Hadadd – “Conquistamos uma universidade pública melhor e mais brasileira”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em um evento ao lado do presidente Lula, durante um aulão preparatório para o Enem em São Bernardo do Campo, que a universidade pública brasileira “mudou de cor” e ficou “mais brasileira, mais autêntica, mais representativa e mais inteligente” graças às políticas implementadas nos governos petistas.

Haddad destacou que a maior transformação da educação superior foi promovida por Lula e que o sistema universitário, antes excludente, foi alterado pela política de cotas, expansão das universidades federais e o Prouni, que beneficiou milhões de estudantes.

Ele enfatizou que a entrada da classe trabalhadora na universidade melhorou a qualidade da escola pública e que hoje o filho do trabalhador tem acesso à universidade pública graças a essas mudanças.

Qualidade do Ensino Superior no Brasil e América Latina

A educação superior pública no Brasil é marcada por uma grande expansão nas últimas décadas, com aumento de vagas e políticas de inclusão social (como cotas).

Entretanto, comparações regionais mostram que o Brasil ainda enfrenta desafios relevantes na qualidade do ensino superior. Um estudo que analisou os sistemas de ensino superior na América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México) aponta que o Brasil tem alta variabilidade na qualidade da educação pública, além de custos elevados para o sistema público. No setor privado, embora haja expansão, persiste pouca ênfase em pesquisa e pós-graduação, e casos de baixa qualidade são comuns.

O acesso continua mais fácil para alunos das classes mais altas, mesmo nas universidades públicas, o que compromete o ideal da inclusão plena.

Essas questões indicam que, embora haja avanços quantitativos, a qualidade e equidade ainda são desafios no sistema brasileiro comparados a outros países regionais.

Um índice relevante, o Índice de Resultados Escolares (IRE), avalia não só a frequência escolar, mas o aprendizado real em língua e matemática.

O Brasil apresenta boa frequência escolar (97% dos adolescentes estão na escola), mas apenas 23% cumprem os critérios completos de aprendizado necessários.

Este indicador reflete mais profundamente a eficácia do sistema educacional em geral, que inclui a base da educação.

A Prioridade no Ensino Superior vs Educação Básica

Críticas apontam que governos progressistas, como os liderados pelo PT, focaram grandes investimentos no ensino superior público (expansão, cotas, bolsas), mas deixaram de priorizar com igual intensidade o fortalecimento da educação básica, fundamental para toda jornada acadêmica do cidadão.

A educação básica brasileira ainda enfrenta graves problemas estruturais, como evasão, baixa qualidade do ensino e falta de aprendizagem adequada, o que compromete o preparo do aluno para níveis mais avançados, inclusive o superior. Investir diretamente no ensino superior pode ser entendido como premiar a conquista de poucos em detrimento do desenvolvimento amplo e homogêneo da base educacional.

Recursos para Educação e Compra de Material Escolar em 2026

Em relação ao orçamento e recursos para educação, estudos indicam que a complementação federal para a educação via Fundeb pode alcançar até R$ 65,3 bilhões em 2026.

Contudo, recentemente, cortes e compressões orçamentárias afetam programas como o Pé-de-Meia, que concede bolsas para estudantes do ensino médio e outros projetos educacionais, com redução de cerca de R$ 4,8 bilhões prevista para 2026, impactando a área.

Sobre a compra de material escolar para 2026, o Ministério da Educação teve inicialmente que adotar compra escalonada de livros didáticos por falta de verba, o que poderia prejudicar alunos do ensino fundamental e médio, com atrasos na entrega de livros e materiais para disciplinas essenciais como Português e Matemática, além da reformulação prevista para o novo ensino médio.

Posteriormente, o MEC assegurou verba para comprar todos os livros didáticos, mas este processo inicial evidencia as restrições orçamentárias enfrentadas e os riscos para a educação básica no próximo ano.

Incongruências e Reflexões

  • A fala do ministro sobre a universidade pública ter se tornado “melhor e mais brasileira” esconde a desigualdade ainda presente no acesso e a variabilidade de qualidade entre instituições públicas e privadas.
  • O nível insuficiente da educação básica, evidenciado pelos baixos índices de aprendizado, prejudica a real eficácia da expansão superior, uma vez que muitas crianças e jovens chegam despreparados ao ensino superior.
  • A escolha política de investir fortemente no ensino superior enquanto a base escolar tem carências estruturais e orçamentárias deixa uma lacuna na continuidade educacional.
  • Os cortes e restrições orçamentárias recentes no governo federal mostram que mesmo os investimentos no ensino básico estão ameaçados, o que agravará a situação no médio prazo.

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