A luta contra a dengue tem o protagonismo das mulheres no Governo de SP. Seja nas ações de vigilância ou no desenvolvimento de vacinas, são elas que lideram o combate à doença. Nas mãos da bióloga Neuza Frazatti, está o comando dos estudos para o primeiro imunizante brasileiro contra a dengue. Ela se dedica ao projeto desde 2010 no Instituto Butantan e teve seu trabalho como cientista reconhecido internacionalmente.
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Na outra ponta da luta contra o mosquito, mapeando resultados de testes de pessoas infectadas, a liderança é da diretora geral do Instituto Adolfo Lutz, Adriana Bugno. A equipe comandada por ela rastreia os casos de dengue no estado e joga luz para a ação precisa de enfrentamento da dengue.
O destaque do trabalho nas ruas é a cabo Suellen Araújo. Com seu olhar atento, ela realiza ações pela Defesa Civil em busca de focos do mosquito nas casas. O setor de pesquisas sobre a doença também tem o reforço feminino nos estudos da professora Maria Anice, focados em doenças tropicais na USP.
No mês em que se celebra a força da mulher, conheça a história dessas quatro profissionais que lutam contra o avanço da dengue em São Paulo. Até porque não é só contra dengue que elas se destacam, mas no cuidado à saúde da população como um todo: praticamente 70% dos servidores da área em São Paulo são mulheres.
A vacina do Butantan
Antes de encabeçar o desenvolvimento da vacina contra a dengue, a doutora Neuza já era pioneira na área. No início de sua carreira, ficou incomodada com o uso de quase 9 mil camundongos por semana para a testagem e produção de uma vacina contra raiva. A bióloga propôs então um novo modelo de produção de vacinas e de antígenos virais, sem o uso de animais.
Segundo ela, seus superiores no laboratório não acreditaram no projeto e até duvidaram dele. Por isso, Neuza teve que tomar a frente da iniciativa. Usando meio de cultura vindo do exterior, ela conseguiu uma vacina com melhor rendimento, mais pura e custos menores.
“Meu primeiro grande desafio foi desenvolver uma vacina que fosse em células e livre de proteína animal. No Brasil, não tinha meio de cultura que pudesse cultivar células sem soro. Era a novidade do momento no mundo das vacinas. Imagina isso nas décadas de 1980 e 1990, o quanto eu senti como as mulheres cientistas são discriminadas”, diz a doutora Neuza.