Medicamento experimental para controle do peso aumenta gasto energético e não afeta apetite

Em testes com animais, a molécula desenvolvida na América do Sul se mostrou capaz tanto de prevenir o acúmulo de gordura quanto de tratar a obesidade já instalada e as disfunções metabólicas associadas. Primeiros estudos em humanos atestaram a segurança do composto Artigo publicado na revista Nature Metabolism apresenta um medicamento experimental que estimula as células do tecido adiposo a gastar energia para produzir calor – processo conhecido como termogênese –, promovendo assim a perda de peso. Em testes com animais, o composto se mostrou capaz tanto de prevenir o acúmulo de gordura diante de uma dieta rica em lipídeos quanto de tratar a obesidade já instalada e reverter as disfunções metabólicas associadas, entre elas a resistência à insulina. Resultados preliminares da pesquisa clínica indicam que a substância é segura e sugerem que também em humanos pode haver efeitos benéficos para o metabolismo. “Observamos perda de peso e melhora da glicemia nos voluntários obesos que participaram do ensaio clínico de fase 1. Mas esse resultado não é conclusivo, pois foi um grupo pequeno e o objetivo era avaliar se o composto é seguro e bem tolerado. Pretendemos iniciar ainda este ano o estudo de fase 2 – este sim desenhado para testar a eficácia no tratamento da obesidade”, conta à Agência Fapesp Carlos Escande, pesquisador do Institut Pasteur de Montevideo (Uruguai) e coordenador da pesquisa. Por ora denominado SANA (do inglês salicylate-based nitroalkene), o fármaco experimental é um derivado do salicilato – composto químico com propriedades analgésicas e anti-inflamatórias encontrado naturalmente em plantas e que deu origem a medicamentos como a aspirina (ácido acetilsalicílico). Segundo Escande, seu grupo buscava inicialmente desenvolver uma droga com ação anti-inflamatória. E para isso testou diversas modificações químicas na molécula de salicilato. “Queríamos que o precursor utilizado fosse o mais seguro possível. E o salicilato é a droga que se conhece há mais tempo, muitas pessoas consomem seus derivados diariamente. Contudo, observamos que, em vez de proteger contra a inflamação, a molécula que sintetizamos protege contra a obesidade induzida por dieta”, diz o pesquisador. Dois modelos diferentes foram usados para testar esse efeito em animais. No primeiro, SANA começou a ser administrada a camundongos ao mesmo tempo que a dieta rica em gordura e preveniu totalmente o ganho de peso, enquanto os animais do grupo-controle engordaram entre 40% e 50% ao longo de oito semanas. No segundo, o tratamento começou quando os animais já estavam obesos. Após três semanas, verificou-se uma perda de 20% da massa corporal, além de redução da glicemia, melhora da sensibilidade à insulina e diminuição da gordura acumulada no fígado (esteatose hepática, condição para a qual ainda não há um tratamento farmacológico eficaz). First-in-class O passo seguinte foi investigar o mecanismo de ação da substância, tarefa com a qual colaboraram nove pesquisadores brasileiros: Marcelo Mori, Pedro Vieira e Larissa Menezes dos Reis, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); William Festuccia e Luiz Osório Leiria, da Universidade de São Paulo (USP); Juliana Camacho-Pereira, Marina Santo Chichierchio, Gabriele Barbosa e Leonardo de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Essa etapa contou com apoio da Fapesp por meio de três projetos (20/04159-8, 21/08354-2 e 22/11234-1). Os experimentos mostraram que SANA atua especificamente no tecido adiposo e ativa a termogênese por um mecanismo não convencional, podendo ser considerada “first-in-class”, ou seja, a primeira de uma nova classe de drogas antiobesidade. Não há ação no sistema nervoso central ou digestivo, nem efeito sobre o apetite. Como explicam os autores, a termogênese normalmente é mediada por uma proteína existente dentro da mitocôndria (a organela que gera energia para as células) chamada UCP1, que é ativada em determinadas situações – como a exposição ao frio, por exemplo – e interfere na síntese de ATP (trifosfato de adenosina, o combustível celular), fazendo com que a energia gerada pela respiração celular seja dissipada na forma de calor. Mas este não é o caso de SANA. O novo fármaco faz com que os adipócitos usem a creatina (um composto formado por três aminoácidos: arginina, glicina e metionina) como fonte de energia para produzir calor, sem qualquer participação da proteína UCP1. “Fizemos testes com camundongos deficientes para a UCP1 [modificados geneticamente para não expressar a proteína] e comprovamos que SANA ativa a termogênese nesses animais mesmo na ausência de UCP1 e em condição de termoneutralidade, ou seja, sem exposição ao frio”, conta William Festuccia, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Segundo o pesquisador, o impacto na temperatura corporal observado é pequeno e não representa risco significativo à saúde. “Termogênicos mais antigos, como dinitrofenol, têm efeito sobre as mitocôndrias do corpo inteiro, causando uma grande elevação da temperatura e sobrecarga ao sistema cardiovascular, que precisa aumentar a pressão arterial para o sangue chegar à periferia e dissipar o calor. Mas, no caso de SANA, só há ação nas mitocôndrias do tecido adiposo”, explica. Em experimentos coordenados por Marcelo Mori no Instituto de Biologia da Unicamp, confirmou-se que SANA atua sobre enzimas envolvidas no chamado “ciclo fútil da creatina”, mecanismo termogênico em que o composto de aminoácidos é repetidamente convertido em fosfocreatina e volta a ser creatina, consumindo ATP e dissipando energia sob a forma de calor. “O fato de ser uma molécula pequena e de agir por um mecanismo totalmente diferente permite a combinação de SANA com outras substâncias já usadas no tratamento da obesidade, como os análogos de GLP-1 [semaglutida e similares]”, avalia Mori. “Quando reduzimos a ingestão de alimentos, nosso corpo tende a diminuir o metabolismo. Para evitar esse efeito platô, seria interessante aliar uma molécula que inibe o apetite a outra que promove o gasto calórico.” Apesar de eficazes no combate à obesidade e no controle glicêmico, acrescenta Mori, os análogos de GLP-1 tendem a promover também a perda de massa magra, algo problemático principalmente para idosos. “Por isso é importante ter alternativas”, conclui.
InfoGripe: 18 estados têm aumento de casos graves de síndrome respiratória

O mais recente Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta que a incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) segue em nível de alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento em 18 as 27 unidades da Federação. O documento também mostra que as hospitalizações por SRAG nas crianças pequenas, associados ao vírus sincicial respiratório (VSR), seguem em alta em vários estados das regiões Centro-Sul, Nordeste e Norte. Os estados que compõem a lista são de todas as regiões do país, com predominância de estados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Confira o mapa com as 18 UFs no final da página. Apesar do aumento, o Boletim informa que há um sinal de interrupção do crescimento ou início de queda de internações de crianças em estados do Centro-Oeste e do Sudeste e em alguns do Norte e Nordeste. Conforme a FioCruz, a incidência de SRAG apresenta maior impacto nas crianças pequenas. Já em relação à análise de mortalidade, as crianças pequenas e os idosos apresentam os maiores valores. No Brasil, a influenza A se mantém como principal causa de internações de jovens, adultos e idosos, com maior incidência e número de mortes entre a população idosa. A atualização do Boletim mostra que em alguns estados do Centro-Oeste, como GO, DF e MS, e do Sudeste, sendo SP e ES, além do TO, também apresentam incidência de SRAG em nível de risco ou alto risco, mas com tendência de queda – apesar do número de hospitalizações ainda permanecer alto. Pelo boletim, essas UFs apresentaram tendência de recuo de casos nas últimas semanas, tendo como resultado o começo da redução das hospitalizações associadas à Influenza A e VSR nesses estados. A pesquisadora Tatiana Portella, do Programa de Computação Científica da Fiocruz e do InfoGripe, destaca a importância da vacinação, especialmente para as pessoas do grupo de risco, como idosos e pessoas com comorbidades. “É muito importante que as pessoas, principalmente dos grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com comorbidades, grávidas, estejam em dia com a vacina contra o vírus, já que esse grupo tem uma chance maior de desenvolver a forma mais grave da doença e precisar de hospitalização”, alerta a especialista. Cenário epidemiológico no país O documento identificou, ainda, que 14 das 27 capitais apresentam nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco – relacionado às últimas duas semanas – com sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo, ou seja, as últimas seis semanas até a semana 24. As capitais são: Aracajú (SE), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e Teresina (PI). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, o Boletim aponta que a influenza A prevaleceu entre os casos positivos, com 39,2%. Já a influenza B teve apenas 0,8% de casos positivos. Por outro lado, 45% foram de vírus sincicial respiratório, 17,7% de rinovírus e 1,6% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, 74,6% foram por influenza A, 0,8% influenza B, 13% de vírus sincicial respiratório, 9,7% de rinovírus e 4,2% de Sars-CoV-2 (Covid-19). Confira as 18 das 27 UFs que apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco com sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Semana 24 2025 (08/06 – 14/06): Estados e DF Fonte: Infogripe Capitais e região central de saúde do DF Fonte: Infogripe Em 2025 já foram notificados 103.108 casos de SRAG, 51,3% com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. Entre os casos positivos, 25,7% foram de influenza A. Fonte: Brasil 61
Gripe aviária pode ser transmitida entre humanos? Pode afetar carne de frango ou virar pandemia? Butantan responde

Apesar de a gripe aviária não ser transmitida de humano para humano atualmente, a circulação contínua dos vírus e sua transmissão entre aves, mamíferos e alguns casos em humanos, juntamente com o seu potencial de mutação, são fatos preocupantes que requerem medidas preventivas e uma preparação em caso de disseminação do vírus entre pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O que é a gripe aviária e o significa potencial pandêmico A gripe A (H5N1) é causada por um vírus aviário da influenza que está se espalhando rapidamente no mundo, causando a morte de milhões de animais e sintomas graves, que podem levar à morte de humanos. No momento, não há transmissão confirmada deste vírus em pessoas. Porém, se alguma linhagem se modificar a ponto de tornar possível a transmissão entre humanos, há um risco real de pandemia. “O vírus de influenza A(H5N1) está sendo transmitido de aves para aves, de aves para mamíferos, de mamíferos para mamíferos, de aves para humanos e mamíferos para humanos. Só não vimos ainda a transmissão de pessoa para pessoa, mas existe um potencial do vírus adquirir essa capacidade, o que é muito perigoso porque aumenta o risco de uma pandemia”, afirma o pesquisador científico e gerente de Desenvolvimento e Inovação de Produtos do Butantan, Paulo Lee Ho. A OMS ainda considera baixo o risco de uma pandemia em humanos, sobretudo pelo número de casos notificados nos últimos 20 anos no mundo e pela avaliação de risco de sua ferramenta conhecida como TIPRA (Tool for Influenza Pandemic Risk Assessment – Ferramenta para Avaliação de Risco de Pandemia de Influenza). De 2003, quando o vírus foi detectado pela primeira vez, até 27 de maio de 2025, a OMS registrou 976 casos de infecção humana em 25 países; destes, 13 casos e cinco mortes ocorreram em 2025. Do total de 976 casos, 470 foram fatais, o que confere uma taxa de letalidade de 48,2%. “Apesar de a OMS considerar o risco baixo, nós nunca sabemos quando a transmissão entre humanos pode começar. Por isso, temos que nos preparar caso aconteça”, ressalta Paulo Lee Ho. A linhagem de gripe A(H5N1) surgiu pela primeira vez em 1996 e tem causado surtos em aves desde então. Desde 2020, uma variante desses vírus levou a um número sem precedentes de mortes em aves selvagens e aves domésticas em muitos países. Depois de afetar a África, Ásia e Europa, em 2021, o vírus se espalhou para a América do Norte e, em 2022, para a América Central e do Sul. De 2021 a 2022, a Europa e a América do Norte observaram a maior e mais extensa epidemia de gripe aviária com persistência incomum do vírus em populações de aves selvagens. Desde 2022 há relatos crescentes de surtos mortais entre mamíferos, também causados por vírus influenza A/H5 – incluindo influenza A (H5N1). No Brasil, até o momento, não foi registrado nenhum caso da doença em humanos, embora o país já tenha registrado e controlado alguns focos em aves silvestres e em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Dentro deste contexto, o pesquisador Paulo Lee Ho esclarece dúvidas sobre o vírus e o que o Butantan vem estudando para preparar uma vacina contra a doença. 1-O que é a gripe aviária? A influenza aviária, conhecida mundialmente como Influenza A Viruses ou pela sigla IAV, é um tipo de gripe zoonótica (ou animal) que afeta sobretudo aves selvagens e domésticas, e que tem como agente responsável um ortomixovírus. Todos os vírus influenza de aves e de muitos mamíferos são do tipo A. Eles são classificados em subtipos com base em diferenças antigênicas de duas proteínas de superfície: hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA). Existem pelo menos 16 subtipos de HA e 9 de NA reconhecidos como de origem aviária, que dão origem aos subtipos da influenza A H5N1, H9N2, H3N8, entre outros. Os IAVs podem ser classificados pela categoria e subtipo de patogenicidade. Os vírus de alta patogenicidade (HPAI – Highly Pathogenic Avian Influenza, na sigla em inglês) H5 ou H7 são assim classificados a partir de um teste de virulência realizado em galinhas, conforme a capacidade do vírus de causar lesões severas e alta mortalidade. Os de subtipo H3N2 são considerados de baixa patogenicidade. O A (H5N1) é um dos vários vírus da gripe que podem causar uma doença respiratória altamente infecciosa em aves. Infecções em mamíferos, incluindo humanos, também foram documentadas. A infecção pelo vírus da gripe A(H5N1) pode causar uma série de doenças em humanos, de leves a graves e, em alguns casos, pode até ser fatal. 2-O que causa uma pandemia de gripe? Pandemias de gripe acontecem de tempos em tempos, justamente pelos vírus influenza serem altamente recombináveis, mutáveis e circularem nos hemisférios norte e sul do planeta. A OMS os monitora continuamente, e essas informações são utilizadas pelos produtores de vacina para atualizar os imunizantes de influenza sazonal todos os anos. Como o vírus influenza aviário A/H5 está em constante evolução, ele tem potencial de se tornar transmissível de pessoa para pessoa, após cruzar a barreira de transmissão ave-humanos. Não se sabe se isso vai acontecer e nem quando. Mas se ocorrer, pode dar início a uma nova pandemia de influenza – como foi o caso da gripe espanhola de 1918 e da gripe A(H1N1) de 2009, segundo a OMS – que pode ser avassaladora, devido à alta taxa de mortalidade do vírus. 3-Já vivemos outras pandemias de gripe? Sim. Um milhão de pessoas em todo o mundo morreram em um surto de gripe em 1957, que começou na China, mas se espalhou globalmente. Em 1968, outro surto ceifou de 1 a 3 milhões de vidas no mundo. Em 2003, o ressurgimento da gripe A(H5N1) evidenciou como o vírus podia ser transmitido de animais para pessoas, mas não atingiu o estágio pandêmico: o vírus não conseguiu se transmitir de forma sustentável de pessoa para pessoa – o que ainda se mantém. A última pandemia foi a de gripe A(H1N1) em 2009, debelada graças às vacinas, embora
Prefeitura de Pindamonhangaba anuncia Gripário na Unidade Mista da Cidade Nova para desafogar PS e UPAs diante do aumento de casos gripais

Com a queda acentuada da temperatura e o aumento no número de ocorrências de doenças respiratórias, o Pronto Socorro de Pindamonhangaba e as unidades de pronto atendimento está registrando um aumento médio de 30% no atendimento. Para reduzir essa movimentação intensa nas unidades de emergência, a Prefeitura de Pinda está anunciando a implantação de um Gripário que deverá ser implantando ainda neste mês de junho, com fluxo especializado e definido para tratamentos exclusivo de pacientes com sintomas gripais. O anúncio foi feito pelo prefeito Ricardo Piorino, ao lado da secretária de Saúde Silvia Mendes na manhã desta segunda-feira. “Temos visto esse aumento considerável nas nossas unidades, especialmente nossas crianças e idosos no enfrentamento de doenças respiratórias agravadas com infecções como influenza (gripe), covid-19, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros, aumentando também o número de internações”, explicou a secretária. Segundo ela, o município ainda registra casos relacionados à dengue, embora bem menor no comparativo com 2024, que também tem lotado as unidades de saúde, aumentando o tempo de espera no atendimento.O prefeito Ricardo Piorino ressaltou o esforço que vem realizando junto a busca de recursos financeiros através de emendas para melhorar o atendimento na saúde público do município. “Sabemos que no período do frio há um aumento significativo nos casos de doenças respiratórias pois temperaturas mais baixas e ambientes mais fechados favorecem a disseminação dos vírus causadores de infecções como gripe e resfriado, aumentando sensivelmente doenças como rinite, sinusite, asma e bronquite. Tudo isso vem superlotando nossas unidades e com o gripário na Cidade Nova, queremos desafogar o atendimentos nas UPAs e no PS”, frisou Piorino.A Secretaria de Saúde do município alerta a população quanto aos cuidados necessários para evitar o contágio com infecções típicas desta época do ano:
Meninas mães passam de 14 mil e só 1,1% tiveram acesso a aborto legal

Quase 14 mil meninas de 10 a 14 anos de idade tiveram filhos no Brasil em 2023, e apenas 154 tiveram acesso ao aborto legal. As crianças de até 14 anos de idade são as maiores vítimas de violência sexual no Brasil e, além disso, a legislação brasileira considera que todas essas gestações são fruto de estupro, já que uma pessoa só tem idade para consentir com a relação sexual, a partir dos 14 anos. Portanto, todas essas meninas teriam direito a interromper a gravidez, mas o número de procedimentos foi apenas 1,1% do total de gestações concluídas. “Uma menina não engravida, ela é engravidada. Nós não podemos imputar a ela essa responsabilidade. E a gente tem que se referir a esses casos como gravidez infantil, gravidez de criança”, enfatiza a presidente da Associação de Obstetrícia de Rondônia, Ida Perea Monteiro, que apresentou os dados no Congresso de Ginecologia e Obstetrícia, na última semana no Rio de Janeiro. “É uma tragédia que revela um fracasso coletivo e tem consequências graves, a interrupção da trajetória educacional, o comprometimento do desenvolvimento físico e emocional, a reprodução do ciclo de pobreza e exclusão social e o maior risco de complicações obstétricas e de mortalidade materna e infantil”, alerta Ida. A especialista lembrou que desde 2017, todos os casos de gestação infantil devem ser notificados ao Ministério de Saúde e às autoridades de segurança, justamente porque se tratam de estupro presumido, independente das circunstâncias. As meninas também precisam ser informadas de imediato que têm direito a interromper a gestação de forma legal, pelo Serviço Único de Saúde, se assim desejarem. Mas na prática, de acordo com Ida, poucas recebem as orientações adequadas, e esse direito também é dificultado pela pequena quantidade de hospitais que realizam o procedimento. Hoje são menos de 100 em todo o Brasil. Entraves O médico Olímpio Barbosa de Morais Filho, diretor-médico do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – Cisam, em Recife, um dos hospitais de referência em abortamento legal, acredita que o direito à interrupção da gravidez também é negado de forma proposital por pessoas em diversas instituições, que são contrárias ao aborto. Ele reforça o compromisso ético e humanitário dos profissionais de saúde. “A objeção de consciência é relativa, não é absoluta. E é o nosso papel, mesmo quando você tem objeção de consciência, informar a pessoa sobre os seus direitos. Porque ela tem direito à saúde e você escolheu se preocupar com a saúde de terceiros. Provavelmente, se fosse oferecido o aborto legal, a grande maioria dessas meninas teria expressado esse desejo. Ou muitas vezes, elas até expressam, mas as portas são fechadas”, afirma o obstetra. De acordo com o médico, os profissionais que identificam uma gravidez infantil também têm o compromisso de ajudar as vítimas a terem seu desejo respeitado. “O direito à interrupção é da menina, não cabe interferência da família ou de profissionais. Se a decisão da família é conflitante com a decisão da menina, a gente precisa buscar a decisão judicial para suprir esse consentimento através do Ministério Público, da Defensoria Pública, porque quanto mais tempo demora, mais você está submetendo aquela menina a sofrimento”. Morais é um antigo defensor do acesso pleno e humanizado ao aborto legal, mas se tornou ainda mais conhecido, e atacado, depois de receber no Cisam uma menina de 10 anos de idade, grávida após violência sexual, que não havia sido atendida na unidade de referência do Espírito Santo, onde morava, porque já estava com 22 semanas de gestação. O caso aconteceu em 2020 e mobilizou a opinião pública. Desde aquele ano, diversas iniciativas tentam limitar a idade gestacional para o aborto, o que não existe pela legislação atual, incluindo o projeto de lei que pretendia equiparar a interrupção da gravidez, após às 22 semanas, ao crime de homicídio, apelidado de PL do Estupro por organizações feministas e de defesa dos direitos da criança. O diretor do Cisam avalia que o objetivo é inviabilizar o aborto legal de forma geral e alerta que essa limitação prejudicaria especialmente as crianças e adolescentes vítimas de violência. “Como o agressor em cerca de 70% das vezes é uma pessoa da família ou próxima, essa pessoa tem um poder muito grande sobre essa criança e ela não sabe que está grávida ou tem medo de que as pessoas descubram. Isso só acontece quando a barriga cresce, o que demora. E às vezes quando procura uma unidade de saúde, para ter direito ao aborto, o procedimento é adiado”, diz diretor do Cisam. Mortes Essa demora também agrava outro drama relacionado à gravidez infantil, o risco de complicações e de mortalidade. A obstetra Ida Perrea Monteiro aponta que a razão de morte materna entre as meninas de 10 a 14 anos de idade é de cerca de 50 casos a cada 100 nascidos vivos, o que cai para 26 na faixa etária dos 20 a 24 anos. De 2019 a 2023, 51 meninas morreram em consequência da gravidez, por causa como eclampsia, infecção generalizada e complicações de aborto feito clandestinamente. “A mortalidade materna infantil é um desfecho extremo da violência sexual e da negligência institucional. Somos nós falhando como sociedade. Nós temos que proteger nossas meninas para que elas possam crescer, estudar e prosperar”, afirma Ida. Repórter da Agência Brasil
Carreta da Mamografia amplia acesso a exames gratuitos; mulheres podem cobrar vereadores para trazer a iniciativa para suas cidades

As Carretas de Mamografia, uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, estão percorrendo diversos municípios paulistas para oferecer exames gratuitos e promover o diagnóstico precoce do câncer de mama. A ação, parte do programa Mulheres de Peito, visa garantir que mulheres de diferentes faixas etárias tenham acesso a um exame essencial para a saúde. No entanto, a iniciativa ainda não chegou a todas as cidades, e as mulheres podem cobrar seus vereadores para trazer a carreta para suas regiões. Mulheres entre 50 e 69 anos podem realizar o exame sem necessidade de pedido médico, apresentando apenas o RG e o cartão do SUS. Já as mulheres de 35 a 49 anos e acima de 70 anos precisam apresentar, além desses documentos, um pedido médico. As senhas são distribuídas por ordem de chegada, e não é necessário agendamento prévio. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h, exceto em feriados. O programa Mulheres de Peito já registrou um aumento de 40% no número de exames realizados em 2025, reforçando a importância da iniciativa para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Em caso de alterações no exame, as pacientes são encaminhadas para serviços de referência do SUS para exames complementares ou tratamento. A presença da Carreta da Mamografia em uma cidade depende, em grande parte, da mobilização da comunidade e da atuação dos vereadores locais. Mulheres interessadas em trazer a iniciativa para suas cidades podem entrar em contato com seus representantes na Câmara Municipal, cobrando ações concretas para viabilizar a vinda da carreta. A pressão popular é fundamental para garantir que os recursos e a logística necessários sejam alocados para que o projeto se torne realidade. A iniciativa integra o movimento SP Por Todas, que amplia a visibilidade das políticas públicas voltadas para as mulheres, incluindo proteção, acolhimento e autonomia profissional e financeira. Outras ações incluem o aplicativo SP Mulher Segura, que conecta a polícia de forma direta em casos de emergência, e o auxílio-aluguel de R$ 500 para vítimas de violência doméstica. As Carretas de Mamografia representam um avanço significativo na saúde pública, garantindo acesso a exames essenciais e promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção do câncer de mama. A mobilização das mulheres para cobrar seus vereadores é um passo crucial para ampliar o alcance dessa iniciativa e garantir que mais pessoas tenham acesso a esse serviço fundamental.
CRAS realizam ação em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres

A Prefeitura de Pindamonhangaba, por meio da Secretaria de Assistência Social, através do Departamento de Proteção Social Básica, realizou no mês de março, encontros com as mulheres atendidas pelos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade, em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres. Com parceria das Secretarias de Esporte e Lazer, Secretaria de Saúde por meio do Centro de Pesquisa e Investigação Clínica (CEPIC) e Conselho da Mulher, foram realizados encontros nos cinco CRAS, sendo eles: CRAS Cidade Nova, quinta-feira (6); CRAS Castolira, sexta-feira (7) e terça-feira (11); CRAS Centro, segunda-feira (10); CRAS Moreira César, quarta-feira (12); CRAS Araretama, sexta-feira (21), proporcionando uma roda de conversa sobre os Direitos das Mulheres, um momento de lazer com alongamento e aula de yoga e um café especial ofertado pela Secretaria de Assistência Social. A secretária de Assistência Social, Andrea Barreto, comentou a importância de celebrar esse dia. “É uma data que celebra muitas conquistas femininas ao longo dos últimos anos, mas também serve como um alerta sobre os graves problemas de gênero enfrentado por elas, que persistem. Precisamos fortalecer a valorização feminina dentro dos espaços em que elas ocupam, as motivando em seu dia a dia”. “A ação que comemorou o Dia Internacional das Mulheres nos CRAS teve o intuito de valorizar as mulheres, proporcionando um espaço de acolhimento, valorização da autoestima, escuta e fortalecimento de vínculos comunitários”, explicou a diretora de Proteção Social Básica, Marcela Louzada.Durante todo o ano, os CRAS realizam ações coletivas, levando informações e conhecimento a toda a população. Esses eventos visam fortalecer o papel da mulher na sociedade, esclarecendo e garantindo direitos muitas vezes violados.
Dengue: Governo de SP reforça a cobertura vacinal contra a doença em todo o estado

O Governo de São Paulo reforça a importância da vacinação contra a dengue e alerta pais e responsáveis sobre a necessidade de imunizar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A campanha de imunização segue em andamento em 392 municípios paulistas, conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS). Desde o início da vacinação, em fevereiro de 2024, até o dia 19 de fevereiro de 2025, foram administradas no estado um total de 670.936 primeiras doses e 268.665 segundas doses, correspondendo a cobertura de 27,91% e 11,18%, respectivamente. Até quarta-feira (26), foram confirmados 158 mil casos de dengue e 140 óbitos, entre eles o falecimento de duas crianças na faixa etária (10 – 14) da vacinação em Nova Aliança e São Paulo. Ambos os municípios seguem com a campanha de imunização em andamento. LEIA TAMBÉM: Nova frente fria chega ao Brasil Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica indicando que os estados poderiam, conforme a validade dos imunizantes, ampliar a faixa etária para a vacinação contra a dengue. Como resultado, 16 cidades do estado expandiram a faixa etária, agora incluindo o público de 4 a 59 anos. As cidades contempladas são: Santa Branca, Quintana, Macatuba, Agudos, Bariri, Mineiros do Tietê, Lençóis Paulista, Jaú e Capela do Alto. Além disso, os municípios de Reginópolis, Pederneiras, Balbinos, Presidente Alves, Restinga e Lupércio expandiram a vacinação para a faixa etária de 6 a 16 anos. Como funciona a vacinação contra a dengue na rede pública? O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Para receber a vacina, pais ou responsáveis, devem levar a criança ou o adolescente até a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, portando documento de identidade, caderneta de vacinação e comprovante de residência ou escolar. Se a criança/adolescente for diagnosticada com dengue, deve aguardar seis meses para iniciar a vacinação. Caso a infecção ocorra após a aplicação da primeira dose, a segunda deve ser mantida conforme o calendário, desde que haja um intervalo mínimo de 30 dias entre a doença e a segunda aplicação. LEIA TAMBÉM: Desinformação e Saúde Pública no Carnaval 2025: Um desafio em andamento com olhar para as Eleições de 2026 SP apresenta vacina em dose única O Instituto Butantan submeteu à Anvisa, em dezembro de 2024, o último pacote de documentos para aprovação de sua vacina contra a dengue. O imunizante é tetravalente, desenvolvido para proteger contra os quatro sorotipos do vírus, e, se aprovado, será o primeiro do mundo em dose única. A produção já foi iniciada e, em caso de aprovação, a expectativa é entregar 1 milhão de doses ainda em 2025, com um total de 100 milhões previstas até 2027. A candidata à vacina protege contra os quatro sorotipos de dengue no mundo e teve seus dados de segurança e eficácia divulgados no New England Journal of Medicine, que mostraram 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática aos dois anos de acompanhamento. Resultados da fase 3 do ensaio clínico publicados na The Lancet Infectious Diseases mostraram, ainda, uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos. Principais sintomas da dengue Para esclarecer informações e combater fake news, o Governo de SP lançou o portal “Dengue 100 Dúvidas”, que reúne as perguntas mais frequentes sobre dengue, Zika e chikungunya. Acesse: www.dengue100duvidas.sp.gov.br. Valeemacao
Escola de Pindamonhangaba ganha novas caixas d’água e melhorias

Na quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025, a Prefeitura de Pindamonhangaba deu um passo importante na melhoria da infraestrutura da Escola Municipal Professora Madalena Caltabiano Salum Benjamin, localizada no bairro Nova Esperança. A instalação de duas novas caixas d’água e a manutenção da antiga caixa são parte de um esforço contínuo para garantir que os alunos tenham acesso a água potável e condições adequadas para o aprendizado. Novas Caixas D’água e Manutenção As novas caixas d’água foram instaladas para abastecer a escola, enquanto a água da caixa antiga será utilizada exclusivamente para serviços de limpeza. Essa ação é um reflexo do compromisso da Prefeitura em melhorar as condições das escolas municipais e garantir que os alunos possam estudar em um ambiente saudável e seguro. A secretária de Educação, Luciana Ferreira, destacou a importância dessas melhorias: “Estamos focados em garantir que todas as nossas escolas tenham a infraestrutura necessária para oferecer uma educação de qualidade. A instalação das novas caixas d’água é um passo fundamental nesse processo.” Melhorias em outras unidades Além da Escola Madalena Caltabiano, outras instituições de ensino também estão recebendo melhorias. A Prefeitura já realizou a substituição dos filtros dos bebedouros em várias escolas, incluindo a Escola André Franco Montoro, CMEI CAIC – Projeto Guri, Escola Joaquim Pereira, Escola Maria Zara, CMEI Ruth Dóris e Escola Paulo Freire. Essas ações visam não apenas melhorar a qualidade da água consumida pelos alunos, mas também assegurar que todos tenham acesso a bebedouros funcionais. Luciana Ferreira informou que muitas escolas já possuem bebedouros novos ou filtros que não necessitam de substituição imediata. “As ações de manutenção continuarão nas próximas semanas, com foco em garantir que todas as unidades estejam adequadas para o início do ano letivo,” afirmou. Vistoria e diálogo com a comunidade Recentemente, uma comissão de profissionais foi formada pela Secretaria de Educação para realizar vistorias nas escolas e creches da cidade. O objetivo é elaborar um relatório detalhado sobre as condições das unidades e estabelecer um canal de comunicação mais direto com pais, professores e diretores. Essa iniciativa visa promover um ambiente escolar mais transparente e colaborativo. “Estamos comprometidos em ouvir as necessidades da comunidade escolar e agir rapidamente para resolver quaisquer problemas identificados,” disse Ferreira. A expectativa é que essas vistorias ajudem a priorizar as ações necessárias nas escolas. Serviços preventivos e sustentáveis Além das melhorias nas caixas d’água e bebedouros, a Prefeitura também está implementando práticas sustentáveis nas escolas. Em reuniões recentes entre as secretarias de Educação e Meio Ambiente, foram discutidos projetos que envolvem o cultivo de hortas escolares e ações educativas sobre sustentabilidade. Essas iniciativas têm como objetivo não apenas melhorar o ambiente escolar, mas também educar os alunos sobre a importância da preservação ambiental. “Queremos que nossos estudantes se tornem agentes de mudança em suas comunidades,” afirmou o secretário de Meio Ambiente, Rafael Lamana. A Importância da água potável nas escolas A água é um recurso essencial para a saúde e o bem-estar dos alunos. O acesso à água potável nas escolas é fundamental para garantir que os estudantes possam se concentrar em suas atividades sem se preocupar com questões relacionadas à hidratação ou à qualidade da água consumida. Com as novas caixas d’água instaladas na Escola Madalena Caltabiano, espera-se que os alunos tenham acesso contínuo à água limpa durante todo o dia letivo. Esse tipo de infraestrutura não apenas melhora as condições sanitárias da escola, mas também contribui para o desempenho acadêmico dos estudantes. Desafios e compromissos futuros Apesar dos avanços realizados pela Prefeitura, ainda existem desafios a serem enfrentados. As fortes chuvas que afetaram Pindamonhangaba no final de 2024 atrasaram algumas obras e serviços de manutenção programados. Para resolver essa situação, a Secretaria de Educação está contratando uma empresa emergencialmente para finalizar os serviços pendentes. “Estamos cientes dos desafios enfrentados e trabalhando arduamente para garantir que todas as nossas escolas estejam preparadas para receber os alunos,” garantiu Ferreira. As recentes melhorias na Escola Municipal Professora Madalena Caltabiano Salum Benjamin são um reflexo do compromisso da Prefeitura de Pindamonhangaba com a educação pública. Com investimentos em infraestrutura e práticas sustentáveis, a administração municipal busca proporcionar um ambiente escolar mais seguro e saudável para todos os alunos. À medida que novas ações são implementadas nas escolas municipais, espera-se que essas iniciativas contribuam significativamente para o desenvolvimento educacional das crianças na cidade. A participação ativa da comunidade escolar será crucial para o sucesso dessas melhorias e para garantir que todos tenham acesso à educação de qualidade. Valeemacao
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