Prisão de Bolsonaro: revolução ou resignação política?

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou Jair Bolsonaro réu por crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público. Caso condenado, as penas podem somar até 40 anos de prisão, além de inelegibilidade permanente e perda de direitos políticos. O processo ainda está na fase de produção de provas e oitiva de testemunhas, com julgamento final previsto para ocorrer ainda em 2025.

prisão imediata, no entanto, só ocorrerá após o trânsito em julgado (quando não houver mais recursos), a menos que haja um pedido de prisão preventiva por obstrução de justiça – hipótese que a Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia após convocações recentes de atos pró-anistia.

E se a prisão acontecer? Três cenários possíveis

1. Radicalização e protestos

Bolsonaro mantém uma base fiel, parte da qual já aderiu a narrativas de “perseguição política”. A deflagração de protestos, como os de 8 de janeiro de 2023, não é descartada, mas analistas apontam que o desgaste do bolsonarismo e a atuação enérgica das forças de segurança reduzem riscos de convulsão social.

2. Judicialização como precedente

A condenação reforçaria a tese de que crimes contra a democracia não ficam impunes, criando um marco legal para futuras ações contra autoridades. Por outro lado, críticos argumentam que a politização do Judiciário pode alimentar discursos de vitimização.

3. “Business as usual” na política

A história brasileira sugere que escândalos não alteram estruturas de poder de forma permanente. A menos que haja mobilização popular massiva, é possível que o sistema político absorva o impacto sem grandes reformas – como ocorreu após casos como o Mensalão e a Lava Jato.

A pergunta central: revolução ou resignação?

prisão de um ex-presidente é um evento simbólico sem precedentes recentes. Porém, a fragmentação partidária e a agenda econômica dominante indicam que mudanças profundas dependeriam menos de um julgamento e mais de pressão social organizada. Enquanto isso, a descrença nas instituições – alimentada por ambos os lados do espectro político – segue como combustível para crises cíclicas.

O que os juristas destacam

  • Efeitos práticos da condenação: Além da prisão, Bolsonaro perderia direitos como posse de armas e acesso a cargos públicos.
  • Projeto de anistia: A proposta em tramitação no Congresso, defendida pelo ex-presidente, busca perdoar condenados do 8 de janeiro, mas enfrenta resistência no STF.
  • Timing eleitoral: Com inelegibilidade até 2030, o bolsonarismo já busca novas lideranças, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ).

Conclusão: entre o simbolismo e o pragmatismo

A eventual prisão de Bolsonaro não será um ponto final, mas um capítulo na tensão entre Justiça e política. Seu legado dependerá menos do tribunal e mais da capacidade da sociedade de exigir accountability – ou de normalizar a exceção.

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