Prefeitura de Diadema compra drone de R$ 365 mil para lançar gás lacrimogêneo contra bailes funk e gera polêmica
A Prefeitura de Diadema, na Região Metropolitana de São Paulo, adquiriu um drone equipado para o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, com o objetivo de atuar na repressão de bailes funk, conhecidos popularmente como “pancadões”.
O equipamento, que custou R$ 365 mil, foi comprado sem licitação, sob a justificativa oficial de que há apenas uma empresa fornecedora desse tipo de tecnologia no Brasil.
Além do drone, foram adquiridos 48 cartuchos de gás lacrimogêneo compatíveis, totalizando o gasto mencionado.
O drone, modelo CD-600, fabricado pela Condor S/A Indústria Química, tem autonomia de voo de aproximadamente 15 a 20 minutos, pode operar em alturas entre 30 e 70 metros e alcançar distâncias de até 5 km.
Ele é capaz de lançar até 24 bombas simultaneamente, incluindo gás lacrimogêneo, spray de pimenta e fumígenos coloridos, podendo ser controlado remotamente com software de precisão, GPS e câmera embarcada para monitoramento em tempo real.
Segundo a Prefeitura, o uso desse equipamento integra o programa “Diadema Segura” e visa ampliar a visão aérea estratégica da Guarda Civil Municipal, facilitando o planejamento e a execução de ações de segurança pública.
O foco principal é a dispersão de aglomerações consideradas irregulares ou de risco, como os pancadões e festas noturnas, que segundo a gestão causando transtornos à população pelo barulho, comércio ilegal e aglomeração de pessoas.
A compra direta, sem processo licitatório, suscitou críticas da oposição local e de movimentos sociais, que questionam a ausência de concorrência e alertam para o risco de uso discriminatório contra comunidades periféricas e negras, onde os bailes funk são manifestações culturais tradicionais.
Também há preocupação sobre a segurança e ética do uso de gás lacrimogêneo em locais com grande concentração de pessoas, dada a potencial agressão física e os impactos à saúde.
Apesar das críticas, a administração justifica que o uso do drone com armas não letais é previsto apenas para casos extremos de resistência e risco coletivo, buscando preservar políticas de direitos humanos na aplicação da força pela Guarda Civil Municipal
