A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil e anunciou que pedirá licença do mandato. A parlamentar, condenada em 18 de maio a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica, afirmou que está na Europa em busca de tratamento médico. A informação foi dada por ela em uma live transmitida nesta terça-feira (3) no canal AuriVerde Brasil, no YouTube.
Condenação e acusações
Zambelli foi condenada por orientar o hacker Walter Delgatti Neto a invadir o sistema do CNJ para inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, responde por porte ilegal de armas e constrangimento ilegal, após um episódio em 2022 em que sacou uma arma e apontou para um homem em São Paulo.
A Primeira Turma do STF considerou a conduta da deputada como um grave descompromisso com o cargo parlamentar, o que levou à condenação de 10 anos de prisão. A defesa da parlamentar nega a existência de provas consistentes e afirma que não há base para a punição.
Pedido de licença e posicionamento
Durante a live, Carla Zambelli explicou que sua saída do país não representa um abandono, mas sim um ato de resistência para continuar sua luta política:
“Não é um abandono do país, não é desistir da minha luta. É resistir. É poder continuar falando o que eu quero falar. É voltar a ser a Carla que eu era antes dessas amarras que essa ditadura nosimpôs.
Ela afirmou que pretende se basear na Europa, onde possui cidadania, e que seguirá o exemplo do deputado Eduardo Bolsonaro, que também pediu licença não remunerada do mandato. O gabinete de Zambelli será ocupado pelo seu suplente durante sua ausência.
Repercussão política
A deputada, que foi uma das principais figuras do bolsonarismo na Câmara dos Deputados, sofreu desgaste político nos últimos anos, inclusive sendo apontada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como responsável pela derrota da chapa nas eleições de 2022, após o episódio em que ameaçou um apoiador de Lula com uma arma.
Apesar das controvérsias, Zambelli ainda conta com o apoio da bancada do PL na Câmara, que deve acolhê-la durante o período de licença.
Carla Zambelli iniciou sua carreira política como ativista em 2011, fundando o movimento Nas Ruas. Eleita deputada federal em 2018, na onda bolsonarista, foi vice-líder do PSL e do governo, além de presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Reeleita em 2022 com quase 1 milhão de votos, seu mandato foi cassado em janeiro de 2025 pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por abuso de poder político e disseminação de notícias falsas.
A situação de Carla Zambelli segue em desenvolvimento, com a expectativa de que a Câmara dos Deputados analise o pedido de licença e a continuidade do processo judicial.