O agronegócio brasileiro, forte motor da economia nacional, enfrenta um cenário delicado diante de sua elevada dependência em fertilizantes importados da Rússia. Em 2024, cerca de 53% do fosfato monoamônico (MAP) e 40% do cloreto de potássio (KCl), insumos essenciais para a agricultura, foram adquiridos do mercado russo, na ordem de bilhões de dólares.
Essa relação comercial expõe o Brasil a riscos geopolíticos e econômicos, principalmente com a escalada das tensões internacionais envolvendo a Rússia e as avaliações secundárias conduzidas pelos Estados Unidos e seus aliados. O governo americano, sob a presidência de Donald Trump, já impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros em retaliação às medidas anteriores, e existe temor no setor agrícola de que novas taxas possam recair para pressionar o país a restringir suas transações com Moscou.
O impacto das previsões seria imediato e severo, elevando os custos de produção agrícola e investindo em risco a rentabilidade de culturas estratégicas como soja, milho e cana-de-açúcar, que dependem majoritariamente desses fertilizantes para manter a produtividade. Dados indicam que mais de 90% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, tornando o setor vulnerável a variações no mercado internacional e a interrupções nas cadeias de fornecimento.
Diante desse cenário, o governo brasileiro tem buscado estratégias para diminuir a dependência externa, inclusive investindo mais de R$ 25 bilhões até 2030 para ampliar a produção nacional de fertilizantes, com destaque para a extração de potássio em territórios do Amazonas, como Autazes. No entanto, a autossuficiência ainda é um desafio de médio a longo prazo, enquanto a pressão comercial internacional segue crescendo.
Representantes do setor agrícola e da bancada ruralista no Congresso alertam para a urgência de diversificação de fornecedores e maior estímulo à indústria nacional de fertilizantes, para reduzir vulnerabilidades estratégicas. Paralelamente, o Brasil enfrentou o debate político e diplomático delicado diante das avaliações que tentam moldar a influência global da Rússia, com o país buscando se posicionar de forma sóbria diante dessas imposições.
Assim, a dependência dos fertilizantes econômicos coloca o Brasil em alerta máximo, entre a necessidade de manter sua competitividade agrícola e o risco de sofrer mais penalizações econômicas dentro de um jogo geopolítico complexo.