Milton Cavalo, Sindnapi, Blindagem da família Lula no STF – HC protege chefe do sindicato do irmão do presidente Lula e o esquema bilionário investigado na CPMI do INSS
O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho — conhecido como Milton Cavalo — está sob intensa investigação por supostas fraudes e desvio de recursos públicos envolvendo aposentadorias e pensões do INSS. Ele foi convocado para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, mas um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, o autorizou a permanecer em silêncio durante o depoimento, apesar das suspeitas contra ele.
O papel de Milton Cavalo na CPMI do INSS
Milton Cavalo é alvo da nova fase da “Operação Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU), que investiga um esquema bilionário de descontos ilegais em benefícios previdenciários, movimentando mais de R$ 1,2 bilhão desde 2019. A CPMI do INSS busca entender como um sindicato ligado à estrutura da Força Sindical teria atuado para fraudar descontos em aposentadorias e pensões, cobranças supostamente feitas sem autorização dos segurados.
Durante seu depoimento na CPMI, que ocorreu em 8 de outubro de 2025, Milton Cavalo exerceu o direito de ficar em silêncio garantido pelo habeas corpus do STF, uma decisão que causou revolta na oposição e no presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
Para Viana, a medida representa uma proteção judicial exagerada a alguém diretamente envolvido em um esquema que lesa os cofres públicos e prejudica aposentados que dependem do INSS.
Valores e fraudes envolvendo o Sindnapi
O Sindnapi, sob a presidência de Milton Cavalo, movimentou aproximadamente R$ 1,2 bilhão em recursos financeiros desde 2019, incluindo cerca de R$ 6,5 milhões em dinheiro vivo.
Segundo relatórios apresentados à CPMI, o sindicato recebeu mais de R$ 500 milhões somente entre 2020 e 2025 por meio de descontos compulsórios em benefícios previdenciários, um volume considerado extremamente elevado.
Os dados evidenciam um crescimento exponencial nas arrecadações feitas pelo Sindnapi via descontos associativos, que saltaram de R$ 22,2 milhões em 2020 para mais de R$ 104 milhões em 2024.
Muitos desses descontos ocorreram sem autorização expressa dos aposentados e pensionistas, provocando milhares de denúncias — mais de 247 mil beneficiários afirmam nunca ter autorizado tais cobranças.
Além disso, há indícios de forte envolvimento familiar, já que Frei Chico, irmão do presidente Lula, é vice-presidente do Sindnapi. A suspeita da CPMI é que existam pagamentos e desvio de valores envolvendo o próprio núcleo familiar dos dirigentes da entidade.
Investigação e repercussão política
A operação da PF e da CGU cumpriu 66 mandados de busca e apreensão em diversos estados e no Distrito Federal, focando especialmente em documentos, contas bancárias e possíveis repasses suspeitos.
O objetivo é desarticular a chamada “organização criminosa” que teria se instalado para fraudar descontos irregulares em benefícios do INSS, prejudicando diretamente milhares de aposentados e pensionistas.
A decisão do STF que concedeu o habeas corpus a Milton Cavalo e assegurou seu direito de ficar em silêncio gerou críticas políticas intensas, especialmente porque o contexto envolve um sindicato ligado à família do presidente Lula.
O senador Carlos Viana se posicionou contra a blindagem judicial, afirmou que a CPMI colocará outros requerimentos para apurar o envolvimento do vice-presidente do Sindnapi, Frei Chico, e prometeu seguir com investigações rigorosas.
O caso do presidente do Sindnapi Milton Cavalo na CPMI do INSS expõe um esquema bilionário de fraudes que afeta diretamente a população aposentada, com desdobramentos políticos e judiciais que colocam em xeque a integridade de órgãos públicos e a atuação do STF.
A polêmica do habeas corpus protege um investigado que optou pelo silêncio, enquanto as investigações buscam respostas e mecanismos para impedir que esses desvios continuem prejudicando a previdência social brasileira.