As quatro maiores montadoras do Brasil — Volkswagen, General Motors (GM), Toyota e Stellantis — enviaram uma carta conjunta ao presidente Lula manifestando forte preocupação com o pedido feito por fábricas chinesas, especialmente a BYD, para reduzir impostos a 5% e 10% sobre automóveis montados no regime CKD e SKD.
Os presidentes das empresas assinam a carta alertando que essa medida ameaça diretamente a indústria automobilística nacional, representando risco de perda de até 50 mil empregos em toda a cadeia produtiva, especialmente para fabricantes de autopeças, e comprometendo investimentos que chegam a R$ 180 bilhões (GM, VW, Stellantis, Toyota, carta enviada a Lula, citada pelo portal R7, G1, Terra).
Na carta, assinada por Santiago Chamorro (GM), Emanuelle Cappellano (Stellantis), Ciro Possobom (Volkswagen) e Evandro Maggio (Toyota), as montadoras argumentam que permitir a entrada de carros desmontados chineses com redução de impostos não representa uma etapa de transição para o novo modelo industrial, mas um padrão operacional que tenderá a prevalecer, reduzindo o conteúdo local, destruindo empregos e agravando a dependência tecnológica do Brasil.
O texto traz um tom ameaçador, alertando para possíveis cortes abruptos de investimentos e demissões em massa caso a proposta seja aprovada.
O vice-presidente da BYD, Alexandre Baldy, rebateu a crítica afirmando que o pedido de redução dos impostos tem caráter temporário e é essencial para viabilizar a produção local, com o período de alíquota reduzida válido até 30 de junho de 2028, conforme acordo com o governo da Bahia.
A empresa asiática classificou a reação das montadoras tradicionais como típica resistência de “dinossauros contra o meteoro”, acusando-os de tentar manter a posição dominante no mercado sem aceitar a concorrência e a inovação trazidas pelos elétricos chineses.
O governo federal está em posição delicada: facilitando a entrada desses kits desmontados, pode favorecer a modernização e redução de preços, mas também prejudicar a indústria nacional tradicional, como apontam as montadoras.
A decisão final aguarda análise do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), que pode definir a redução das tarifas de importação para os regimes CKD e SKD.