Domínio da matemática é instrumento de poder, diz presidente do Impa

O conhecimento em matemática pode definir quem exerce poder na sociedade atual, avalia o matemático e diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana. Ele explica que, no contexto da inteligência artificial e dos algoritmos cada vez mais presentes em situações cotidianas, a democratização do ensino de matemática é uma questão de justiça e cidadania. “Antes, ela já estava em tudo, agora ela está também no modo como as nossas vidas são guiadas. Se você submete um pedido de crédito, a decisão provavelmente vai ser tomada por uma inteligência artificial, que é baseada em matemática. Se você não tem o conhecimento [em matemática], você está à mercê de quem utiliza esse conhecimento”, destaca Viana, em entrevista à Agência Brasil. Uma das principais vozes da divulgação científica no país, Viana lançou o livro A Descoberta dos Números, na semana passada. O matemático conta que sempre gostou de falar sobre essa área do conhecimento e de promover sua popularização como forma de incentivo aos jovens, além de compartilhar o gosto que tem pelo assunto. “Não é só para produzir mais matemáticos, é para todo mundo gostar da matemática”, diz. Confira os principais trechos da entrevista: Agência Brasil: Qual é a importância da democratização e da popularização do ensino de matemática, não só para o aluno, mas para a sociedade?Marcelo Viana: Em primeiro lugar, é uma questão de justiça, uma questão de cidadania. É um dos direitos fundamentais dos cidadãos o acesso à educação, em particular, a alfabetização. É um princípio pacífico em todas as sociedades modernas que todos nós temos direito a sermos alfabetizados, isso é uma condição necessária para exercer a cidadania. Não sou o primeiro a dizer, mas sou um defensor do princípio de que o acesso ao conhecimento matemático, digamos, a alfabetização matemática é igualmente um direito fundamental do cidadão. Depois, nos nossos dias, século 21, a matemática está entrando na vida de cada um de nós de novos jeitos, e muito mais invasivos do que antes. Antes, ela já estava em tudo, agora ela está também no modo como as nossas vidas são guiadas. Se você submete um pedido de crédito, a decisão provavelmente vai ser tomada por uma inteligência artificial, que é baseada em matemática. Se você não tem esse conhecimento, você está à mercê de quem utiliza o conhecimento [em matemática], que necessariamente vai ser em benefício próprio. Agência Brasil: O senhor poderia exemplificar?Viana: Tem um documentário que eu recomendo a todo mundo, em inglês, o título é Counted Out – em português, a tradução seria Excluídos pela Matemática –, que apresenta a seguinte mensagem: nos dias de hoje, matemática é poder. Quem tem esse conhecimento exerce o poder. Quem não tem está sujeito a ser explorado, a ser manipulado por quem detém o poder do conhecimento matemático. O filme traz um exemplo contundente de um prisioneiro americano cujo pedido de prisão condicional foi negado pelas autoridades com base na decisão de um algoritmo e inteligência artificial. E contra algoritmo não tem argumento. O que ele fez, uma história impressionante, foi que ele se informou, buscou dados, buscou informação inclusive com outros prisioneiros a quem tinha sido concedida a liberdade condicional e outros a quem tinha sido negada. Ele entendeu como o algoritmo funcionava, mostrou que o funcionamento estava errado, que o funcionamento tinha viés e tinha preconceito. Ele conseguiu, por meio desse conhecimento, que as autoridades americanas parassem de usar esse algoritmo porque ele tinha um viés. O conhecimento matemático já não é mais aquela coisa ingênua de ‘eu preciso de matemática para fazer contas’. Logo as decisões judiciais vão estar amparadas em inteligência artificial também. Tem um monte de decisões que impactam na vida de cada um de nós que passam por esse conhecimento. Finalmente, não menos importante, nós sabemos de fonte segura que a matemática é um um gerador de riqueza. Agência Brasil: Nesse contexto da geração de riqueza, qual é a situação do Brasil?Viana: Um estudo que a Fundação Itaú publicou em fevereiro de 2024 avaliou que atualmente as profissões que usam matemática geram 4,6% do Produto Interno Bruto [PIB] do Brasil, ou seja, uns R$ 450 bilhões que são produzidos por profissões que usam matemática. Só que esse percentual em países avançados fica entre 15% e 18%. Nós não estamos explorando tanto quanto seria possível esse filão, esse potencial que a matemática tem para gerar riqueza. Se nós conseguirmos passar dos nossos 4,6% para os 18% da França – 18% do PIB francês é produzido pela matemática – nós somaremos ao PIB do Brasil mais de R$ 1 trilhão por ano. Isso não é pouca coisa. Para isso, a primeira coisa que tem que acontecer é ter mais jovens com um bom relacionamento com a matemática, mais jovens que sejam capazes de usar a matemática para resolver problemas e mudar o mundo. As oportunidades são por toda parte: no agronegócio, no mercado financeiro, na saúde, no setor de energia, absolutamente qualquer setor da atividade econômica, hoje em dia, tem potencial para incorporar matemática e melhorar muito a sua eficiência. Todas essas razões tornam a matemática fundamental – cidadania, empoderamento, desenvolvimento. Professor Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) – Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil Agência Brasil: O Anuário Brasileiro da Educação Básica, que saiu no mês passado, mostrou que a maioria dos jovens não saem do ensino médio com aprendizagem adequada em língua portuguesa e matemática. O levantamento mostrou também que os piores resultados estão na parcela dos 20% mais pobres e daqueles que frequentam escolas públicas. Quais são os desafios no país diante dessa realidade?Viana: O Brasil é um país extremamente injusto e desigual, nós estamos em um dos países com o maior índice de desigualdade e isso se reflete no que você está dizendo. A educação que a gente oferece às classes menos favorecidas é realmente de qualidade inferior. Isso é um problema de uma escala continental que o Brasil tem. Mas a gente não pode ter ilusões, porque mesmo as melhores escolas no Brasil não são competitivas em termos internacionais. Com raríssimas e honrosas exceções, as nossas escolas particulares também não se destacam
Dino autoriza silêncio de presidente de sindicato na CPMI do INSS

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) pode ficar em silêncio nesta quinta-feira (9), em depoimento marcado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Pela decisão, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, fica desobrigado de responder a perguntas de deputados e senadores, diante do risco de que as respostas possam incriminá-lo. Para Dino, o dirigente sindical é obrigado a comparecer, mas pode ficar calado, uma vez que “há indícios de que a convocação, ainda que formalmente na qualidade de testemunha, se insere em uma dinâmica investigativa que pode expô-lo à produção forçada de prova contra si próprio”. O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), reclamou da “blindagem de pessoas próximas ao governo”, que estariam “usando a legislação” para não dar explicações. A convocação de Milton Cavalo para depor na CPMI foi requerida por diversos parlamentares de oposição ao governo. O Sindnapi, o qual preside, é uma das mais de dez entidades associativas investigadas por fraudes em aposentadorias e pensões do INSS. O sindicato tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O sindicalista, contudo, não figura como alvo das investigações. Politica
CPMI aprova pedido de prisão preventiva do presidente da Conafer

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os descontos ilegais de beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) aprovou nesta quinta-feira (2) um requerimento para pedir a prisão preventiva do presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. Lopes depôs no colegiado na terça-feira (30) e chegou a ser preso pela CPMI por falso testemunho, mas foi liberado depois. De autoria do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o requerimento pede a prisão preventiva ou a adoção de outras medidas cautelares contra Lopes. A solicitação será encaminhada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça. A Conafer é apontada como uma das organizações que mais movimentaram recursos a partir de descontos de aposentados e beneficiários que foram associados à entidade. Em seu requerimento, Gaspar aponta que dados do Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) mostram inúmeras transferências de valores de forma pulverizada a diversas pessoas físicas e jurídicas, sendo, na maioria, ligadas a Carlos Roberto. Segundo o relator, isso demonstra um ciclo vicioso de lavagem de dinheiro. Segundo Gaspar, Carlos Roberto não conseguiu justificar, ao longo de seu depoimento à CPMI, a origem lícita dos recursos financeiros transferidos e a regularidade dos negócios jurídicos supostamente realizados. “Há transferências de ordem superior a cento e quarenta milhões de reais remetidas pela Conafer a diversas pessoas físicas e jurídicas ligadas ao Senhor Cícero Marcelino, assessor do senhor Carlos Roberto. As movimentações financeiras, assim delineadas, mostram-se superior ao perfil econômico informado. Ressalte-se que o Senhor Cícero Marcelino figura como assessor do senhor Carlos Roberto Ferreira Lopes havendo indícios de que tais operações bancárias eram realizadas por meio de aplicativo móvel diretamente pelo próprio Cícero, sob a supervisão de Carlos”, justificou. Gaspar disse ainda que os indícios de autoria são suficientes e a prova de materialidade é robusta para a prisão preventiva. “No tocante aos fundamentos, o perigo de fuga do investigado Carlos Roberto é patente, consubstanciando a aplicação da Lei Penal. No tocante à garantia da ordem pública, o investigado demonstra a possibilidade de manutenção da prática delitiva, promovendo a associação de aposentados mediante pagamento de comissão a agentes de captação, segundo informações trazidas no depoimento do investigado perante à CPMI”, apontou. “No mesmo sentido, a amplitude dos supostos serviços prestados pela Conafer, segundo o próprio depoente, pode indicar a manutenção do crime de lavagem de dinheiro e organização criminosa com desvio de finalidade em outras áreas de atuação da entidade, recomendando a prisão cautelar para evitar práticas delitivas continuadas”, finalizou. Convocações A CPMI também aprovou a convocação de ex-servidores do INSS para depor sobre fraudes em descontos de aposentados e pensionistas. Entre eles está o ex-procurador-geral da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho. Ele foi afastado do cargo assim que a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto para investigar o esquema de descontos associativos não autorizados. Além do ex-procurador, a esposa dele, Thaisa Hoffmann Jonasson, e a irmã Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira, também foram convocadas nesta quinta. Há indícios de que elas teriam recebido recursos de empresas relacionadas às associações investigadas. Os depoimentos ainda serão agendados. Politica
Presidente de associação é preso em CPMI do INSS por suposta mentira

O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso na madrugada desta quarta-feira (30) sob acusação de falso testemunho, após mais de nove horas de depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os descontos ilegais de beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Logo em seguida, ainda durante essa madrugada, ele foi solto na delegacia da Polícia Legislativa do Senado. Questionada, a assessoria de imprensa do Senado não respondeu se houve pagamento de fiança para libertação do detido. Carlos Roberto Ferreira Lopes foi convocado à CPMI na condição de testemunha, o que o obrigava a dizer a verdade. Depois de pedidos de parlamentares que o acusavam de mentir em seu depoimento, o presidente da Comissão, senador Carlos Vianna (Podemos-MG), solicitou a prisão do depoente. “Ele mentiu deliberadamente à CPMI. Ele tentou de todas as maneiras nos convencer de que se tratava de uma operação perfeitamente legal e correta. Não é. Nós sabemos muito bem que isso é lavagem de dinheiro, dinheiro dos aposentados”, disse o senador. Contradições O senador Carlos Vianna justificou o pedido de prisão do presidente da Conafer afirmando que ele omitiu informações e que teria entrado em contradição ao falar do aumento da arrecadação da Conafer, do ganho patrimonial dele próprio, e sobre sócios da empresa. Durante o depoimento, Carlos Roberto Ferreira Lopes negou participação em fraudes nos descontos dos associados da Conafer. Ele sustentou que a organização não é de fechada e se colocou a disposição da Comissão para prestar maiores informações. “Tanto eu, quanto a confederação, nos colocamos à total disposição, integralmente, para entrega de documentos e prestação de esclarecimentos assim que requerido”, disse antes de ser detido pela CPMI. A Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados, segundo investigação da Polícia Federal. Entre 2019 e 2024, a arrecadação da entidade com descontos associativos teria crescido de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, ao ano. A Agência Brasil tenta contato com a defesa de Carlos Lopes e enviou pedido de informação à assessoria da Conafer, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. Segunda prisão Esta é a segunda prisão que ocorre na CPMI do INSS. A primeira foi do empresário Rubens Oliveira Costa, também acusado de mentir na Comissão. Costa é apontado como sócio do empresário Antônio Carlos Antunes, conhecido como Careca do INSS e investigado como suposto operador do esquema de corrupção. Ele afirma que só prestou serviços legais às associações e nega a acusação. Assim como na prisão desta madrugada, Rubens foi solto horas depois de ter sua detenção determinada pelo presidente da CPMI. Politica
Presidente da CPMI insiste na prisão de sócio do Careca do INSS

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou nesta segunda-feira (29) o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo arquivamento do processo aberto contra o economista Rubens Oliveira Costa, após ser detido por falso testemunho em depoimento à comissão. Viana afirmou que vai manter a decisão de prender o economista. Nesta segunda-feira, durante a abertura da reunião da comissão que investiga o desvio de recursos de aposentados e pensionistas, Carlos Viana disse que foi informado da manifestação da PGR alegando que o empresário havia comparecido à CPMI na condição de investigado, e não de testemunha, e não estava, desta forma, sob compromisso legal de ter que dizer a verdade. “Esta CPMI é soberana no exercício das funções, nós conduzimos as investigações e definimos quem é testemunha e quem é investigado, e daremos sequência a todos os trabalhos com absoluta firmeza e transparência. O colegiado tem clareza do seu papel. Nós estamos aqui para apurar responsabilidades, separar os envolvidos e levar a verdade à sociedade brasileira. Nenhuma decisão externa altera o rumo dos nossos trabalhos. Reafirmo, a autoridade da CMPI é plena e assegurada pela Constituição brasileira”, afirmou o parlamentar. O senador Carlos Viana afirmou ainda que pediu à Advocacia do Senado para apresentar um recurso contra o encerramento do inquérito contra Oliveira Costa. “Em relação às investigações, a CPMI é autônoma e tem independência na investigação, quem decide os rumos delas somos nós. Quando a investigação está no âmbito da Polícia Federal e nos inquéritos que serão encaminhados ao Judiciário, a procuradoria pode se posicionar com muita tranquilidade, porque lá é o foro correto para isso. Mas, aqui no Parlamento, temos regras próprias de trabalho e de independência para executar nossas funções”, acrescentou. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Entenda o caso O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pediu a prisão do empresário Rubens Oliveira Costa, apontado como sócio de Antônio Carlos Antunes, chamado Careca do INSS, após depoimento à CPMI. Oliveira Costa foi convocado para depor como testemunha no colegiado na segunda-feira (22), quando o relator da CPMI pediu a prisão preventiva do economista por risco de fuga e a prática de novos crimes e a prisão em flagrante por crime de ocultação documental. Oliveira Costa foi detido ao final do seu depoimento, mas foi liberado pela Polícia Legislativa do Senado na madrugada de terça-feira (23), após esclarecimentos à Secretaria de Polícia do Senado Federal e, segundo um de seus advogados, Bernardo Coelho, foi liberado na sequência, sem sequer pagar fiança. Depoimentos Nesta segunda-feira, a CPMI vai ouvir o depoimento do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. A Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados, segundo investigação da Polícia Federal. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, justificou a convocação do sindicalista em razão do crescimento vertiginoso da arrecadação da Conafer, que saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, que coincide com o período em que se intensificaram os descontos indevidos diretamente nos benefícios previdenciários de segurados. Inicialmente também estava previsto o depoimento do empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, mas foi adiado. O presidente do colegiado disse que adiou a oitiva para não prejudicar os trabalhos do colegiado. O depoimento será prestado na próxima quinta-feira (2). Politica
Presidente da CPMI insiste na prisão de sócio do Careca do INSS

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), criticou nesta segunda-feira (29) o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo arquivamento do processo aberto contra o economista Rubens Oliveira Costa, após ser detido por falso testemunho em depoimento à comissão. Viana afirmou que vai manter a decisão de prender o economista. Nesta segunda-feira, durante a abertura da reunião da comissão que investiga o desvio de recursos de aposentados e pensionistas, Carlos Viana disse que foi informado da manifestação da PGR alegando que o empresário havia comparecido à CPMI na condição de investigado, e não de testemunha, e não estava, desta forma, sob compromisso legal de ter que dizer a verdade. “Esta CPMI é soberana no exercício das funções, nós conduzimos as investigações e definimos quem é testemunha e quem é investigado, e daremos sequência a todos os trabalhos com absoluta firmeza e transparência. O colegiado tem clareza do seu papel. Nós estamos aqui para apurar responsabilidades, separar os envolvidos e levar a verdade à sociedade brasileira. Nenhuma decisão externa altera o rumo dos nossos trabalhos. Reafirmo, a autoridade da CMPI é plena e assegurada pela Constituição brasileira”, afirmou o parlamentar. O senador Carlos Viana afirmou ainda que pediu à Advocacia do Senado para apresentar um recurso contra o encerramento do inquérito contra Oliveira Costa. “Em relação às investigações, a CPMI é autônoma e tem independência na investigação, quem decide os rumos delas somos nós. Quando a investigação está no âmbito da Polícia Federal e nos inquéritos que serão encaminhados ao Judiciário, a procuradoria pode se posicionar com muita tranquilidade, porque lá é o foro correto para isso. Mas, aqui no Parlamento, temos regras próprias de trabalho e de independência para executar nossas funções”, acrescentou. Entenda o caso O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pediu a prisão do empresário Rubens Oliveira Costa, apontado como sócio de Antônio Carlos Antunes, chamado Careca do INSS, após depoimento à CPMI. Oliveira Costa foi convocado para depor como testemunha no colegiado na segunda-feira (22), quando o relator da CPMI pediu a prisão preventiva do economista por risco de fuga e a prática de novos crimes e a prisão em flagrante por crime de ocultação documental. Oliveira Costa foi detido ao final do seu depoimento, mas foi liberado pela Polícia Legislativa do Senado na madrugada de terça-feira (23), após esclarecimentos à Secretaria de Polícia do Senado Federal e, segundo um de seus advogados, Bernardo Coelho, foi liberado na sequência, sem sequer pagar fiança. Depoimentos Nesta segunda-feira, a CPMI vai ouvir o depoimento do presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes. A Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados, segundo investigação da Polícia Federal. O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, justificou a convocação do sindicalista em razão do crescimento vertiginoso da arrecadação da Conafer, que saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, que coincide com o período em que se intensificaram os descontos indevidos diretamente nos benefícios previdenciários de segurados. Inicialmente também estava previsto o depoimento do empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, mas foi adiado. O presidente do colegiado disse que adiou a oitiva para não prejudicar os trabalhos do colegiado. O depoimento será prestado na próxima quinta-feira (2). Politica
Careca do INSS irá depor em CPMI do INSS, diz presidente de comissão

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), anunciou, neste domingo (14), que Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de Careca do INSS, irá depor aos parlamentares na sessão da comissão marcada para a tarde desta segunda-feira (15). O empresário foi preso pela Polícia Federal na última sexta-feira (12) por suposta participação em um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões de segurados do INSS. Em vídeo publicado nas redes sociais, o presidente da CPMI relata ter conversado com Cleber Lopes, advogado de defesa do Careca do INSS. “Estamos em contato com a defesa do suspeito e ele confirmou que deseja ir à CPMI para apresentar a versão que tem de todo esse escândalo, de todos os fatos que estão sendo divulgados. […] Nós esperamos uma colaboração voluntária para que ele exponha, com clareza, tudo aquilo que sabe em relação ao escândalo do INSS”, declarou o senador Carlos Viana. No sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu facultar a ida à CPMI do INSS aos próprios investigados. O empresário Maurício Camisotti – preso na mesma operação que prendeu o Careca do INSS – tem depoimento agendado na CPMI, para a manhã de quinta-feira (18). Esquema de segurança Com a manutenção da oitiva do Careca do INSS nesta segunda-feira, o presidente da CPMI do INSS adiantou que está sendo organizado um grande esquema de segurança para que o depoente investigado seja conduzido sob escolta da Superintendência da PF, em Brasília, até o Congresso Nacional, onde será entregue aos cuidados da polícia legislativa para depor. “Imediatamente, ele será levado para a secretaria, na sala ao lado do plenário onde estamos realizando as sessões da CPMI. Todo o esquema, inclusive, já estava previsto na decisão do ministro [do STF] André Mendonça quando liberou a participação, ainda que facultativa, mas acertando todas as responsabilidades”, esclareceu Carlos Viana. Ressarcimento Na sexta-feira (12) o Ministério da Previdência Social informou que já restituiu cerca de R$ 1,29 bilhão a aposentados e pensionistas lesados pelo esquema de cobrança de mensalidades associativas descontadas ilegalmente dos benefícios previdenciários pagos pelo INSS. Politica
Lula defende regulação de big techs durante reunião ministerial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (26) que as grandes empresas de tecnologia norte-americanas, conhecidas como big techs, são “patrimônio americano, mas não são nosso patrimônio”. De acordo com Lula, quem quiser atuar no Brasil tem que seguir a legislação nacional. A declaração ocorre horas após o presidente norte-americano, Donald Trump, emitir nota defendendo a atuação de big techs e ameaçando impor ou aumentar as tarifas de países que adotem impostos ou regulem as atividades de empresas americanas de tecnologia. “As big techs são um patrimônio americano e que ele não aceita que ninguém mexa. Isso pode ser verdade para eles. Para nós, ele é um patrimônio americano, mas não é nosso patrimônio”, disse o presidente durante abertura da segunda reunião ministerial de 2025. “Nós somos um país soberano, nós temos uma Constituição, nós temos uma legislação e quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados, no nosso espaço aéreo e marítimo, na nossa floresta tem que prestar contas a nossa Constituição e a nossa legislação”, acrescentou. Em discurso recente, Lula já afirmou que vai taxar grandes empresas norte-americanas de tecnologia. No Brasil, discute-se a responsabilidade das plataformas em relação a conteúdos criminosos que circulam nas redes, que vão desde pedofilia e apologia à violência nas escolas, até defesa de golpe de Estado. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, recentemente, que as plataformas devem ser responsabilizadas diretamente por postagens ilegais feitas por seus usuários. Politica
Lula critica atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA e pede cassação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (26) que o Congresso Nacional comece a discutir a cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele pediu licença de 122 dias do mandato parlamentar em março e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. Desde então, tem atuado junto às autoridades norte-americanas para a aplicação de sanções ao Brasil. Para Lula, o comportamento do deputado é, “possivelmente, uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus”. “Não existe nada que possa ser mais grave do que uma família inteira ter um filho custeado pela família, um cidadão que já deveria ter sido expulso da Câmara dos Deputados, insuflando com mentiras e com hipocrisias, um outro Estado contra o Estado nacional do Brasil”, disse. “Nós vamos ter que fazer disso uma frente de batalha no campo da política, não é no campo do governo, para que a gente possa fazer com que esse país seja respeitado”, acrescentou Lula ao abrir a segunda reunião ministerial de 2025. Na semana passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro e Eduardo foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. A decisão foi tomada após a PF concluir as investigações sobre a atuação de Eduardo junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo. Politica
Dólar cai para R$ 5,42 após declarações de presidente do Fed

A perspectiva de uma queda de juros nos Estados Unidos em setembro fez o mercado financeiro ter hoje (22) um dia de euforia. O dólar caiu quase 1% e fechou próximo a R$ 5,40. A bolsa de valores subiu mais de 2,5% e atingiu o maior nível em 45 dias. O dólar comercial encerrou esta sexta-feira vendido a R$ 5,426, com recuo de R$ 0,052 (-0,95%). A cotação abriu próxima da estabilidade, mas passou a cair fortemente após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), Jerome Powell. Na mínima do dia, por volta das 12h30, chegou a R$ 5,41. Apesar da queda desta sexta, a moeda subiu 0,52% na semana. A divisa acumula perda de 3,12% em agosto e de 12,21% em 2025. O mercado de ações teve um dia de fortes ganhos. O índice Ibovespa, da B3 (Bolsa de Valores), fechou aos 137.968 pontos, com alta de 2,57%. Tarifaço O indicador está no maior nível desde 8 de julho, dias antes de o presidente Donald Trump anunciar o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos. A bolsa subiu 1,19% na semana e 3,68% em agosto. O dólar caiu em todo o planeta após Powell indicar, num simpósio anual de presidentes de Bancos Centrais de todo o planeta, que o Fed deverá cortar os juros da maior economia do planeta no próximo mês. O presidente do Fed declarou que o principal risco para a economia estadunidense está na desaceleração do mercado de trabalho, não na inflação, aumentando as expectativas de redução de juros em setembro. Taxas mais baixas em economias avançadas estimulam a migração de capitais financeiros para países emergentes, como o Brasil. Isso reduz a pressão tanto sobre o dólar como sobre as ações. Os papéis de instituições financeiras tinham iniciado a semana sob a tensão dos efeitos do cumprimento das sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por bancos brasileiros. * Com informações da agência Reuters Economia Gov BR