Andrade dos Santos, doutor em biotecnologia pela Unicamp e pós-doutor pela Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, desenvolveu um método inovador que utiliza um simples exame de saliva para detectar sinais da doença até 20 anos antes do aparecimento dos primeiros sintomas clínicos.

Atualmente, o Alzheimer é diagnosticado tardiamente, por meio de exames complexos, invasivos e onerosos, como avaliações cognitivas detalhadas, exames de sangue, ressonância magnética e estudos de imagens neurológicas.

Estes métodos quase sempre identificam a doença quando seu avanço já compromete significativamente a qualidade de vida do paciente.

A inovação de Gustavo Santos consiste na análise de biomarcadores presentes na saliva, em especial a proteína tau hiperfosforilada (pTAU), cujos níveis elevados indicam o processo neurodegenerativo característico do Alzheimer.

Importância do diagnóstico precoce

Detectar a doença em sua fase pré-clínica, quando as proteínas associadas à degeneração cerebral começam a se acumular silenciosamente, possibilita uma intervenção muito antes da manifestação dos sintomas clássicos, como perda de memória, desorientação e comprometimento cognitivo severo

Isso amplia enormemente as chances de retardar o avanço do Alzheimer por meio de mudanças no estilo de vida, como melhora na alimentação, prática regular de exercícios físicos, controle das comorbidades e estímulos cognitivos adequados.

Além disso, um exame não invasivo, barato e fácil de aplicar em larga escala, como o baseado na saliva, representa uma revolução para países com recursos limitados, como o Brasil, onde a acessibilidade ao diagnóstico precoce costuma ser um obstáculo

A previsão da OMS estima que até 2030 haverá 75 milhões de pessoas vivendo com algum tipo de demência, sendo a maioria portadora do Alzheimer.

Nesse contexto, a tecnologia proposta por Gustavo Santos se destaca como uma esperança real para gestão populacional dessa epidemia silenciosa.

Impacto na qualidade de vida dos idosos

A identificação antecipada da doença permitiria que idosos pudessem adotar estratégias preventivas eficazes muito antes da perda funcional, preservando autonomia, convivência social e qualidade de vida por um período maior.

Estudos indicam que as mudanças comportamentais influenciadas pelo diagnóstico precoce retardam a progressão da demência, diminuem a dependência e consequente sobrecarga familiar e do sistema público de saúde.

Finalmente, a proposta brasileira se alinha a um movimento internacional na busca por métodos diagnósticos mais simples, acessíveis e precisos.

A saliva, que compartilha cerca de 30% das proteínas do sangue, vem sendo estudada mundialmente como fluido diagnóstico não invasivo para doenças neurodegenerativas.

Este avanço pode colocar o Brasil na vanguarda científica desse importante desafio global.

O projeto encontra-se em fases finais de comprovação e ajustes metodológicos, com testes já realizados em grupos de idosos saudáveis e pacientes com Alzheimer, evidenciando a viabilidade da técnica.

Agora, o desafio é conseguir investimentos para ampliar a pesquisa e viabilizar a implantação comercial do teste em larga escala, com potencial revolucionário para o cuidado da saúde cerebral da população mundial

Compartilhe esse post :

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest