A proposta de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) enfrenta forte resistência da base governista, especialmente do Partido dos Trabalhadores (PT) e do governo Lula. Apesar da oposição reunir mais de 200 assinaturas suficientes para abrir a comissão, nenhum parlamentar do PT aderiu ao pedido, e a orientação do Planalto é para que a base não apoie a investigação.
A oposição acusa o governo de tentar evitar a CPI por receio de que a investigação exponha irregularidades envolvendo sindicatos ligados ao PT, que teriam sido os principais beneficiados pelo esquema de descontos indevidos nas aposentadorias e pensões, estimados em cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Parlamentares da oposição argumentam que, enquanto o PT tenta culpar o governo Jair Bolsonaro pelas fraudes, a realidade mostra que as associações e sindicatos próximos ao partido se beneficiaram financeiramente do esquema, cobrando descontos ilegais dos segurados do INSS.
O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), autor do pedido de CPI, afirmou que foi a derrubada da Medida Provisória 871/2019, durante o governo Bolsonaro, que permitia a autorização prévia para descontos nos benefícios, que facilitou o crescimento das fraudes. Ele questiona a omissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), aliado do PT, que teria conhecimento do esquema desde 2023, mas não tomou providências para impedir os descontos ilegais.
Do lado governista, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reforça que a investigação da Polícia Federal (PF) partiu da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão do próprio governo, e que não há indícios que envolvam diretamente o ministro Carlos Lupi. Ela também ressalta que a CPI pode ser usada como instrumento político para desgastar o governo Lula, especialmente por parte da oposição ligada a Bolsonaro.
Enquanto isso, parlamentares da oposição defendem que a CPI é fundamental para garantir transparência e responsabilização, independentemente do partido envolvido. Eles destacam que o governo deveria apoiar a investigação para demonstrar que não teme a apuração dos fatos. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) chegou a convidar parlamentares de esquerda a assinarem o pedido, afirmando que “se a culpa é do Bolsonaro, assine para a gente investigar Bolsonaro”.
A resistência da esquerda em apoiar a CPI do INSS, mesmo diante das evidências de que sindicatos ligados ao PT podem ter sido os maiores favorecidos, levanta questionamentos sobre o que o governo teme revelar. A falta de transparência compromete a confiança pública e reforça a percepção de que interesses políticos e sindicais se sobrepõem à defesa dos direitos dos aposentados e pensionistas.
Em suma, a controvérsia em torno da CPI do INSS expõe um embate político intenso, onde a esquerda evita a investigação formal enquanto a oposição busca ampliar o escrutínio sobre o esquema de fraudes, que envolve diretamente atores ligados ao PT, e não apenas o governo Bolsonaro, como tenta ser colocado pela narrativa oficial.