PT abandona Marina Silva e expõe fragilidade da agenda ambiental diante da força ruralista

Marina silva

A recente omissão do PT na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados escancarou o isolamento da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, diante dos ataques da bancada ruralista. Em duas convocações em menos de um mês, Marina foi alvo de críticas contundentes, sem receber qualquer defesa efetiva dos parlamentares petistas presentes.

PT silencia enquanto ruralistas avançam

Durante a sessão mais recente, deputados do PT, como Marcon (PT-RS) e Padre João (PT-MG), optaram por discursos protocolares e evitaram qualquer embate em defesa da ministra. Enquanto isso, opositores repetiram ataques, chegando a chamar Marina de “câncer do Brasil”. A liderança do governo, por sua vez, atuou apenas para proteger o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, transformando sua convocação em convite amigável, mas ignorou completamente a situação de Marina, que permanece exposta à artilharia ruralista.

O episódio revela uma tendência clara do governo Lula e do PT: para garantir governabilidade e alianças no Congresso, o partido tem cedido cada vez mais às pressões do Centrão e da bancada ruralista, em detrimento da agenda ambiental. Não é a primeira vez que Marina Silva e outros ministros ligados à pauta socioambiental, como Sonia Guajajara, são deixados à própria sorte pelo próprio governo que deveriam representar.

Segundo relatos de bastidores, a base governista já sabia que a área ambiental seria “dilacerada” no Congresso, mas optou por não reagir e até mesmo avalizou mudanças que enfraquecem os ministérios de Meio Ambiente e Povos Indígenas, tornando a estrutura do governo Lula cada vez mais parecida com a do governo Bolsonaro, especialmente no que diz respeito à submissão aos interesses do agronegócio.

Ruralistas impõem agenda e PT se omite

A bancada ruralista, mais forte e articulada do que nunca, tem conseguido impor sua agenda sem resistência significativa. O Cadastro Ambiental Rural (CAR), por exemplo, foi retirado do controle do Meio Ambiente e devolvido à Agricultura, atendendo a uma antiga demanda do setor ruralista. Além disso, medidas que facilitam o desmatamento, como a flexibilização de regras para instalação de linhas de transmissão e gasodutos em áreas de Mata Atlântica, foram aprovadas com o aval do Congresso, sem reação do governo.

No exterior, Marina Silva é usada como vitrine do governo Lula para atrair investimentos e melhorar a imagem do Brasil, mas, internamente, é vista com desdém por parte do próprio PT, que nunca perdoou sua saída do partido em 2008 por divergências ambientais. O resultado é uma ministra cada vez mais isolada, enfrentando sozinha a “tropa de choque” ruralista, enquanto o governo se cala e prioriza alianças políticas que garantam votos, mesmo ao custo de comprometer o futuro ambiental do país.

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