Mulheres lideram a batalha contra a dengue em São Paulo

Notícia publicada em: 21 de março de 2024

Mulheres lideram a batalha contra a dengue em São Paulo

Em São Paulo, a luta contra a dengue é liderada por mulheres. Seja na vigilância ou no desenvolvimento de vacinas, elas estão à frente do combate à doença. A bióloga Neuza Frazatti lidera os estudos para a primeira vacina brasileira contra a dengue desde 2010 no Instituto Butantan. Seu trabalho como cientista ganhou reconhecimento internacional.

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Adriana Bugno, diretora geral do Instituto Adolfo Lutz, lidera a outra frente de batalha contra o mosquito, rastreando os resultados dos testes de pessoas infectadas. Sua equipe monitora os casos de dengue no estado e fornece informações cruciais para o combate efetivo à doença.

Nas ruas, a cabo Suellen Araújo se destaca. Com um olhar atento, ela realiza ações pela Defesa Civil em busca de focos do mosquito nas casas. A professora Maria Anice, da USP, reforça o setor de pesquisas sobre a doença com seus estudos focados em doenças tropicais.

No mês em que se celebra a força da mulher, conheça a história dessas quatro profissionais que lutam contra o avanço da dengue em São Paulo. Elas não só se destacam no combate à dengue, mas também no cuidado à saúde da população como um todo: quase 70% dos servidores da área em São Paulo são mulheres.

A Vacina do Butantan

Antes de liderar o desenvolvimento da vacina contra a dengue, a doutora Neuza já era pioneira na área. No início de sua carreira, ela propôs um novo modelo de produção de vacinas e de antígenos virais, sem o uso de animais, incomodada com o uso de quase 9 mil camundongos por semana para a testagem e produção de uma vacina contra raiva.

Apesar do ceticismo inicial de seus superiores no laboratório, Neuza liderou a iniciativa. Usando meio de cultura importado, ela conseguiu desenvolver uma vacina com melhor rendimento, mais pura e com custos menores.

“Meu primeiro grande desafio foi desenvolver uma vacina que fosse em células e livre de proteína animal. No Brasil, não tinha meio de cultura que pudesse cultivar células sem soro. Era a novidade do momento no mundo das vacinas. Imagina isso nas décadas de 1980 e 1990, o quanto eu senti como as mulheres cientistas são discriminadas”, diz a doutora Neuza.

O trabalho da bióloga com imunizantes tem o reconhecimento internacional. Em 2021, ela recebeu o prêmio Women in Life Sciences, da associação farmacêutica internacional Parenteral Drug Association. Ela também se destacou com os prêmios Péter Murányi – Saúde em 2010 e 2023, voltados para realizações inovadoras na área da ciência.

“Não é bem a gente que ganha com um prêmio, é o Brasil, a ciência brasileira, é o Instituto Butantan. O prêmio tem a função de promover esse reconhecimento, essa transparência da capacidade dos cientistas brasileiros”, ela comenta.

Além da vacina contra raiva, a tecnologia livre de proteína animal também foi usada para o imunizante da dengue. “Os sintomas da dengue são muito ruins. Pensar que você pode tirar isso de uma pessoa, que você pode salvar uma vida, é apaixonante”, afirma. A fase 3, que conta com testes em cerca de 17 mil voluntários, começou em 2016 e deve terminar neste ano. Após essa etapa, a vacina entra no processo de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).