O mau exemplo dos agentes políticos.

Notícia publicada em: 4 de fevereiro de 2021

 

 

Dr. Danilo Homem de Melo Gomes da Silva

 

O agente político é aquele que exerce cargo eletivo, eleito por mandatos limitados ao tempo, como, por exemplo, o Chefe do Poder Executivo, os Parlamentares do Congresso Federal, dentre outros.

Nos últimos três meses vivenciamos, infelizmente, três maus exemplos de condutas perpetradas por agentes políticos.

Em dezembro do ano passado o Governador João Dória viajou para Miami, Estados Unidos, após ter decretado no Estado de São Paulo, a fase vermelha (a mais restritiva do Plano São Paulo). O Governador publicou um vídeo em suas redes sociais se desculpando pela viagem.

No dia 30 de janeiro do presente ano o Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, foi até o estádio do Maracanã (Rio de Janeiro), para assistir à final da Copa Libertadores, em um momento que a cidade de São Paulo vivenciava a fase vermelha aos finais de semana e no período noturno. Por conta disto o Prefeito foi muito criticado nas redes sociais.

Em declarações o Prefeito, dentre outras coisas afirmou, que a internet “pegou pesado” com ele, e que há uma “hipocrisia generalizada em nossa sociedade”, visto que, estariam julgando o mesmo, como se estivesse praticado um ato ilegal. Justificou-se ainda afirmando que após “tantas incertezas sobre a vida” (após o término de suas sessões de radioterapia), ficou grato por ter vivenciado momentos ímpares com seu filho.

Já no dia 01 de fevereiro o Deputado Arthur Lira, eleito na ocasião Presidente da Câmara dos Deputados Federais, promoveu festa com aglomeração, e pessoas sem máscara, em um bairro nobre do Distrito Federal, objetivando comemorar sua eleição.

O termo mau nos remete a ideia daquilo contrário ao que é bom, moralmente reprovável. Já o termo exemplo nos indica aquilo que se consegue imitar, situação da qual é possível extrair um ensinamento.

Então: estas três situações citadas foram um mau exemplo?

Claramente que sim.

No caso do Governador sua ida para a cidade americana deu a impressão, na população de forma geral, que, por ser detentor de fortuna, poderia se dirigir a outra localidade, e desfrutar de um estado social “mais brando” relativo ao combate ao coronavírus.

Na situação do Prefeito da Capital Bandeirante, a impressão que restou é que, haja vista os obstáculos por ele enfrentados, em face de grave doença, poderia ele desfrutar de um momento social agradável com seu filho, junto a um estádio de futebol.

E, na festa promovida pelo atual Presidente da Câmara dos Deputados, a impressão que fica é: restrição social aos outros, a eles não.

Independente de eventuais justificativas e argumentos apresentados pelos mandatários, nestas três situações, temos que o agente político deve sempre ser o primeiro a dar exemplo. Em especial quando há pedidos, inserção de diplomas jurídicos, entre outros, requisitando o distanciamento social, a não aglomeração, etc.

Como justificar a um jovem, por exemplo, que o mesmo não deve promover, nem mesmo participar de festas, quando inúmeros mandatários não concretizam em suas vidas suas recomendações (como o distanciamento social).

Como justificar a penalização da abertura de um comércio (quando a região está na fase vermelha do Plano São Paulo), verificando estas situações?

Ninguém, absolutamente ninguém é obrigado a se candidatar a qualquer cargo eletivo em nosso país, todavia quando um cidadão se candidata e começa a exercer determinado cargo, deve o mesmo sempre ter em mente que ele é um exemplo.

Se o mandatário apela à população para a concretude do distanciamento social, se determina o fechamento do comércio, se aconselha a não haver festas comemorativas, para evitar aglomeração, deve ele ser o primeiro a colocar em prática estas.

Eventualmente se o mandatário não deseja colocar em prática suas recomendações, aconselho o mesmo, deixe a vida pública, vá viver sua vida de forma discreta no âmbito privado.

Dr. Danilo Homem de Melo Gomes da Silva