A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios), estatal vinculada ao governo federal, suspendeu o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações financeiras com fornecedores, tributos e benefícios. A decisão foi tomada para preservar o caixa da empresa, que enfrenta sucessivos prejuízos operacionais — já são 11 trimestres seguidos no vermelho.
A medida inclui a interrupção de repasses essenciais como vale-refeição, planos de saúde e repasses ao INSS. Segundo documentos internos obtidos por veículos da imprensa, a estatal prevê manter a suspensão até que haja novo equilíbrio nas contas.
Visão gráfica: para onde iria o dinheiro suspenso?
Abaixo, os principais pagamentos suspensos e seus valores estimados:
💼 Destino do Pagamento | 💸 Valor Estimado (em R$ milhões) |
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INSS Patronal | 741 mi |
Fornecedores | 652 mi |
Postal Saúde | 363 mi |
Remessa Conforme | 271 mi |
Vale-alimentação/refeição | 238 mi |
PIS/Cofins | 208 mi |
Fundo Postalis (previdência) | 138 mi |
Franqueadas dos Correios | 135 mi |
Total Suspenso | R$ 2,75 bilhões |
Impactos imediatos
- A dívida com a Receita Federal já ultrapassa R$ 1,3 bilhão, impedindo os Correios de obter certidões negativas, prejudicando inclusive contratos com entes públicos.
- Transportadoras e fornecedores entraram com ações judiciais para cobrar R$ 104 milhões em serviços prestados e não pagos.
- A empresa recorreu a empréstimos de R$ 550 milhões junto ao sistema financeiro em 2024 para manter suas operações básicas.
O que dizem os Correios?
A direção da empresa justificou a suspensão como uma “medida emergencial” para conter a deterioração financeira e ganhar tempo para reestruturar a operação. Afirmam que nenhum serviço postal será interrompido, mas admitem “momento crítico”.
Em paralelo, os Correios aguardam liberação de R$ 4,3 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento (o “banco dos BRICS”), que será destinado à renovação da frota e não poderá ser usado para cobrir as obrigações suspensas.
A suspensão de pagamentos sinaliza um momento alarmante para uma das maiores estatais do país. Com dificuldades históricas de modernização e queda na demanda de serviços postais, os Correios correm risco de insolvência, pressionando o governo por uma resposta estruturante.