Superbactérias resistentes a múltiplos antibióticos ameaçam saúde pública no Brasil

Imagem de uma praia lotada no litoral paulista, onde turistas desfrutam do sol e do mar, enquanto bandeiras de alerta indicam a presença de contaminação por norovírus. A cena ilustra a preocupação das autoridades de saúde com o surto que já afetou mais de 11 mil pessoas, ressaltando a importância das medidas de prevenção e da vigilância sanitária nas áreas turísticas.

Pesquisas recentes realizadas pela Universidade de São Paulo (USP) revelam a crescente disseminação de superbactérias resistentes a diversos antibióticos em ambientes agrícolas, animais silvestres e áreas urbanas no Brasil, um problema que representa uma séria ameaça à saúde pública. Essas bactérias, como as espécies Klebsiella pneumoniaeKlebsiella quasipneumoniae e Acinetobacter bereziniae, apresentam resistência a antibióticos de última linha, como os carbapenêmicos, utilizados para tratar infecções graves e de difícil manejo.

O que são superbactérias?

Superbactérias são microrganismos que desenvolveram resistência a múltiplos antibióticos, tornando as infecções que causam mais difíceis de tratar. Essa resistência é facilitada por elementos genéticos móveis, como plasmídeos e transposons, que permitem a troca de genes entre diferentes bactérias, acelerando a disseminação da resistência.

Descobertas recentes no Brasil

Estudos conduzidos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP) identificaram cepas dessas bactérias em solos agrícolas usados para cultivo de frutas como limão, goiaba e figo, além de águas superficiais em cidades do interior paulista. A presença de duas carbapenemases — enzimas que degradam antibióticos carbapenêmicos — numa mesma bactéria isolada no Brasil é uma novidade preocupante, indicando um potencial ainda maior de resistência.

Além disso, a bactéria Acinetobacter bereziniae foi encontrada infectando uma tartaruga semiaquática, demonstrando sua capacidade de circular entre humanos, animais e o meio ambiente, reforçando a necessidade de uma abordagem integrada de saúde, conhecida como One Health.

Impactos e riscos para a saúde pública

A circulação dessas superbactérias em diferentes ecossistemas aumenta o risco de transmissão para humanos, seja pelo contato direto com animais e produtos contaminados ou pelo consumo de alimentos crus ou malcozidos. A resistência a antibióticos de última linha dificulta o tratamento de infecções graves, elevando a mortalidade e os custos hospitalares.

Medidas para conter a ameaça

Especialistas alertam para a urgência de reduzir o uso indiscriminado de antimicrobianos na agricultura, na medicina humana e veterinária, além de investir em saneamento básico, vacinação, pesquisa e educação para a conscientização da população. A vigilância contínua e a cooperação entre setores são essenciais para conter a expansão dessas superbactérias.

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