Em muitas famílias brasileiras, é comum que filhos adultos recebam uma mesada mensal dos pais, mesmo sem terem tido experiência no mercado de trabalho. Enquanto para alguns esse apoio financeiro representa uma forma de garantir estabilidade e conforto, para outros especialistas e familiares, essa prática pode se tornar uma armadilha que prejudica o desenvolvimento pessoal e profissional dos jovens.
A mesada, muitas vezes generosa, permite que os filhos mantenham um padrão de vida confortável, sem a necessidade de buscar emprego ou desenvolver autonomia financeira. “O problema não está no apoio em si, mas na falta de estímulo para que esses jovens adquiram responsabilidades e aprendam a lidar com os desafios do mundo real”, explica a psicóloga Mariana Silva, especialista em desenvolvimento humano.
Casos de jovens que nunca trabalharam e dependem exclusivamente da mesada dos pais têm aumentado, especialmente em famílias de classe média e alta. Para esses jovens, a ausência de uma rotina de trabalho pode gerar falta de propósito, baixa autoestima e dificuldades para construir uma carreira sólida no futuro.
Por outro lado, muitos pais argumentam que a mesada é uma forma de proporcionar segurança enquanto os filhos estudam, se preparam para o mercado ou até mesmo buscam oportunidades. “Eu quero que meu filho tenha condições de focar nos estudos e se preparar bem para o futuro, sem se preocupar com dinheiro”, afirma o empresário Carlos Mendes.
No entanto, especialistas recomendam que o apoio financeiro seja acompanhado de metas claras, como a busca por emprego, estágios ou cursos profissionalizantes. “A mesada deve ser uma ferramenta para incentivar a independência, não um conforto permanente”, reforça Mariana Silva.
O equilíbrio entre suporte e autonomia é fundamental para que os jovens desenvolvam habilidades essenciais para a vida adulta, como disciplina, responsabilidade e resiliência. Para as famílias, o desafio é encontrar esse ponto de equilíbrio, garantindo que o apoio financeiro não se transforme em dependência.