O privilégio do branco diante do Papa, conhecido em francês como privilège du blanc, é uma tradição singular e respeitada no protocolo do Vaticano que permite a apenas um seleto grupo de mulheres da realeza católica vestir branco em audiências e cerimônias oficiais ao lado do Pontífice.
Enquanto a regra geral para mulheres nesses eventos exige o uso de vestes pretas acompanhadas de mantilhas, simbolizando respeito, sobriedade e recato, estas poucas mulheres são agraciadas com uma exceção que carrega séculos de história, fé e ligação especial entre suas casas reais e a Santa Sé.
Atualmente, apenas sete mulheres no mundo apresentam este privilégio exclusivo, sendo todas protagonistas de monarquias católicas ainda reconhecidas pelo Vaticano. São elas:
- Rainha Letizia da Espanha
- Rainha emérita Sofía da Espanha
- Rainha Mathilde da Bélgica
- Rainha emérita Paola da Bélgica
- Princesa Charlene de Mônaco
- Princesa Marina de Nápoles
- Grã-duquesa Maria Teresa de Luxemburgo.
Essa tradição começou a ser formalmente notada no século XX, com a rainha Vitória Eugênia da Espanha sendo a primeira mulher a usar branco numa audiência privada com o Papa Pio XI, em 1923.
Desde então, o privilégio é concedido pelo Papa, dependendo do vínculo religioso e histórico da monarca ou princesa com a Igreja Católica.
A mulher deve ser publicamente católica ou esposa de um monarca católico.
Ainda assim, nem todas as mulheres que preenchem esses requisitos têm o direito ao privilégio: ele é indispensavelmente uma concessão pontifícia.
O branco usado nessas ocasiões simboliza pureza, respeito, paz e uma relação especial entre as casas reais católicas e o Vaticano, em oposição ao preto exigido dos demais participantes, que representa sobriedade e recato.
Mesmo as mulheres que detêm o privilégio não são obrigadas a usá-lo, mas seu uso em eventos especiais como missas inaugurais do Papa e audiências públicas reforça a exclusividade e respeito à tradição.
Vale destacar que monarcas tradicionais e influentes, mas que não pertencem a casas católicas, não têm esse direito, mesmo que sejam esposas de católicos ou sejam católicas de nascimento.
Exemplos notórios são:
- Rainha Máxima dos Países Baixos, embora católica, não pode usar branco pelo fato da Casa de Orange ser protestante.
- Rainha Camilla do Reino Unido e Princesa Victoria da Suécia, que devem obedecer ao código do preto por não pertencerem a monarquias católicas. A monarquia britânica, por exemplo, é ligada à Igreja Anglicana, liderada pelo rei Charles III.
O privilégio do branco é, portanto, um gesto de distinção e honra da Santa Sé, que expressa e reforça a histórica aliança entre as instituições monárquicas católicas e a Igreja.
O impacto visual das monarcas vestindo branco em meio a dezenas de figuras públicas impecavelmente trajadas de preto ressalta a singularidade dessa tradição que concilia a fé, a história e a elegância.
Hoje, além de símbolos religiosos, essas roupas brancas representam séculos de diplomacia e respeito protocolar que perduram em encontros modernos no coração do Vaticano