O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma auditoria para investigar supostas irregularidades na gestão da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, após um déficit de R$ 14 bilhões entre janeiro e novembro de 2024. O caso ganhou contornos políticos, com críticas de setores da direita que apontam “danos ao erário” e “atos de gestão no mínimo suspeitos”, conforme destacou o relator do processo, ministro Walton Alencar Rodrigues.
As acusações sob a lupa do TCU
A investigação, aprovada em abril de 2025, foca em três eixos:
- Investimentos questionáveis – Aquisição de ações da Vibra Energia (ex-BR Distribuidora) em momento de alta, contrariando lógica de mercado1.
- Conflitos de interesse – Manutenção de participação acionária na Vale para garantir ao presidente João Fukunaga assento no conselho e remuneração anual superior a R$ 2 milhões.
- Viagens suspeitas – Deslocamentos do presidente do fundo “em íntima confraternização com notórios negociantes do mercado”.
Os planos administrados pela Previ acumularam resultados negativos consecutivos:
- 2023: Déficit de R$ 17 bilhões.
- 2024: Perda de R$ 14 bilhões em 11 meses, consumindo parte do superávit acumulado no ano anterior.
A Previ rebateu as críticas, afirmando que os planos mantêm equilíbrio técnico, com superávit de R$ 528 milhões no Plano 1 até novembro de 2024. A entidade atribuiu o desempenho à volatilidade do mercado, especialmente na Vale, que representa 42,44% da renda variável do portfólio.
A auditoria gerou controvérsia sobre a competência do TCU para fiscalizar entidades privadas. Especialistas e sindicatos, como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, classificaram a ação como “desvio de finalidade”, já que a fiscalização caberia à Previc6. Entretanto, o TCU justificou a intervenção pelo tamanho do fundo – o maior da América Latina – e pelo risco sistêmico4.
Manifestações de beneficiários
Aposentados como Edvaldo Sebastião de Souza, de 65 anos, expressaram temor: “Pode ser evidência de más decisões e influência externa na gestão”. A Contraf-CUT emitiu nota destacando estratégias de “imunização de ativos” para reduzir exposição à renda variável.
O relatório final do TCU deve analisar se houve:
▸ Lesão ao patrimônio público por decisões de investimento.
▸ Violação de princípios constitucionais na gestão do fundo.
▸ Nexo entre remunerações milionárias e desempenho financeiro.
A Previ mantém a defesa de que não há risco de equacionamento ou contribuições extras, reforçando cortes recentes em taxas administrativas. O caso segue como teste para o controle de fundos de pensão no país.