A morte do protetor de animais Guilherme Mota, em Teresópolis (RJ), reacendeu o alerta sobre o adoecimento físico e emocional que atinge ativistas que atuam sem apoio adequado do poder público. Considerado por muitos como um defensor incansável dos animais abandonados, Guilherme enfrentava dificuldades crescentes nos últimos anos — dificuldades que, segundo pessoas próximas, culminaram em um quadro de profundo esgotamento.
Relatos apontam que Mota havia perdido sua conta no Instagram, principal meio pelo qual arrecadava doações para manter os cuidados com dezenas de animais resgatados. Sem a plataforma, viu sua fonte de ajuda secar de forma abrupta. “Ele entrou em desespero. Estava doente mental e fisicamente”, contou uma das voluntárias que acompanhavam seu trabalho. A sobrecarga e a falta de recursos agravaram a situação, e Guilherme acabou falecendo recentemente.
Sua morte é vista por ativistas como “uma tragédia anunciada”, resultado de um cenário recorrente no país: o abandono histórico das políticas públicas de proteção animal. “O Estado é responsável pelos animais, mas nada fez e nada faz”, lamenta uma protetora que esteve no local após o ocorrido.
Animais abandonados e em situação crítica
Com a morte de Guilherme, dezenas de animais ficaram sem cuidados básicos. Eles foram encontrados debilitados, muitos doentes ou feridos, e em um ambiente considerado insustentável para sua sobrevivência. “Eles estão lá, implorando por ajuda”, afirmou uma das voluntárias presentes no resgate.
Na última semana, uma equipe formada por protetores independentes — entre eles a ativista que divulgou o caso e o voluntário Flávio Ganem — foi até Teresópolis para iniciar o processo de socorro. A situação, segundo eles, é caótica. “Nem consigo saber quantos animais há ali. Não há como deixá-los naquele estado”, relatou a voluntária.
Ações emergenciais e apelo por união
Diante da gravidade, um grupo de protetores está organizando o resgate gradativo dos animais. Os mais debilitados e feridos já devem ser trazidos imediatamente para São Paulo para receber atendimento veterinário. No entanto, a operação esbarra em dificuldades logísticas e financeiras. “Não tenho recursos, espaço nem condições de pegar todos. Mas acredito que, com a união de todos, podemos fazer muito”, afirmou uma das responsáveis pelo resgate.
A mobilização busca conscientizar a população sobre a realidade enfrentada pelos protetores de animais — muitos atuando de forma voluntária, sem suporte institucional, assumindo sozinhos uma responsabilidade que deveria ser compartilhada pelo poder público.
O problema que se repete
Casos como o de Guilherme Mota não são isolados. Diversos protetores no Brasil relatam adoecimento emocional, endividamento e sobrecarga extrema ao tentar dar conta de situações que se multiplicam diante da ausência de políticas de castração, fiscalização e acolhimento de animais abandonados.







