Gripe Aviária: Uruguai e Chile Suspendem Importação de Frango do Brasil

O Brasil enfrenta um desafio importante na avicultura após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial, localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou a detecção do vírus na última quinta-feira (15), marcando um marco inédito, já que até então as ocorrências da doença no país estavam restritas a aves silvestres. Em resposta à confirmação, países como Uruguai e Chile suspenderam imediatamente as importações de carne de frango brasileira, medida anunciada em 17 de maio pelo secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua. O México também estuda adotar a mesma suspensão, embora ainda não tenha formalizado o pedido. Além desses, China, Argentina e União Europeia já haviam anunciado a interrupção temporária da compra de frango brasileiro por 60 dias, impactando diretamente um dos setores mais importantes da economia nacional. O foco da doença foi identificado em uma granja de reprodução em Montenegro, onde as aves restantes foram eliminadas e a área isolada para conter o avanço do vírus. Além disso, um surto foi confirmado em aves no Zoológico de Sapucaia do Sul, que permanece fechado para visitação enquanto as autoridades monitoram a situação. Apesar do impacto imediato nas exportações, o setor avícola brasileiro considera o caso como pontual e confia na rápida contenção do vírus. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) emitiram nota conjunta afirmando que todas as medidas de contingenciamento foram adotadas rapidamente e que o monitoramento está em curso para garantir o controle da doença. O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, vinha se destacando por ser um dos poucos países livres da gripe aviária em granjas comerciais, o que conferia vantagem competitiva no mercado internacional. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, destacou que o país possui acordos comerciais que permitem a regionalização dos embargos, minimizando os impactos econômicos ao restringir as suspensões inicialmente ao estado do Rio Grande do Sul e, posteriormente, apenas ao município afetado. Ele também ressaltou a possibilidade de retomada das exportações antes do prazo de 60 dias, caso não sejam detectados novos focos e as ações de contenção sejam eficazes. Quanto à segurança alimentar, o Ministério da Agricultura reforça que o consumo de carne de frango no Brasil permanece seguro, pois o vírus da gripe aviária não é transmitido por meio da ingestão de carne ou ovos. O risco de infecção em humanos é considerado baixo, ocorrendo principalmente em pessoas com contato direto e intenso com aves infectadas. O setor avícola emprega cerca de 4 milhões de pessoas direta e indiretamente e movimenta bilhões em exportações. De janeiro a abril de 2025, o Brasil exportou cerca de US$ 3,7 bilhões em carnes de aves e miúdos, com destinos importantes como China, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Diante do cenário, o governo federal e as entidades do setor trabalham em conjunto para conter o surto e negociar a retomada das exportações, aproveitando a experiência adquirida em episódios anteriores, como o surto da doença de Newcastle em 2024, que resultou em suspensões temporárias e posterior reabertura dos mercados internacionais. Assim, o Brasil enfrenta um momento delicado, mas com esforços coordenados para garantir a saúde pública, a segurança alimentar e a manutenção da competitividade da avicultura brasileira no mercado global.