A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) relatou que seu visto diplomático para os Estados Unidos foi emitido com o gênero masculino, apesar de seus documentos brasileiros registrarem sua identidade de gênero como feminina. O caso ocorreu durante o processo para obtenção de visto visando sua participação na Brazil Conference, realizada na Universidade de Harvard e no MIT.
Em resposta, a embaixada dos EUA em Brasília afirmou que, conforme a Ordem Executiva 14168, assinada pelo então presidente Donald Trump, o governo americano reconhece apenas dois sexos — masculino e feminino — considerados imutáveis desde o nascimento. Essa política estabelece que departamentos federais dos EUA devem adotar uma definição binária e fixa de sexo biológico em seus documentos oficiais, como passaportes e vistos, proibindo o reconhecimento da autodeclaração de gênero .
Hilton criticou a postura do governo norte-americano, afirmando que o país “usa narrativas conforme o presidente da vez”, em referência às políticas adotadas durante o mandato de Trump. A deputada também declarou que pretende acionar formalmente os Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), por considerar o episódio um ato de transfobia e um desrespeito aos registros civis brasileiros .
O caso gerou debate sobre o reconhecimento de identidades de gênero por parte de governos estrangeiros e os desafios enfrentados por pessoas trans em processos burocráticos internacionais.