CPMI do INSS: empresário responde a relator, mas se cala para comissão

Depois de responder a perguntas feitas pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti informou que vai permanecer em silêncio durante o restante do seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta segunda-feira (6). “O Fernando vai permanecer, a partir de agora, em silêncio. Não vai dizer sim ou não”, disse o advogado de Cavalcanti, Thiago Machado. Ex-sócio do advogado Nelson Willians, um dos investigados no esquema de desconto de mensalidades de associações de aposentados e pensionistas, o empresário foi um dos alvos da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF) e da Contralodoria-Geral da União (CGU), que investiga o esquema de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões do INSS. Um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux deu a Cavalcanti o direito de não ser obrigado a responder a perguntas que possam incriminá-lo. Ao iniciar o seu depoimento, por volta das 16h30, o empresário negou as acusações de que integrava o esquema de desvios de mensalidades de aposentados. Ele disse não ser laranja e nem beneficiário do esquema. Ele disse ainda desconhecer as atividades ilícitas de Nelson Willians e de Maurício Camisotti. Willians é dono de um dos mais caros escritórios de advocacia do país e que se tornou conhecido por ostentar em suas redes sociais uma vida de luxo. Ele atuava com Maurício Camisotti e Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, apontados como os principais operadores do esquema de corrupção. “O que tenho conhecimento da relação entre os dois são esses empréstimos que são pagos até hoje, contratos. Nunca fui laranja, atuador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor e os pagamentos recebido sempre foram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava e com a minha vida”, afirmou. Patrimônio Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu mais de 20 veículos de luxo pertencentes a Cavalcanti. Entre os veículos estão uma Ferrari, avaliada em cerca de R$ 4,5 milhões, uma réplica de um carro de fórmula 1 e diversas motos. Os veículos foram apreendidos em um shopping de Brasília e foram encaminhados para lá, um dia antes da Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23 de abril do ano passado. “Contra Fernando Cavalcanti não pesa qualquer investigação de envolvimento de fraude com o INSS. Não houve ocultação, nem má-fé. Os veículos mencionados são de propriedade da minha empresa, adquiridos de forma lícita, alguns ainda em financiamento, como a tão falada Ferrari, que só termino de pagar, salvo melhor juízo em 2027. Aqui em Brasília é comum que carros sejam guardados em estabelecimentos comerciais”, disse. Além dos automóveis, diversos relógios de luxo também foram apreendidos na casa do empresário e vinhos de uma adega, avaliados em mais de R$ 7 milhões. O relator da CPMI, perguntou sobre a evolução patrimonial de Cavalcanti, que antes de integrar o escritório de Nelson Willians, em 2017, trabalhava na Assembleia Legislativa de São Paulo, como assessor de um parlamentar, ganhando pouco mais de R$ 5 mil. “Em 2017 eu tava vindo da Assembleia Legislativa e tinha um patrimônio que não chegava nem em R$ 100 mil. Em 2025, eu não sei falar excelência. Meu patrimônio está no imposto de renda declarado, mas é uma informação que eu não quero falar aqui”, respondeu. “Já vimos movimentações do senhor com Nelson Willians de milhões de reais e do senhor com o Camisotti também de milhões de reais. Vou trazer par a CPMI esse exemplo de sucesso que é o senhor”, rebateu Gaspar. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG) disse que o depoimento mostra que a defesa de Cavalcanti, está usando o espaço da CPMI para montar a estratégia de defesa “É impossível que uma pessoa que sai de São Paulo, debaixo de suspeita de negociação de emendas parlamentares, ganhando R$ 5 mil por mês, vir para Brasília e amealhar, um patrimônio só em carros, de R$ 200 milhões; de uma adega de R$ 7 milhões e toda uma vida de luxo. Está muito bem demonstrado pela quebra de sigilo, pela movimentação financeira que nós temos, de que ele é apenas uma parte de todo esse esquema”, afirmou o presidente da CPMI. “A PF investiga ele como suposto laranja. Os dados estão mostrando que ele não tem lastro naquilo que está colocando como patrimônio próprio, mesmo que seja colocando no imposto de renda dificilmente ele consegue explicar a origem de tanto dinheiro, de tantos bens valiosos que a PF apreendeu”, continuou. Máfia Viana disse que Cavalcanti integra o que classificou como máfia, com contatos com políticos, servidores públicos e outras autoridades. “É uma quadrilha que tomou de assalto a receita, que corrompeu servidores e que perpassou governos e que tinha bons relacionamentos com a política, liberdade de acesso aqui ao Senado, na Câmara dos Deputados e fazia doações a campanhas políticas. É um modus operandi já muito conhecido e que, a meu ver demonstra, que eles não esperavam, em momento algum, serem apanhados, eles tinham tanta tranquilidade que eles permaneceriam ocultos e esse patrimônio serviria para que eles continuassem tendo uma vida de bilionários”, opinou. O senador disse ainda que aguarda a resposta do ministro do STF, André Mendonça, retornar o pedido da CPMI para ouvir o depoimento de Camisotti. Um habeas corpus do ministro deu a Camisoti o direito de não ser obrigado a depor no colegiado. “O Camisotti é fundamental nessa investigação para entender como todas essas peças se encaixam nesse esquema de roubo da previdência brasileira. Pedimos uma reconsideração no habeas corpus que ele concedeu de que o senhor Camisotti poderia comparecer se ele desejasse. Estamos aguardando uma resposta do ministro que estava viajando na semana passada. Espero que nesta semana nós possamos [ter a resposta], se for necessário farei uma nova visita ao STF”, disse. Uma das associações investigadas na operação da PF e CGU por descontos indevidos em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, é a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC) Segundo a investigação, a associação

Careca do INSS cancela ida à CPMI nesta segunda-feira

A reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS que estava marcada para esta segunda-feira (15) foi cancelada porque o investigado Antônio Carlos Camilo, conhecido como Careca do INSS, comunicou nesta manhã, por meio de sua defesa, que não comparecerá à sessão. O anúncio foi feito pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e contraria o que havia sido confirmado pela própria defesa do investigado, neste domingo (14).  “Perdemos a oportunidade de ouvir hoje um dos principais investigados no escândalo que desviou recursos dos aposentados”, lamentou Viana. No sábado (13), em decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça havia facultado a presença do investigado no Congresso Nacional. Por isso, cabe somente ao empresário optar por comparecer. >> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp Desde sexta-feira (12), Antônio Carlos Camilo está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, por suposta participação em esquema de cobrança ilegal de mensalidades associativas descontadas sem autorização de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. A decisão do magistrado da Corte engloba o empresário Maurício Camisotti, alvo da mesma operação da Polícia Federal e que tem depoimento agendado para a próxima quinta-feira (18). A CPMI ainda não foi informada se Maurício Camisotti comparecerá ao depoimento. Politica

Mauro Cid Presta novo depoimento à PF: investigação aprofunda-se em casos de fraude e golpe

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, se prepara para prestar um novo depoimento à Polícia Federal (PF) na próxima terça-feira, dia 19 de novembro, em Brasília. Este depoimento ocorre em um momento crítico, pois Cid está envolvido em investigações que abrangem uma série de casos polêmicos, incluindo fraudes em certificados de vacinação contra a COVID-19 e tentativas de desestabilização do governo. Contexto da Investigação Mauro Cid foi preso em maio de 2023 durante a Operação Venire, que investiga a inserção de dados falsos nos sistemas do Ministério da Saúde. A operação é um desdobramento das investigações sobre as ações do governo Bolsonaro em relação à pandemia e à vacinação. Após sua prisão, Cid firmou um acordo de colaboração premiada com a PF, o que lhe permitiu ser solto em setembro do mesmo ano.Além das fraudes relacionadas às vacinas, Cid também está colaborando com as investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado que teria sido planejada por membros do alto escalão do governo Bolsonaro. Esse plano incluía medidas drásticas contra o Poder Judiciário e a disseminação de desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro. As Revelações de Cid O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, afirmou que não há preocupações quanto à validade do acordo de delação. Segundo ele, é comum que novas informações surjam durante as investigações e que a polícia busque novamente os envolvidos. No entanto, se a PF concluir que Cid não cumpriu suas obrigações no acordo, ele poderá enfrentar consequências severas, incluindo a revogação dos benefícios da delação. Apreensão em Pindamonhangaba: Ministério da Agricultura retira 14 Mil mudas de árvores frutíferas e 9 Mil litros de Suco Irregulares As mensagens encontradas no celular de Cid revelaram discussões sobre a segurança das urnas eletrônicas e o planejamento do golpe. Apesar de relatórios garantirem a integridade do sistema eleitoral, as conversas indicam uma continuidade nas tentativas de deslegitimar o processo democrático. Implicações Políticas A situação de Mauro Cid é emblemática das tensões políticas que ainda permeiam o Brasil após o fim do governo Bolsonaro. O ex-presidente e seus aliados continuam sob investigação por diversas irregularidades, e os desdobramentos dos depoimentos de Cid podem ter repercussões significativas para o cenário político nacional.A colaboração de Cid pode trazer à tona informações cruciais sobre outros membros do governo e suas ações durante o mandato. Isso levanta questões sobre a responsabilidade dos líderes políticos e a necessidade de transparência nas instituições públicas. A Reação da Sociedade A sociedade brasileira observa atentamente os desdobramentos desse caso. A confiança nas instituições democráticas foi abalada durante os últimos anos, e muitos cidadãos esperam que as investigações resultem em responsabilizações claras para aqueles que abusaram do poder. O papel da PF e do sistema judicial será fundamental para restaurar essa confiança. Além disso, a repercussão das declarações de Mauro Cid pode influenciar a opinião pública sobre o legado do governo Bolsonaro. A forma como as autoridades lidarem com as informações reveladas pode moldar o futuro político do país e impactar as próximas eleições. O novo depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal representa mais um capítulo em uma história marcada por controvérsias e investigações profundas. À medida que mais informações surgem, fica evidente que a luta pela transparência e pela justiça no Brasil ainda está longe de terminar. Todos os olhos estarão voltados para Brasília na próxima terça-feira, quando Cid prestará seu depoimento e poderá revelar detalhes que mudem o rumo das investigações e da política nacional.A sociedade espera respostas claras e ações concretas para garantir que abusos cometidos no passado não se repitam no futuro. O compromisso com a verdade e a justiça será essencial para reconstruir a confiança nas instituições brasileiras.