Especialistas defendem atenção específica para saúde da pele negra

O médico Thales de Oliveira Rios conta que tinha problemas com oleosidade da pele e acne desde a adolescência. Ao longo dos anos, tentou vários tratamentos, mas não obteve resultado satisfatório e se incomodava muito com as manchas decorrentes das espinhas. Depois de receber um convite especial de um colega dermatologista, o desfecho foi outro: “Um belo dia, eu resolvi ir ao consultório dele, e a coisa mudou da água para o vinho. Com o tratamento voltado para o meu tipo de pele, os produtos adequados para clarear, o protetor solar certo, em três, quatro meses ficou tudo diferente. Melhorou bastante.” Thales é um homem negro e, até então, não fazia ideia de que os tratamentos para a sua pele precisavam considerar essa característica como ponto de partida. “Eu lembro até hoje da primeira consulta, quando ele me mostrou umas imagens de um livro que ele ajudou a escrever, que mostra, por exemplo, a apresentação de certas lesões de pele. Numa pessoa branca, é de um jeito, numa pessoa parda, é de outro, e, numa pessoa de pele preta retinta, é totalmente diferente. A gente não vê isso na faculdade de medicina. Isso está começando a entrar nas discussões do mundo acadêmico há pouquíssimo tempo”, ele acrescenta. O colega citado é Cauê Cedar, chefe do Ambulatório de Pele Negra do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Desde a especialização, Cedar estuda as demandas específicas das pessoas pretas e pardas, que, destaca, são a maioria da população brasileira. Mas os padrões acadêmicos não o ajudavam. “Os materiais que educam os médicos são majoritariamente feitos com pessoas de pele clara. Então, muitos médicos não têm um treinamento específico para identificar como as condições podem se apresentar na pele negra”. “E tem algumas especificidades. A pele negra tem mais tendência a manchas, a cicatrização hipertrófica, ou seja, fazer queloide… Tem os cuidados específicos com os cabelos cacheados e crespos. Tudo isso precisa ser treinado. Durante a residência, eu não tive um treinamento específico sobre isso, por mais que fosse uma pauta minha, eu precisava buscar por fora”, conta Cedar. A indústria de produtos dermatológicos também desmerecia esse público, segundo o especialista. “Há muito tempo, a gente sabe da necessidade de passar protetor solar. Mas os protetores solares com cor nunca se adequavam às tonalidades de pele negra, e os protetores sem cor deixavam a pele das pessoas negras com um fundo esbranquiçado, acinzentado…. Isso diminuía a adesão ao uso. Até que a indústria começou a ver que os negros também consomem e começaram a desenvolver produtos adaptados à diversidade da população”, ele exemplifica. Avanços Cedar e outros profissionais negros têm ajudado essa pauta a se firmar também no meio acadêmico. Este ano, pela primeira vez, o Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, principal evento da especialidade, realizou uma atividade exclusivamente sobre os cuidados com a pele negra. Além disso, a regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia acaba de criar um Departamento de Pele Étnica, do qual Cauê Cedar é um dos coordenadores. De acordo com a presidente da regional, Regina Schechtman, “estava mais do que na hora”. Ela destaca que o departamento visa a melhorar o conhecimento dos profissionais e o atendimento prestado a pessoas de diversos grupos não-brancos, como indígenas e orientais, além das pessoas negras. “Qualquer médico ou profissional da área de saúde deve acrescentar esse conhecimento a sua prática. A dermatoscopia, por exemplo, que é o exame mais básico que a gente faz, é totalmente diferente em cada tom de pele, e os médicos precisam saber interpretar”, acrescenta. A presidente da regional do Rio de Janeiro enfatiza que problemas de pele podem afetar muito a autoestima dos pacientes e que o maior órgão do corpo humano também pode trazer alguns perigos. “Há muitas doenças de pele, e a mais grave delas é o câncer, que também atinge a população negra. Apesar do risco ser maior entre pessoas que têm menos pigmentação, isso não quer dizer que as pessoas negras não precisam se proteger dos danos causados pela radiação ultravioleta”. Fonte
Jornada exaustiva e solidão afetam saúde mental de caminhoneiros

Jornada de trabalho exaustiva, pressão por prazos, solidão… Essa é a rotina da maioria dos caminhoneiros no Brasil. O resultado é que muitos deles acabam adoecendo. Caminhoneiro autônomo, Emerson André, conhecido como Facebook, está na estrada há 16 anos e, como muitos colegas de profissão, passa longos períodos longe de casa “Tem muitos motoristas ficando doentes, porque o estresse do cotidiano, o trajeto se tornam cansativos, a família cobrando que você não está em casa, você perde muita coisa da sua família”, lamenta o motorista. Enfrentar a solidão e manter a calma nem sempre é fácil. Há 27 anos, Daniel Francisco de Lima, o Del Caminhoneiro, roda pelas estradas do país. Como autônomo, ele tem o próprio caminhão, mas também presta serviço a uma empresa. Del avalia que a tensão é constante. Mas quem tem muito tempo de estrada, como ele, aprende a dominar também momentos de raiva ou tensão. O procurador do Trabalho da 24ª Região Paulo Douglas de Moraes destaca que a saúde mental já é reconhecida como problema estrutural da cadeia logística do transporte rodoviário. Segundo ele, isso provoca um fenômeno apelidado de “apagão de motorista”, o que significa que a categoria está envelhecendo, e os mais jovens não se interessam pela profissão. A média de idade desses trabalhadores é 46 anos. “Boa parte dessa falta de mão de obra no setor está associada a uma perspectiva negativa e de ordem subjetiva, de ordem mental, em relação aos profissionais”, explica o procurador. Ele diz ainda que são vários os obstáculos, principalmente os decorrentes do interesse econômico. “Nós temos um país que depende do modal rodoviário, que movimenta boa parte do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro, o que leva também a um interesse político muito forte.” Moraes alerta que esses dois aspectos combinados acabam fazendo com que questões importantes, como a redução substancial da jornada dos trabalhadores, não avancem. Pesquisa indica que 43,7% dos caminhoneiros trabalham com carga horária indefinida – Foto: Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil Uma pesquisa do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostra que a falta de definição na carga horária dos caminhoneiros e a instabilidade financeira criam insegurança para esses profissionais, impactando na saúde mental deles. Segundo o procurador do Trabalho, os dados revelam que 50,49% dos motoristas ganham por comissão e 43,7% trabalham com carga horária indefinida. O caminhoneiro Emerson André é um dos que trabalham por comissão. “Setenta por cento do pessoal é comissionado. Sou comissionado, com 10, 11, 12, 13% [do valor do frete]. Aí tem uma carteira lá só pra assinar mesmo. Às vezes, tem direito a férias, décimo terceiro. Mas a maioria é comissionado. Se você não trabalhar, você não produz, você não ganha”, diz o caminhoneiro. Indefinição na carga horária gera insegurança para caminhoneiros, afirma o procurador Paulo Douglas de Moraes – Foto: MPT/Divulgação Quando se fala de sobrejornada, o procurador Paulo Douglas de Moraes acrescenta que 56% dos caminhoneiros trabalham entre nove e 16 horas, e quase 25%, mais de 13 horas por dia. A pesquisa indica que 43,7% têm um intervalo entre um dia e outro de trabalho menor do que oito horas. Pela lei, deveriam ser 11 horas de descanso diário a cada 24 horas, uma pausa de 30 minutos a cada cinco horas e meia de direção, e o direito ao repouso semanal remunerado de 24 horas. Sono e uso de drogas Outro levantamento do MPT, feito no final de 2023, revela que quase 27% dos motoristas testados utilizam com frequência drogas para poder trabalhar e conseguir dirigir por mais de 12 horas. O coordenador-geral de Segurança Viária da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jefferson Almeida, diz que a fiscalização constata o uso grande de drogas e dos chamados rebites para burlar o sono, sendo considerável o consumo de inibidores de sono e, muitas vezes, de drogas mais pesadas como cocaína. Para Alan Medeiros, relações institucionais da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, é preciso oferecer a esses profissionais mais pontos de paradas ao longo da rodovias. Outra opção são os postos de combustíveis, mas o problema é que muitas vezes esses estabelecimentos estão lotados ou trabalham com “venda casada” – o motorista tem que abastecer para ficar no local. Outro risco é que, quando decide dormir no caminhão, o motorista pode sofrer um sequestro ou ter a carga roubada. Del Caminhoneiro defende condições para que se possa cumprir a lei. “Tem que ter uma boa estrada, tem que ter lugar de descanso. Querem cobrar descanso dentro da lei, mas não te oferecem essa situação”, critica. Pesquisadora Michelle Engers Taube diz que ansiedade e depressão afetam sobretudo profissionais que dirigem por longos períodos sem descanso – Foto: Michelle Engers/Arquivo Pessoal Vulnerabilidade emocional Doutora em psicologia pela Unisinos, a pesquisadora Michelle Engers Taube teve como tema de mestrado a saúde mental dos caminhoneiros. A pesquisa mostra que a chance de o profissional ter transtornos mentais comuns, como ansiedade, depressão e estresse, é três vezes maior quando a jornada de trabalho é acima de 12 horas, em comparação com o motorista que dirige menos tempo. Os longos períodos longe da família também pesam muito na saúde mental do caminhoneiro. Um em cada cinco profissionais de frotas e logística apresenta algum nível de vulnerabilidade emocional, de acordo com levantamento feito pela plataforma de gestão de saúde psicológica Moodar. Isso representa 20% dos profissionais. Representante da Associação Brasileira de Medicinal do Tráfego (Abramet), o psiquiatra Alcides Trentin Junior afirma que os caminhoneiros precisam ser avaliados e monitorados de maneira periódica com o entendimento de que o ambiente em que vivem exige elevado grau de atenção e uma estabilidade mental muito grande. O médico alerta que a ansiedade e a depressão aumentam o risco de acidentes. Psiquiatra Alcides Trentin Junior alerta que ansiedade e depressão de caminhoneiros aumentam o risco de acidentes nas estradas – Foto: Abramet/Divulgação Para o psiquiatra, o papel do Estado é fundamental no sentido de garantir estradas sinalizadas, com boas condições de tráfego, e políticas públicas que realmente contribuam para que “a atividade seja exercida de uma maneira mais saudável”. Saúde e segurança no trabalho As diretrizes de saúde e segurança no trabalho estão previstas na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego. A norma passou por atualizações, em vigor desde maio. Uma das mudanças é que as
SUS: 76% da população brasileira têm atendimento gratuito de saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) completa, nesta sexta-feira (19), 35 anos de existência e, na avaliação do Ministério da Saúde, se consolida como o maior sistema público, gratuito e universal do mundo. Em nota, a pasta destacou que o SUS surgiu como resultado de um movimento histórico na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, e ganhou forma na Constituição de 1988, que definiu a saúde como direito de todos e dever do Estado. “Antes do SUS, apenas trabalhadores formais vinculados à Previdência Social tinham atendimento garantido nos hospitais públicos. Na prática, apenas 30 milhões de pessoas eram beneficiadas”, lembrou o ministério. “Para o restante da população, a alternativa era a caridade, serviços filantrópicos ou o pagamento direto. Hoje, toda a população tem direito aos atendimentos”, completou o ministério. Dados do governo mostram que, atualmente, 76% da população brasileira, de um total de 213,4 milhões de pessoas, dependem diretamente do SUS. Os números indicam ainda 2,8 bilhões de atendimentos ao ano e 3,5 milhões de profissionais em atuação. SUS: 30 mil procedimentos realizados em 2024. Foto-arquivo: Marcelo Camargo/Agência Brasil – Marcelo Camargo/Agência Brasil Saúde da família Para o ministério, uma das ações de destaque no SUS é a Estratégia Saúde da Família (eSF). Lançada em 1994 com foco na atenção primária, a estratégia conta com equipes presentes em todas as regiões do país. As ações incluem promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento em unidades básicas de saúde (UBS) e em áreas remotas e fluviais, além de consultórios na rua e territórios indígenas. Transplantes A pasta ressaltou ainda que o Brasil detém hoje a maior rede pública de transplantes do mundo. Em 2024, o país bateu recorde histórico no SUS, com 30 mil procedimentos realizados. O sistema fornece ainda medicamentos imunossupressores necessários para transplantados. Vacinação O SUS conta também com o maior programa público de vacinação da América Latina, o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Atualmente, são disponibilizados 48 imunobiológicos, sendo 31 vacinas, 13 soros e quatro imunoglobulinas. “As ações contribuíram para marcos como a erradicação da poliomielite, em 1994, até resultados mais recentes, como a recertificação de país livre de sarampo pela OPAS [Organização Panamericana da Saúde],” destacou o ministério. O Brasil ainda foi pioneiro na oferta de vacina contra a dengue, ofertada atualmente para crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. .Brasil ainda foi pioneiro na oferta de vacina contra a dengue, segundo o Ministério da Saúde. Foto-arquivo: Paulo Pinto/Agência Brasil. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil – Paulo Pinto/Agência Brasil Outros destaques Para a pasta, a trajetória do SUS é marcada também pela criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), em 2003; do programa Brasil Sorridente, em 2004; do Farmácia Popular, em 2004, da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em 2004; da Rede Cegonha, atual Rede Alyne, em 2011; e do Programa Mais Médicos, em 2013, dentre outros. “Desde 2023, o governo federal retomou a agenda voltada ao fortalecimento do complexo econômico-industrial da saúde com medidas para reduzir a dependência do Brasil. A expectativa é que, em até dez anos, 70% das necessidades do SUS em medicamentos, equipamentos e vacinas sejam produzidos no país”, completou o ministério. Desafios A pasta avalia como um dos desafios históricos o tempo de espera para atendimento na rede pública. A expectativa do governo é que a questão seja sanada por meio do programa Agora Tem Especialistas, que tem como foco seis áreas estratégicas: oncologia, cardiologia, ginecologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. Outra estratégia apontada pelo ministério é a expansão da telessaúde, que pode reduzir em até 30% o tempo de espera por atendimento especializado no SUS e figura como um dos eixos do programa. Os dados mostram que, em 2024, foram registrados 2,5 milhões de atendimentos em telessaúde. Ainda de acordo com a pasta, por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Saúde, o governo pretende entregar novas unidades básicas de saúde (UBS), salas de teleconsulta, unidades odontológicas móveis, policlínicas, maternidades, centros de atenção psicossocial (Caps) e ambulâncias. “A meta é universalizar o serviço de emergência até o final de 2026 e ele, agora, está presente também em território indígena, com atendimento 24 horas e profissionais bilíngues”, concluiu o ministério. Fonte
Idec diz que decisão do STF vai prejudicar usuários de planos de saúde

O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) afirmou nesta quinta-feira (18) que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou os procedimentos fora do rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai prejudicar os usuários de planos de saúde. Mais cedo, a Corte decidiu validar uma lei de 2022 que obriga os planos de saúde a cobrir os tratamentos fora da lista da ANS. Contudo, a maioria dos ministros estabeleceu novos critérios para as autorizações. Na avaliação do Idec, um dos principais órgãos de defesa do consumidor no país, a decisão do Supremo é “gravemente prejudicial” aos usuários de planos e privilegia argumentos econômicos das operadoras em detrimento da saúde dos pacientes. De acordo com o advogado Walter Moura, representante do instituto, o entendimento do STF terá consequências concretas para os usuários. “Apesar de afirmar que o rol continua exemplificativo, trouxe uma situação pior da que a prevista pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que levou o Poder Legislativo a editar uma lei para salvar o cidadão, que já paga valores estratosféricos para manter seu contrato de plano de saúde”, avaliou Moura. Hospitais Em nota enviada à Agência Brasil, a Federação dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo (FeSaúde) disse que o setor precisa de segurança jurídica e equilíbrio regulatório. Para Francisco Balestrin, presidente da entidade, o rol de procedimentos não pode ser absoluto nem um “convite a coberturas sem limites”. “É exatamente essa a posição que defendemos. Exceções podem existir, mas com critérios técnicos claros, eficácia comprovada, registro regulatório, ausência de alternativas adequadas e avaliação científica”, afirmou. Balestrin também defendeu o reconhecimento a ANS como instância técnica para atualizar a lista de procedimentos e evitar a “judicialização excessiva” no setor. “Esse é o caminho que protege a sustentabilidade dos planos, assegura a viabilidade dos prestadores e, sobretudo, preserva o direito do paciente de acessar inovações de forma responsável”, completou. Entenda A Corte julgou uma ação protocolada pela União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas) contra trechos da Lei 14.454/2022. A norma definiu que as operadoras devem custear tratamentos e exames que não estão previstos no chamado rol da ANS, a lista de procedimentos que devem ser cobertos obrigatoriamente pelos planos. A lei foi sancionada após a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que definiu, em junho de 2022, que as operadoras não são obrigadas a cobrir procedimentos médicos que não estão previstos no rol da ANS. O STJ entendeu que o rol de procedimentos definidos pela agência é taxativo, ou seja, os usuários não têm direito a exames e tratamentos que estão fora da lista. Após a entrada em vigor da legislação, o rol passou a ser exemplificativo, e não taxativo. Além disso, a norma definiu que o rol é uma referência básica para os planos privados de assistência à saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999. Dessa forma, os procedimentos que forem autorizados por médicos ou dentistas devem ser autorizados pelos planos, desde que exista comprovação da eficácia do tratamento ou sejam recomendados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Com a decisão do Supremo, o rol exemplificativo continua valendo, mas as concessões de autorizações para a cobertura de tratamentos fora do rol deverão levar em conta cinco parâmetros, que devem estar presentes cumulativamente nos casos que forem analisados. Parâmetros para autorização Prescrição do tratamento por médico ou odontólogo habilitado; Inexistência de negativa expressa ou pendência de análise de atualização do rol da ANS; Inexistência de alternativa terapêutica que já esteja no rol da ANS; Comprovação de eficácia e segurança do tratamento conforme na medicina baseada em evidências; Existência de registro da Anvisa. Decisões Judiciais Nas decisões judiciais envolvendo autorizações para tratamentos que não constam no rol da ANS, o Supremo entendeu que o juiz do caso deverá fazer diversas verificações antes de decidir o caso. Se a orientação não for seguida, a decisão judicial poderá ser anulada. Verificar se houve requerimento prévio à operadora e se houve demora irrazoável ou omissão da operadora na autorização do tratamento; Analisar previamente informações do banco de dados do Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (NATJUS) antes da decisão. O magistrado não poderá fundamentar sua decisão apenas na prescrição ou laudo médico apresentado pelo usuário do plano. Em caso de concessão da liminar favorável ao usuário, o juiz deverá oficiar a ANS sobre a possibilidade de inclusão do tratamento no rol de procedimentos. Fonte
Ubatuba marca presença no Fórum de Saúde Pública, em Holambra – Prefeitura Municipal de Ubatuba

Na última terça-feira, dia 16, profissionais da Vigilância em Saúde de Ubatuba participaram do Fórum de Saúde Pública, realizado em Holambra. O encontro reuniu representantes de diversos municípios, pesquisadores e especialistas para discutir práticas e inovações no enfrentamento de doenças que impactam diretamente a saúde da população. O fórum abordou temas como vigilância ambiental, impacto de vetores nas cidades e novas tecnologias aplicadas ao monitoramento de riscos, alinhando esforços entre diferentes regiões e esferas de atuação. “Participar de um fórum como este nos permite trocar experiências, conhecer ferramentas inovadoras e trazer soluções adaptáveis à nossa realidade local”, destacou o coordenador da Vigilância Ambiental de Ubatuba, Welinghton Lira. Prefeitura de Ubatuba
Cronograma de zeladoria garante qualidade das Unidades de Saúde – Prefeitura Municipal de Ubatuba

A Secretaria de Saúde implantou o serviço de zeladoria regionalizada para atender, de forma abrangente, todas as Unidades de Saúde do município. A intensificação de ações de manutenção e limpeza contribui para a promoção de condições adequadas espaços destinados ao atendimento da população – o que beneficia tanto os servidores quanto os cidadãos que utilizam os serviços. Uma equipe de 10 profissionais está responsável por realizar os reparos, jardinagem e manutenções preventivas nas Unidades de Saúde para prolongar a vida útil das instalações, preservar equipamentos e manter ambientes funcionais. Ao todo, vinte e dois profissionais farão parte da equipe de zeladoria da saúde. “Um ambiente bem cuidado favorece a segurança e o conforto de todos, pacientes e profissionais. Essas ações são fundamentais para o bom funcionamento da rede de saúde e para que o atendimento possa acontecer de forma adequada e humanizada”, enfatizou a secretária de Saúde, Simone Brito. O trabalho é realizado de forma planejada, respeitando as particularidades de cada localidade e sem prejudicar a rotina de atendimentos. A manutenção preventiva também tem papel estratégico ao identificar e solucionar pequenas demandas antes que se tornem grandes problemas. Prefeitura de Ubatuba
Institutos de Saúde do Brics propõem fortalecimento de parcerias

Os institutos nacionais de saúde dos países que compõem o Brics querem intensificar parcerias técnicas e científicas, para combater problemas comuns existentes e fortalecer a preparação para eventuais futuras emergências. Essas questões estão sendo discutidas em um encontro no Rio de Janeiro, organizado pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz (imagem) que é o representante brasileiro. O grupo divulgará uma carta com compromissos e propostas, na quarta-feira (17). “Os institutos nacionais de saúde pública podem fazer contribuições muito importantes, seja na preparação e na resposta às emergências de saúde, seja em emergências por questões relativas a fenômenos naturais, mudança climática ou assuntos epidêmicos. É positivo, para todos, que os países que têm capacidades científicas, produtivas e econômicas – como são os países dos Brics – possam contribuir à produção de inovações que vão dar acesso às populações que precisam, a novos medicamentos, vacinas, kits de diagnóstico.” destacou o representante da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, Cristian Morales. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Compõem o Brics os seguintes países: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, mencionou o cenário de interrupção do financiamento de programas internacionais de saúde por parte dos Estados Unidos e como o momento propicia a união de países na área, como os membros do Brics: “Nesse momento, a gente tem um cenário global com o país mais rico do planeta virando as suas costas para o mundo, e, por outro lado, uma comunhão de países que buscam manter a ciência na frente das políticas públicas e elaborar políticas públicas baseadas em evidência científica.” “É um momento muito oportuno para o Brasil, que está na liderança dos Brics, e vê a possibilidade de fazer coisas que vão beneficiar a saúde da população dos nossos países”, complementou. Um princípio norteador para o trabalho conjunto dos institutos, de acordo com Mariângela, é a Parceria pela Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas, firmada em julho, durante a última cúpula de chefes de estado do bloco. Esse termo designa as doenças influenciadas por fatores sociais, econômicos e ambientais, como a desigualdade, a falta de saneamento e a dificuldade de acessar serviços médicos e que, por isso, geralmente atingem as populações mais pobres. São exemplos dessas doenças a tuberculose, a doença de Chagas, a malária e as hepatites virais. Outro grande foco é combater a desigualdade de acesso a insumos, tratamentos e inovações, que é desfavorável aos países em desenvolvimento. “A gente quer, de fato, ampliar o acesso à saúde e à capacidade local, inclusive de produção. Isso conversa com a resposta às emergências, isso conversa com a soberania nacional dos diferentes países, especialmente no Sul Global. É fundamental que a gente esteja ligado, articulando, trabalhando juntos para se fortalecer e não viver mais o cenário horrível que nós vivemos durante a pandemia”, enfatizou a vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Lourdes Oliveira. Fonte
Lula lembra covid e diz que saúde não tem esquerda ou direita

Em um mutirão de atendimentos hospitalares promovido neste sábado (13) pelo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou do papel do Sistema Único de Saúde (SUS) durante a pandemia de covid-19 e disse que não há esquerda ou direita quando se fala na saúde da população. “Em se tratando de saúde, você não tem esse negócio de direita e esquerda, tem é pessoas comprometidas com a saúde do povo brasileiro”, disse Lula, numa referência ao trabalho dos profissionais do SUS. Lula esteve no Hospital Universitário de Brasília (HUB), ligado à Universidade de Brasília (UnB) e gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ao todo, 45 hospitais, em 25 estados, todos geridos pela companhia estatal, participam do mutirão, que inclui cirurgias eletivas, exames e consultas com especialistas. Os atendimentos serão voltados a várias especialidades, como cardiologia, ortopedia, oftalmologia e saúde da mulher. Segundo dados do governo, em um único dia estão sendo realizadas cerca de 2 mil cirurgias eletivas (não urgentes), 4,5 mil consultas e 22,7 mil exames, que foram pré-marcados para ocorrer neste sábado, com a mobilização das equipes médicas e de enfermagem. “A gente paga hora extra, agora é o seguinte, a gente vai ter que fazer mais”, brincou Lula para uma plateia formada por funcionários do hospital e pacientes. O mutirão deste sábado conta com turnos extras e envolvimento direto de mais de 2,5 mil médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais especialistas, além de aproximadamente 700 estudantes. Ao todo, mais de 3,2 mil profissionais participam do mutirão, informou a Ebserh. A ação, chamada de Dia E, faz parte do programa Agora Tem Especialistas, com o qual o governo federal pretende reduzir a fila de atendimentos do SUS. Atualmente, devido à falta de médicos, um paciente em geral precisa aguardar meses para ser atendimento com um especialista, como um cardiologista ou oncologista. O programa prevê a viabilização de atendimentos na rede privada, com o abatimento, por exemplo, de dívidas de operadoras de Saúde com o SUS. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cerca de 190 hospitais demonstraram interesse em aderir. O presidente da Ebserh, Arthur Chioro, anunciou a meta de aumentar em 40% o número de cirurgias realizadas em hospitais universitários, que contam com a mão de obra de médicos residentes e graduandos oriundos das próprias universidades. “Isso não significa só números. Na vida das pessoas significa a chance de viver com dignidade. Muitas vezes, de ter seu diagnóstico feito no momento certo”, frisou Chioro. Médico anestesista, o vice-presidente Geraldo Alckmin também discursou, exaltando o SUS como patrimônio do brasileiro. Essa é a segunda edição do Dia E neste ano. Em julho, foram realizados 12.464 procedimentos em todo o país, sendo 10.160 exames, 1.244 consultas e 1.060 cirurgias. Em 2025, a Ebserh em Ação já realizou um total de 417 mutirões em diferentes momentos. Uma terceira edição do mutirão de atendimentos está prevista para dezembro. Fonte
Saúde capacita servidores para ampliar oferta de testes rápidos – Prefeitura Municipal de Ubatuba

Entre os dias 09 e 12 de setembro, a Secretaria de Saúde promove uma capacitação voltada à realização de testes rápidos (TR) para HIV, hepatites virais e sífilis. A formação é conduzida por profissionais multiplicadores da própria rede, em parceria com o Governo do Estado, reunindo 37 participantes entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, psicólogos, assistentes sociais, integrantes da rede de urgência e dentistas. A programação foi estruturada em quatro dias, com os participantes divididos em duas turmas. Cada grupo tem um dia de atividades teóricas e outro de práticas, garantindo tanto o embasamento conceitual quanto o treinamento técnico necessário para a realização dos exames de forma segura e eficaz. A ação vai fortalecer a rede municipal para ampliar o número de Unidades Básicas de Saúde (UBS) aptas a oferecer os testes de maneira eficiente. “Ao ampliar o número de profissionais capacitados, garantimos que mais pessoas tenham acesso ao diagnóstico precoce e ao acompanhamento adequado. Essa é uma estratégia fundamental para salvar vidas e interromper a cadeia de transmissão das infecções”, destacou a coordenadora do Programa Municipal de IST/Aids, Flora Badaró Atualmente, todas as UBS’s já realizam o teste rápido. Entretanto, com a conclusão da formação, a expectativa é de que Ubatuba amplie ainda mais essa oferta em diferentes pontos da rede municipal. Saiba quem são os multiplicadores Os multiplicadores de teste rápido são profissionais de Saúde de nível superior preparados para capacitar e supervisionar outros trabalhadores da rede (executores) na realização dos exames. Além de garantir a qualidade técnica, eles acompanham os processos de trabalho e atuam como ponto de referência e apoio especializado na região. Prefeitura de Ubatuba
Aprovada urgência de PL que libera R$ 1,5 bi para saúde e educação

A Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, a urgência para apreciação do projeto de lei complementar (PLP) que exclui, do cálculo dos limites de despesas primárias, as despesas temporárias com educação pública e saúde previstas na legislação que trata do Fundo Social do Pré-Sal. O projeto também exclui essas despesas das metas fiscais. Com a aprovação da urgência, o projeto pode ser votado diretamente em plenário, sem passar pelas comissões da Casa. A lei que disciplina o uso do Fundo Social do Pré-Sal determina a destinação, na lei orçamentária anual da União, do equivalente a 5% do montante do fundo em cada ano para a educação pública e a saúde. Segundo o autor, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), os aportes anuais no Fundo Social são da ordem de R$ 30 bilhões e, caso o PLP 163/2025 seja aprovado, será possível acrescer algo em torno de R$ 1,5 bilhão ao ano para educação e saúde nos próximos cinco anos. “Trata-se de áreas em que há notória carência de recursos, de forma que esses recursos adicionais certamente serão bem-vindos! Ocorre que, se essas despesas forem computadas nos limites de gastos previstos pelo Novo Arcabouço Fiscal, a disponibilidade de recursos para gastos discricionários ficará ainda mais limitada”, defendeu. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp O deputado apontou que a proposta visa a adequar o arcabouço fiscal aprovado em 2023 a alterações legislativas posteriores e a situações que não foram observadas à época da aprovação. “A espinha dorsal desse arcabouço é garantir que as despesas primárias cresçam a um ritmo mais lento do que as receitas, gerando espaço fiscal para pagamento da dívida pública”, justificou. “Por outro lado, a norma reconhece a importância do gasto governamental em atividades estratégicas, e, por isso, exclui alguns gastos do limite de despesas”, completou. A proposta também exclui, do cálculo das despesas primárias, as despesas financiadas com recursos de empréstimos internacionais e suas respectivas contrapartidas. “Em relação aos recursos oriundos de empréstimos internacionais, não faz sentido que sejam submetidos ao limite de gastos, uma vez que são objeto de contratos firmados, com a obrigação de serem utilizados em determinados fins”, argumentou. Politica



