Pindamonhangaba
Ricardo Matsuda e Patricia Gatti apresentam repertório com arranjos originais que mesclam
tradição oral brasileira, contraponto barroco e instrumental contemporâneo em show único
no Museu Histórico/Palacete Palmeira
O encontro inusitado entre as violas brasileiras e o cravo barroco é a estrela maior
do show EnLace, apresentado pelo Duo Viola & Cravo, formado por Ricardo Matsuda e
Patricia Gatti. Em Pindamonhangaba/SP, o duo apresentará um repertório de arranjos
originais no Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina/Palacete
Palmeira no dia 20 de setembro, sábado, às 15h, com entrada gratuita. O evento conta com
acessibilidade através de programa disponível em Braille.
O projeto EnLace celebra o encontro de dois instrumentos musicais que remetem a
culturas, paisagens e tradições musicais distintas. O Duo Viola & Cravo propõe uma
experiência instrumental inédita, marcada pelo entrelaçamento de musicalidades e
memórias, pela amizade e comunhão artística.
Ao longo do 2o semestre de 2025, além de Pindamonhangaba, o duo apresentará o
show em outras nove cidades do interior e litoral paulista, convidando o público a uma
vivência musical em edifícios centenários, tombados pelo CONDEPHAAT (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo),
hoje dedicados à cultura.
O projeto “EnLace – Duo Viola & Cravo” foi contemplado no Edital Fomento CultSP –
PNAB, realizado pelo Ministério da Cultura do Governo Federal e pela Secretaria da
Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, por meio do
Programa de Ação Cultural – ProAC e do Fomento CultSP.
Sobre o repertório
O Duo Viola & Cravo apresenta neste programa uma seleção de obras registradas
em seus dois álbuns e novos arranjos concebidos especialmente para esta temporada.
O álbum de estreia do Duo, “Contos Instrumentais” (2009), apresentou esta
combinação de instrumentos oriundos de ambientes socioculturais e históricos
contrastantes: a viola caipira das modas e folias e o cravo barroco. Apresentadas em quatro
suítes temáticas (Infância, Interior, Mundano e Metrópole), as composições de Ricardo
Matsuda são inspiradas e dedicadas a personagens icônicos da cultura popular brasileira e
universal. O CD foi muito bem recebido pela crítica especializada nacional.
Já em “O Cravo e a Rosa” (2016), segundo álbum do Duo produzido a partir de
financiamento público via ProAC Editais, os músicos apresentam arranjos originais escritos
por Tiago Costa, Ivan Vilela, Albano Sales e Ricardo Matsuda para obras de compositores
brasileiros consagrados, como Dorival Caymmi, Tom Jobim, Milton Nascimento, Tavinho
Moura, Edu Lobo/Chico Buarque, Baden Powell/Vinícius de Moraes, Hermeto Pascoal e
Guinga; além de um prelúdio de J. S. Bach (Partita no 3) para viola solo, uma peça deanônimo do século XIV (“Stella Splendens in Monte”) e três canções da tradição oral
brasileira (“O cravo e a rosa”, “A lua girou” e “Viva o sol, viva a lua”).
“O programa deste concerto traz ainda arranjos autorais inéditos, sugestivos de
novos rumos do nosso duo, combinando o suingue da música brasileira, a música de
câmara e a produção contemporânea”, aponta Ricardo Matsuda.
Um encontro inesperado
Para entender porque a junção entre viola e cravo é tão inusitada, é preciso primeiro
visitar a história que cada um destes instrumentos carrega.
A viola tem origem portuguesa e chegou ao Brasil pelas mãos de padres jesuítas e
colonos. Acompanhou as rotas do período colonial e assim foi se alastrando por todo o país.
Descendente direta de violas portuguesas (Amarantina, Braguesa, Beiroa, Campaniça), as
violas brasileiras foram aqui se forjando, adquirindo feições próprias em dezenas de
variações de nome, como viola caipira, viola de cocho, viola de dez cordas, e inúmeras
variações de formato, materiais, técnicas de construção, número de cordas e afinações.
As violas brasileiras sustentam presença marcante na cultura popular brasileira junto
a foliões e brincantes, em modas caipiras e repentes nordestinos. Nas últimas décadas,
violas e violeiros vêm conquistando novos públicos e espaços, como as salas de concerto,
as universidades, as sessões de jazz ou de música instrumental, além da própria MPB
clássica.
Símbolo musical do período Barroco (cerca de 1600 e 1750) até o início do séc. XIX,
o cravo é considerado o mais importante e versátil instrumento de teclado e tem como maior
particularidade o fato de que seu som é produzido através de martinetes que pinçam – ou
beliscam – suas cordas.
Depois do instrumento ser considerado obsoleto para nova linguagem musical que
surgia no fim do séc. XIX, muitos cravos tiveram seu mecanismo extirpado para serem
transformados em pianos – mesmo que um seja erroneamente considerado precursor do
outro, como elucida Patricia Gatti: “Ignora-se quanto ao surgimento, somente havendo
documentos com descrições precisas em vários países europeus a partir do final do séc.
XIV. O instrumento mais antigo que sobreviveu até nossos dias data do ano de 1521 (cravo
de Girolamo de Bologna). Certamente o cravo deriva do saltério ou Címbalo, forma
rudimentar de cítara, cujas cordas eram acionadas por meio de um ‘plectro’. O instrumento
teria nascido da ideia de enriquecerem as possibilidades do saltério, equipando-o com uma
palheta para cada corda e acionando o conjunto das cordas por meio de um teclado”.
Na França, o destino de centenas de instrumentos foi mais dramático: da nobreza
que eram, foram confiscados e queimados durante a revolução francesa. Graças a um
grupo de pioneiros no início do séc. XX, cravos antigos foram restaurados e preservados,
observando-se sua qualidade tímbrica. No Brasil atualmente podemos contar com inúmeros
luthiers construtores de cravos com primorosa qualidade sonora.
Sobre o Duo
O Duo Viola & Cravo foi concebido em 2009 por Ricardo Matsuda (violas brasileiras)
e Patricia Gatti (cravo), em uma parceria musical que começou ainda como integrantes do
Grupo Anima, do qual fizeram parte até 2008, e se consolidou com a gravação dos CDs
“Contos Instrumentais” e “O Cravo e a Rosa”. Desde então, a dupla vem realizando uma
série de shows e circulações pelo território nacional, através de prêmios e editais de
fomento à cultura como o ProAC Editais e ProAC ICMS, além de parcerias com instituições
relevantes para a difusão da arte como o Sesc no Estado de São Paulo.
Patricia Gatti é pós-graduada em cravo, com doutorado em música pela Unicamp
(Universidade Estadual de Campinas), e uma das cravistas responsáveis pela inserção e
atualização do cravo na música popular brasileira. Coleciona em sua trajetória inúmeros
prêmios junto ao Grupo Anima, do qual fez parte desde sua fundação até 2008, além de ter
participado de diversas formações camerísticas, orquestras, duos e projetos de circulação
pelo Brasil. Paralelamente integra o Trio SIRUIZ de Rabeca, Cravo e Percussão e atua
como prof.a colaboradora em arte e musicoterapia do Departamento de Saúde Mental da
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
Ricardo Matsuda é violonista, violeiro, contrabaixista, arranjador e compositor. Atua
principalmente nas músicas popular e instrumental brasileiras, tendo participado de
produções com grandes nomes do cenário nacional, de produções de CDs, trilhas sonoras
para teatro, TV e espetáculos musicais. Integrou o Grupo Anima de 2001 a 2008, com o
qual realizou turnês nacionais e internacionais, e tem ainda em seu currículo diversas
colaborações em arranjos para a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Atualmente,
além do Duo Viola & Cravo, atua com o grupo lasmanos, voltado à canção latino americana
e brasileira, e em parceria com a cantora Izabel Padovani.
Serviço
EnLace | Show com Duo Viola & Cravo
Data: 20 de setembro (sábado)
Horário: 15h
Local: Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina/Palacete Palmeira
(Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 260 – Jd. Boa Vista, Pindamonhangaba/SP)
Quanto: Grátis
Duração: 75min
Acessibilidade: programa disponível em Braille