Brasil não sairá da mesa de negociação com EUA, diz Haddad

O Brasil não vai sair da mesa de negociação com os Estados Unidos, admitiu hoje (21) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à Rádio CBN, o ministro afirmou que o governo brasileiro não vai deixar a mesa de negociação, mas não descarta que o tarifaço sobre os produtos brasileiros possa mesmo ter início a partir do dia 1º de agosto. Apesar disso, o governo vem trabalhando em planos de contingência para ajudar os setores mais prejudicados com o plano de Donald Trump visando estabelecer uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos. “O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é de que nós não demos nenhuma razão para sofrer esse tipo de sanção e a orientação dele é a seguinte: o vice-presidente [Geraldo] Alckmin, o Ministério da Fazenda e o Itamaraty estão engajados permanentemente [na negociação]. Mandamos uma segunda carta [ao governo dos Estados Unidos] na semana passada, em acréscimo à de maio, da qual nós não obtivemos resposta até agora, mas nós vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação dos dois países que não têm razão nenhuma para estarem distanciados”, acentuou o ministro. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Segundo ele, um grupo de trabalho está trabalhando para ajudar os setores brasileiros mais afetados pelo possível aumento do imposto de importação dos EUA, mas essas possibilidades ainda não foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cenários possíveis “A pedido do presidente Lula, nós estamos desenhando os cenários possíveis, tanto da abertura de negociações por parte dos Estados Unidos, o que não aconteceu ainda, até uma resposta eventual às duas cartas que nós mandamos. Podemos chegar no dia primeiro [de agosto] sem resposta? Esse é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou. “Então nós temos plano de contingência para qualquer decisão que venha a ser tomada pelo Presidente da República”, acrescentou. Haddad disse que o governo Lula não vai “pagar na mesma moeda” em relação a sanções contra americanos ou empresas americanas. Mas que o governo estuda aplicar a lei da reciprocidade. “Temos um grupo de trabalho se preparando para apresentar [propostas] essa semana para o presidente. Quais são as alternativas que temos? Tanto em relação à lei da reciprocidade quanto em relação a um eventual apoio que o presidente eventualmente queira considerar em relação aos setores mais prejudicados. Mas isso não foi apresentado ainda ao presidente Lula”, disse o ministro da Fazenda. Para Haddad, esse plano de contingência não necessariamente vai implicar em novos gastos públicos. Ele lembrou, por exemplo, que na ajuda às [vítimas das] enchentes no Rio Grande do Sul, o governo federal adotou outros instrumentos além do aumento de despesas, como linhas de crédito. “Não necessariamente isso vai implicar em gasto primário. No caso do Rio Grande do Sul, que é uma coisa de outra natureza e foi um evento extremo de natureza climática, a menor parte do investimento para recuperar a economia gaúcha foi de gasto primário. A maior parte foi justamente de apoio às empresas afetadas pelas enchentes do ano passado”, acentuou. Bolsonaro De acordo com o ministro, diversos países vêm sendo afetados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Mas, no Brasil, disse Haddad, há uma particularidade: a relação individual entre a família Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Nesse momento é hora de unidade no país na defesa do interesse nacional e da percepção, que é real, de que nós não estamos sozinhos nessa questão com os Estados Unidos. Mas nós temos uma particularidade que é o fato de que tem uma força política de extrema direita no Brasil que está concorrendo contra os interesses nacionais”, disse Haddad. Segundo o ministro, o Brasil é deficitário em relação aos Estados Unidos e estaria “longe de ser o problema dos Estados Unidos”, o que não justificaria receber uma tarifa tão alta. Além disso, Haddad afirmou ter se reunido com o governo americano ao menos 10 vezes somente neste ano e que ele havia sido sinalizado que a taxação inicial de 10% poderia até mesmo ser reduzida. “Eu estive com o com o secretário do Tesouro na Califórnia dois meses atrás, discutindo uma tarifa de 10% como sendo injusta e ele estava aberto ao diálogo. O que que mudou de dois meses para cá para que uma autoridade dos Estados Unidos estivesse aberta a discutir uma redução de tarifa de 10% e, no meio do caminho, você acorda com a notícia de que de 10% passou a 50%?”, questionou o ministro. “O que sobra na verdade para manutenção dessa tarifa de 50%? A questão individual da relação do Trump com o ex-presidente Bolsonaro. Do meu ponto de vista é muito grave o que aconteceu, você fazer do destino de uma pessoa que tentou efetivamente se manter no poder pela força e articulou as forças nacionais em proveito próprio”, acrescentou. Durante a entrevista, o ministro da Fazenda também disse causar estranhamento a investigação que Trump informou que irá fazer sobre o meio de pagamento instantâneo, o Pix. Haddad comparou o Pix a um telefone celular, que veio para substituir os telefones fixos. “O Pix é um modelo exitoso de transações financeiras a custo zero”, afirmou o ministro, reforçando que ele poderia ser copiado por diversos outros países. “Como que o Pix pode representar uma ameaça a um império?’, questionou o ministro. Meta fiscal Durante a entrevista, ele negou que o governo vá revisar sua meta fiscal. “Apesar de o mercado sempre falar que nós vamos rever, nós nunca revemos”, garantiu. E reforçou que, até o final do mandato do presidente Lula, o governo vai entregar “o melhor resultado fiscal dos últimos 12 anos”. “Nós vamos entregar o melhor resultado fiscal em quatro anos, tranquilamente, recuperando as finanças. Nós vamos entregar o melhor nível de emprego. Nós vamos entregar a melhor distribuição de renda.
Lula ou STF? A Batalha pelo Comando Real do Brasil que Divide o País

A disputa sobre quem detém o comando efetivo do Brasil ganhou novo capítulo com as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que demonstram uma relação política e estratégica alinhada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma base parlamentar fragmentada e sem maioria consistente no Congresso, o governo Lula tem recorrido sistematicamente ao STF para garantir suas pautas e superar dificuldades políticas. Um exemplo recente foi a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que anulou a votação da Câmara que derrubou o decreto presidencial sobre o IOF, reforçando a proteção legal às medidas do Executivo. Esse cenário reforça uma aliança que alterna os papéis tradicionais dos poderes, com o Judiciário agindo não apenas como fiscalizador, mas também como um árbitro decisivo para a adoção de medidas do governo, muitas vezes contrariando decisões do Legislativo. Especialistas apontam que, diante da incapacidade do Planalto de articular majorias, Lula e sua equipe adotaram uma estratégia de recorrer à “instância judicial” para sobreviver politicamente, enquanto o STF tem demonstrado uma receptividade que alimenta discussões sobre o equilíbrio entre os poderes no Brasil. Essa relação complexa, que alguns críticos chamam de “governo no tapetão”, eleva questionamentos sobre o papel do STF: seria ele um guardião da Constituição ou um parceiro político do Executivo? Enquanto isso, Lula afirma buscar governar com respeito às instituições e preparar o país para estabilidade e crescimento. No campo político, a direita e a oposição acusam o Executivo e o Judiciário de atropelarem o processo democrático, ao passo que partidários da esquerda veem na colaboração uma forma necessária de governabilidade num ambiente político hostil. A verdade é que hoje o Brasil vive um momento singular, em que a governança depende, mais do que nunca, da articulação entre Lula e o Supremo para seguir adiante, num cenário que redefine antigos limites entre os poderes.
Lula Minimiza Crise Tarifária com Piada da Jabuticaba para Trump e Gera Críticas: “Não é Hora de Brincadeira”

Em meio à escalada da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surpreendeu ao adotar um tom descontraído diante da ameaça de tarifas de 50% impostas pelo presidente americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. Em vídeo divulgado nas redes sociais da primeira-dama Janja, Lula aparece chupando jabuticabas e afirma que “quem come jabuticaba não fica de mau humor”, prometendo levar a fruta a Trump para “acalmar” o clima entre os países. A fala, que deveria ser um aceno diplomático, foi vista por setores mais à direita e por analistas como uma demonstração de amadorismo e falta de seriedade diante de uma ameaça concreta à economia nacional. O colunista Josias de Souza, por exemplo, criticou a postura do presidente, destacando que o momento exige firmeza e não “brincadeiras” que possam enfraquecer a posição do Brasil em negociações internacionais. A piada de Lula ocorre logo após Trump formalizar, por carta, o tarifaço, previsto para entrar em vigor em 1º de agosto, justificando a medida como resposta ao tratamento dado pelo governo brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a empresas americanas. O governo brasileiro, por sua vez, anunciou que prepara medidas de retaliação e poderá acionar a Lei da Reciprocidade, além de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Enquanto a base governista tenta vender a imagem de diplomacia leve e cultural, a oposição e parte do empresariado cobram respostas mais duras e estratégicas para proteger setores produtivos e evitar prejuízos bilionários. Para críticos, o episódio da jabuticaba reforça a percepção de que o atual governo prefere o marketing e o improviso ao invés de uma política externa séria e assertiva. A repercussão do vídeo foi imediata nas redes sociais, dividindo opiniões e acirrando ainda mais o debate sobre os rumos da política externa brasileira em um momento de tensão global.
Lula: governo tem apoio do povo para enfrentar sanção de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta sexta-feira (11), que o governo tem apoio do povo brasileiro para enfrentar as sanções econômicas do governo dos Estados Unidos (EUA) e que o Brasil não pode “baixar a cabeça” para as chantagens e ameaças de Donald Trump. “Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. Ninguém. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, disse o presidente, durante cerimônia, em Linhares, no Espírito Santo (ES), de lançamento de indenização a atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais (MG). Diversos setores da sociedade brasileira têm criticado a medida do governo Trump de taxar todos os produtos brasileiros em 50%, incluindo organizações empresariais, de trabalhadores, meios de comunicação, do Parlamento e dos movimentos sociais. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Lula voltou a defender o uso da Lei de Reciprocidade para responder as taxações de Trump caso as negociações com Washington não surtam efeito. Trump alega falsamente que os EUA têm déficit comercial com o Brasil, o que é desmentido pelas próprias estatísticas dos EUA. “Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA [em 10 anos]. Eu que deveria taxar ele”, disse Lula, acrescentando que Trump está “mal informado”. >> Entenda a guerra de tarifas de Trump e consequências para Brasil Bolsonaro O presidente Lula ainda fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que vem sendo investigado pelo Ministério Público (MP) por supostamente articular sanções contra o Brasil para escapar do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado. Já Trump alega que ele é vítima de perseguição política e associa as tarifas contra o Brasil ao julgamento do político do PL. “Que tipo de homem que é esse que não tem vergonha para enfrentar o processo de cabeça erguida e provar que foi inocente? Quem está denunciando ele não é ninguém do PT, quem está denunciando ele são os generais e o ajudante de ordens dele, que era coronel do Exército”, disse Lula. O presidente ainda questionou a ação da família Bolsonaro contra o julgamento da trama golpista. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se licenciou do cargo de parlamentar e foi para os EUA, onde pede ações do governo Trump contra o Brasil. “O ‘coisa’ [Bolsonaro] mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá, ficar pedindo, ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, Trump, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, disse Lula, ainda na cerimônia, em Linhares (ES). Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de liderar uma tentativa de golpe de Estado para anular as eleições presidenciais de 2022 com objetivo de se manter no poder. Ele teria pressionado os comandantes militares para aderir ao golpe, com planos de assassinatos do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moras. Nas redes sociais, Bolsonaro elogiou Trump, disse que a tarifa é resultado do afastamento do Brasil “dos seus compromissos históricos com a liberdade” e pediu “aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas” para resgatar a “normalidade institucional”. Bolsonaro e seus aliados negam os crimes imputados de tentativa de golpe de Estado. Para analistas consultados pela Agência Brasil, a sanção de Trump contra o país é chantagem política mirando o Brics, a regulação das big techs e uma tentativa de interferir no processo judicial e político interno.
“Tarifaço dos ricos impulsiona popularidade de Lula ao melhor índice de 2025”

Após o anúncio do chamado “tarifaço” que propõe a taxação dos super-ricos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu sua popularidade crescer significativamente, atingindo o melhor patamar do ano de 2025. Segundo pesquisa recente do instituto AtlasIntel, divulgada em 8 de julho, a aprovação do governo Lula subiu para 47,3% em junho, um aumento de quase 2 pontos percentuais em relação a maio, enquanto a desaprovação caiu para 51,8%. A medida de taxar os mais ricos, que tem forte apelo popular, é vista como um dos principais fatores para essa recuperação da imagem do presidente, que vinha enfrentando queda na aprovação no início do ano. A população demonstra apoio à iniciativa que busca maior justiça fiscal e combate à desigualdade, temas centrais na agenda do governo petista. Além disso, a melhora na avaliação pessoal de Lula também contribuiu para esse cenário positivo, com aumento na imagem favorável e redução da negativa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também teve sua imagem recuperada, reforçando a confiança em uma gestão econômica que busca equilíbrio entre crescimento e justiça social. Especialistas apontam que a popularidade do presidente está diretamente ligada à percepção de que o governo está atuando para reduzir privilégios e ampliar a arrecadação para investimentos sociais, o que ressoa positivamente em um momento de desafios econômicos e tensões políticas.
Lula diz que Brics seguirá discutindo alternativas ao dólar

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite desta quinta-feira (10), que o Brics, fórum que reúne grandes países do chamado Sul Global, seguirá discutindo mecanismos mais autônomos para impulsionar as relações comerciais. As declarações de Lula, concedidas em duas entrevistas a canais de televisão, ocorre em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos, desde que o presidente Donald Trump anunciou tarifa comercial de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados. “O Brics é um fórum que ocupa metade da população mundial e quase 30% do PIB mundial. E 10 países do Brics participam do G20 [incluindo o Brasil], onde o senhor Trump participa [pelos EUA]”, destacou o presidente em entrevista exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo. “Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar”, acrescentou Lula. Em outra entrevista, exibida pelo Jornal da Record, da Record TV, Lula também reforçou que a ação de Trump contra o Brasil mostra a insatisfação dele com o protagonismo mundial do Brics. “Eu não sou obrigado a comprar dólar para fazer relação comercial com a Venezuela, com a Bolívia, com o Chile, com a Suécia, com a União Europeia, com a China. A gente pode fazer nas nossas moedas. Por que eu sou obrigado a ficar lastreado pelo dólar, que eu não controlo? Quem tem uma máquina de produzir dólar são os EUA, não nós”, criticou. O presidente enfatizou que qualquer discordância deveria ser discutida em uma mesa de negociação, e não com ataques comerciais e à soberania dos países. “Se ele [Trump] tivesse divergência, o correto seria numa reunião do G20 ele levantar o problema, vamos fazer uma discussão civilizada, nos convença, vamos discutir. O que ele não pode é agir como se fosse dono dos outros”. Ao Jornal Nacional, Lula explicou que, no momento, não pretende ligar para Trump, mas que vai sair em defesa do setor produtivo brasileiro com a abertura de novos mercados. O presidente observou que o tom de abordagem do norte-americano é desrespeitoso e que não aceitará esse tipo de comportamento. “Ele, por exemplo, poderia ter ligado para o Brasil para dizer a medida que ele vai tomar. Ele não mandou nenhuma carta, nós não recebemos carta. Ele publicou no site dele, numa total falta de respeito, que é um comportamento dele com todo mundo. E eu não sou obrigado a aceitar esse comportamento desrespeitoso entre relações de chefe de Estado, de relações humanas”. Ainda na entrevista para a TV Record, Lula anunciou que vai insistir no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo o presidente, se o governo tiver de cortar R$ 10 bilhões em despesas, como está sendo projetado, o corte também vai afetar as emendas parlamentares. “O deputado sabe que, se eu tiver que cortar R$ 10 bilhões, eu vou cortar das emendas dele também. Como eles sabem e eu sei, é importante a gente chegar num ponto de acordo. Eu posso antecipar para você: eu vou manter o IOF. Se tiver um item no IOF que esteja errado, a gente tira aquele item, mas o IOF vai continuar”, declarou o presidente. “Fazer decreto é responsabilidade do presidente da República. E os parlamentares podem fazer um decreto-lei para eles, se tiver cometido algum erro constitucional, coisa que não cometi”, completou. Na semana passada, após uma derrota histórica do governo no Legislativo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu tanto os decretos do Executivo que elevam o IOF quanto o decreto que foi aprovado pelo Congresso Nacional e que derruba essa medida. Para resolver o impasse, Moraes determinou a realização de uma audiência de conciliação entre o governo federal e o Congresso Nacional sobre o tema para o próximo dia 15 de julho, em Brasília. Agência Brasil
Lula, IOF e o debate das Emendas Parlamentares

O recente embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso Nacional sobre o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) reacendeu o debate sobre a execução das emendas parlamentares. Lula deixou claro que, caso precise compensar perdas de arrecadação, não hesitará em cortar emendas parlamentares, ressaltando a necessidade de um acordo entre Executivo e Legislativo para garantir a responsabilidade fiscal. Crítica às emendas impositivas individuais As emendas impositivas individuais, aprovadas em 2015, obrigam o governo federal a liberar recursos para projetos indicados por deputados e senadores, independentemente de critérios técnicos ou prioridades nacionais. Essa prática tem sido alvo de duras críticas por diversos motivos: “O Congresso hoje tem metade do orçamento que o governo tem, o governo tem R$ 60 bilhões, eles [os parlamentares], R$ 57 bilhões. Não é possível, não tem nenhum país do mundo em que o Congresso tenha sequestrado parte do orçamento pra ele em detrimento do Poder Executivo, que é quem tem a obrigação de governar.” — Lula Defesa das emendas impositivas por comissão A alternativa mais sensata e responsável é a adoção das emendas impositivas por comissão. Diferente das individuais, essas emendas são propostas coletivamente pelas comissões permanentes do Congresso, com base em critérios técnicos e alinhamento com as prioridades nacionais e regionais. Vantagens das emendas por comissão Impactos da Mudança em Todos os Níveis de Governo A adoção das emendas por comissão pode transformar positivamente a gestão dos recursos públicos em todas as esferas: Nível Governamental Situação Atual (Emendas Individuais) Com Emendas por Comissão União Fragmentação do orçamento, perda de controle pelo Executivo Planejamento nacional fortalecido, maior eficiência Estados Replicação do modelo individualista nas Assembleias Legislativas Maior alinhamento regional, redução de disputas paroquiais Municípios Prefeitos reféns de acordos individuais com deputados Projetos coletivos e estruturantes, transparência local A manutenção das emendas impositivas individuais é insustentável e prejudica o desenvolvimento do país. O Brasil precisa avançar para um modelo de emendas por comissão, que privilegie o interesse coletivo, o planejamento estratégico e a transparência. Essa mudança é fundamental para fortalecer a governança pública e garantir que os recursos cheguem onde realmente fazem a diferença para a sociedade
Janja chama jornalistas de “vira-latas” e expõe desprezo do governo Lula pela imprensa

A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, protagonizou mais um episódio que revela o desdém do governo Lula pela imprensa brasileira. Durante um evento oficial no Palácio do Itamaraty, após jornalistas questionarem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil, Janja reagiu com a frase “Ai, cadê meus vira-latas?”, acompanhada de palmas, em um tom claramente depreciativo. Embora a assessoria da primeira-dama tenha tentado minimizar a declaração, afirmando que o termo “vira-latas” se referia aos bolsonaristas e não aos jornalistas, o contexto e o momento da fala deixam claro o desprezo pela imprensa que exerce seu papel de informar e cobrar respostas do governo. A postura de Janja reforça a impressão de que o Planalto não está aberto ao diálogo e prefere atacar quem faz perguntas difíceis, especialmente em um momento delicado para o país, com a escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Para muitos analistas e setores da direita, a fala da primeira-dama é mais um sintoma do autoritarismo e da arrogância que marcam a gestão Lula. Enquanto o Brasil enfrenta desafios econômicos e políticos, o governo prefere se fechar em um círculo de aliados e atacar a imprensa, que representa a voz da população. Esse comportamento só aprofunda a crise de confiança nas instituições e alimenta a polarização no país. O episódio também evidencia o contraste entre a retórica oficial e a realidade dos fatos: enquanto Lula evita comentar publicamente sobre as tarifas de Trump, sua esposa demonstra impaciência e desprezo diante da imprensa, reforçando a imagem de um governo que não aceita críticas e tenta silenciar vozes independentes.
Trump anuncia tarifa de 50% ao Brasil em meio a tensões comerciais; Lula sinaliza resposta

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta semana a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado americano. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, foi justificada por Trump como resposta direta à “perseguição” sofrida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe, além de críticas ao que Trump classificou como censura a empresas de tecnologia americanas no Brasil. Em carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump foi enfático: “Os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual”. Trump ainda alertou que, caso o governo brasileiro adote retaliações, novas tarifas poderão ser implementadas. O republicano também destacou que a relação comercial entre os países tem sido “injusta” e criticou a atuação do Judiciário brasileiro contra redes sociais e a liberdade de expressão, em especial após decisões que afetaram plataformas como X (antigo Twitter). O governo Lula foi pego de surpresa e convocou uma reunião de emergência com ministros e o vice-presidente Geraldo Alckmin para discutir os impactos econômicos da medida. Em resposta pública, Lula afirmou que “o Brasil é uma nação soberana, com instituições independentes, e não aceitará nenhum tipo de tutela”. O presidente brasileiro prometeu retaliar à altura, utilizando a Lei de Reciprocidade Econômica para impor tarifas semelhantes sobre produtos americanos. Apesar do tom duro, a reação do mercado foi imediata e negativa: o real despencou quase 3% frente ao dólar e a bolsa brasileira também registrou queda expressiva. A incerteza sobre o futuro das exportações brasileiras para o segundo maior parceiro comercial do país acendeu o alerta em setores produtivos e industriais. Para setores da direita brasileira, a atitude de Trump é vista como um gesto de solidariedade a Bolsonaro e uma defesa da liberdade de expressão, ameaçada por decisões judiciais no Brasil. Muitos consideram que Lula, ao atacar plataformas digitais e perseguir adversários políticos, acabou provocando uma crise desnecessária com os Estados Unidos, prejudicando a economia nacional e a imagem do país no exterior. Os apoiadores de Bolsonaro destacam que o ex-presidente sempre buscou relações comerciais francas e transparentes com os EUA, enquanto o atual governo prioriza alianças ideológicas e interfere no livre mercado. Para eles, a resposta de Lula foi mais uma demonstração de autoritarismo e incapacidade de dialogar com grandes potências, colocando interesses ideológicos acima do bem-estar econômico do Brasil. O episódio marca uma escalada sem precedentes nas relações entre Brasil e Estados Unidos, com consequências diretas para a economia brasileira e para o ambiente político nacional. Enquanto Trump se posiciona como defensor da liberdade e do aliado Bolsonaro, Lula insiste na retórica da soberania, mas enfrenta críticas crescentes por sua postura intervencionista e pelo impacto negativo de suas decisões no comércio internacional
Trump volta a defender Bolsonaro nas redes sociais e denuncia “caça às bruxas” judicial

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a manifestar seu apoio ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro nas redes sociais, classificando como uma “caça às bruxas” os processos judiciais que envolvem o líder brasileiro. A defesa pública foi feita pelo segundo dia consecutivo na plataforma Truth Social, onde Trump pediu que Bolsonaro fosse “deixado em paz”. Sem mencionar diretamente as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) ou as acusações que pesam contra Bolsonaro, o republicano afirmou que o ex-presidente brasileiro está sendo alvo de uma perseguição política semelhante à que ele próprio alega ter sofrido nos Estados Unidos após as eleições americanas. “O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil”, escreveu Trump, ressaltando que acompanha a situação “muito de perto”. Bolsonaro enfrenta investigações no STF por suposta organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, além de estar inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente nega as acusações e classificou o processo como “uma aberração jurídica” e “perseguição política”. A manifestação de Trump provocou reações no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o país é soberano e que a defesa da democracia cabe aos brasileiros, rejeitando interferências externas. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou o posicionamento do ex-presidente americano, afirmando que ele não tem legitimidade para interferir nos processos judiciais brasileiros. A relação entre Trump e Bolsonaro é marcada por afinidades políticas e elogios mútuos desde 2018. O apoio do ex-presidente americano reforça a narrativa dos bolsonaristas de que as investigações são motivadas por perseguição política, enquanto o Judiciário brasileiro mantém que os processos seguem conforme o ordenamento jurídico, sem interferências externas. O julgamento das ações contra Bolsonaro está previsto para ocorrer entre agosto e setembro, e poderá resultar em penas que incluem até 39 anos de prisão, segundo especialistas. Enquanto isso, o debate político e jurídico em torno do ex-presidente segue acirrado, com repercussão internacional.